Igreja lamenta que sua posição seja confundida com partido político

Depois que fiéis católicos instalaram uma placa na zona sul de Londrina pedindo que "tirem o PT do altar", a Arquidiocese de Londrina se manifestou nesta terça-feira (1º) afirmando que apoia a inserção de fiéis na política e que as ações da igreja são pautadas pelo próprio catecismo da Igreja Católica. Confira a nota na íntegra aqui.

"A Igreja emite um juízo moral, em matéria econômica e social, quando exigem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas. A Igreja se preocupa com aspectos temporais do bem comum em razão de sua ordenação ao Sumo Bem, nosso fim último. Procura inspirar as atitudes justas na relação com os bens terrenos e nas relações socioeconômicas”, diz a nota. O outdoor, que foi colocado nesta segunda-feira (30) por fiéis na rua Adhemar Pereira de Barros, no jardim Bela Suíça, reivindica ainda uma "igreja sem partido". A placa foi instalada pelo movimento #BrasilCatólico e critica posições do arcebispo de Londrina, Dom Geremias Steinmetz.

A reação dos fiéis começou "quando o bispo convocou os católicos a se unirem àquela greve contra a Reforma da Previdência, em uma mobilização que teria [como idealizadores] a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e os próprios manifestantes do PT, e nós, católicos, não aderimos a essa ideia", como contou Flávia Batistella, 47, participante do movimento ouvida pela FOLHA.

A reportagem ainda procurou a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos no Brasil) que afirmou, por telefone, que casos de impeachment de bispos passam pelo Vaticano, e que não há casos de destituição de bispos por divergência política, já que um processo de impeachment pode acontecer por alguma denúncia de corrupção ou outros delitos.

De acordo com o movimento Brasil Católico, iniciado por um grupo de whatsapp, o arcebispo teria dividido a arquidiocese, trazendo para a igreja "princípios petistas". Por outro lado, a Arquidiocese de Londrina afirma que se compromete com a política no que tange a paz, a justiça e a defesa da vida, independentemente de classe cultural, social, econômica e religiosa. A igreja lamentou que "alguns de seus posicionamentos evangélicos, que se traduzem no cumprimento de sua missão pastoral, que é cuidar dos mais fracos, sejam confundidos por algumas pessoas com projetos de partidos políticos".

"É comum que pessoas de diversos partidos e grupos políticos estejam engajadas em pastorais e movimentos dentro da instituição católica e sejam acolhidas pelos pastores responsáveis pela administração da Igreja. Contudo, o testemunho evangélico de muitos padres, religiosos (as) e leigos (as), mostra que a Arquidiocese de Londrina é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade londrinense e região, sem nenhuma exclusividade partidária", ressalta a nota.

(Atualizada às 16h24)