A morte do londrinense Alan Souza Silva, de 20 anos, confirmada no boletim desta quinta-feira (4) da Secretaria de Saúde, reforça a mudança de comportamento da Covid-19 nos infectados desde o início da pandemia. Se no ano passado era comum ver idosos contraindo a doença, 2021 tem mostrado que os mais jovens estão ocupando cada vez mais os leitos de UTI dos hospitais.

Imagem ilustrativa da imagem Internação e mortes de jovens por Covid-19 podem ser consequência da nova cepa
| Foto: Sérgio Ranalli/Grupo Folha

Alan, que sonhava em morar no campo, foi a vítima mais nova do coronavírus em Londrina. Ele estava internado no Honpar (Hospital Norte do Paraná), em Arapongas, desde 23 de fevereiro. O rapaz não tinha problemas de saúde e testou positivo no dia 16 do mês passado. A causa dessa alteração no quadro de infecção ainda é um mistério para muitos médicos, mas algumas hipóteses são levantadas, como a nova cepa.

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) confirmou que a variante P1, que surgiu no Amazonas, está em circulação no Paraná. Para o infectologista Philipe Belinati, do Hospital Evangélico, essa pode ser uma das explicações dos mais jovens ficarem em estado grave. "A Covid-19 é uma doença nova. Descobrimos a nova cepa há pouco tempo. Ainda não conseguimos entender a influência dela na sociedade", disse.

Para o profissional, "os estudos de identificação da variante demoram, o que dificulta saber se o que acometeu o paciente foi ela ou a antiga. Acredito que muitos desses jovens vêm utilizando o tratamento precoce, mas os estudos mostram que essa alternativa é ineficaz, fazendo com que os contaminados tenham uma internação tardia, o que pode promover maior gravidade", explicou.

O médico observou que "a aglomeração dos mais novos mantém o vírus circulante e promove a disseminação para outros locais, como o trabalho e o ambiente familiar. Quando maior a circulação, maior o risco de mutação. Precisamos nos cuidar".

É preciso cuidar da mente

Segundo a psicóloga Maria Cristina Costa Consalter, muitas medidas podem ser tomadas para amenizar o efeito na saúde mental da Covid-19. "Podemos aproveitar esse difícil momento e pensar em um projeto de vida para o futuro. Não podemos nos esquecer que tudo isso vai passar. Somos seres movidos pela esperança. Nesse contexto, uma atividade religiosa ajuda bastante", explicou.

Para a profissional, é muito saudável desenvolver novas técnicas em dias turbulentos. "É bom romper antigos bloqueios emocionais, enfrentar medos, repensar a carreira atual e ampliar a rede de relacionamentos. Isso é muito importante, mesmo sendo difícil nesses tempos de pandemia. Ler um livro, praticar uma atividade física, tudo ajuda a aliviar o stress", completou.