A Justiça de Apucarana suspendeu a função pública do servidor Luciano Pereira da Silva como chefe da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde. Principal responsável pela campanha de imunização contra a Covid-19 na cidade, ele foi afastado depois da prisão da falsa técnica de enfermagem Silvania Ribeiro, que confessou ter desviado doses enquanto atuava como voluntária na vacinação. Ele é funcionário da prefeitura há mais de 30 anos e atualmente é alvo de uma sindicância aberta para investigar o caso.

Imagem ilustrativa da imagem Justiça aplica sanções a servidor de Apucarana por desvio de doses contra a Covid-19
| Foto: Jorge Hely/FramePhoto/Folhapress

Na mesma decisão, o juiz da 2ª Vara Criminal de Apucarana, Oswaldo Soares Neto, determinou que Pereira não acesse as dependências da secretaria em que trabalhava e não mantenha contato com outras testemunhas. Silvania, que na verdade é cuidadora de idosos, o servidor e mais de 15 pessoas foram denunciadas por peculato (desvio de algo público para proveito próprio) e infração de medida sanitária. A criminosa é a única que está presa preventivamente.

Quando foi detida, Silvania confessou que pegou os imunizantes, todos da AstraZeneca, para aplicar em cinco pessoas de uma mesma família de Mandaguari, no Noroeste do Estado. Ela garantiu ao delegado Marcus Felipe da Rocha Rodrigues, titular da 17ª Subdivisão Policial de Apucarana, que não cobrou nada por isso. Disse que imunizou os conhecidos em um gesto de retribuição por ter sido empregada em uma empresa dos vacinados há alguns anos.

Durante o inquérito policial, Pereira negou que sabia do desvio das vacinas e informou que admitiu Silvania como voluntária porque a carteira de trabalho dela já trazia um registro de técnica de enfermagem. A promotora Fernanda Silvério, que cuida do caso por parte do MP, estranhou a inclusão da mulher na campanha porque a Prefeitura de Apucarana não abriu nenhum chamamento público para este tipo de ajudante.

Apesar das alegações, a Promotoria constatou que Pereira teria concordado com uma aplicação irregular. Um servidor, que também foi denunciado, vacinou seu filho mesmo ele não pertencendo a nenhum grupo prioritário. A situação teria acontecido em uma clínica de idosos da cidade, onde Silvania trabalhava antes de toda a polêmica. Segundo o Ministério Público, a proprietária da entidade sabia da irregularidade.

A FOLHA tentou falar com o advogado Sérgio Barroso, que defende Luciano Pereira, mas ele não atendeu as ligações. A reportagem não conseguiu contato com a defesa da falsa técnica de enfermagem.