Fiéis católicos e a Associação de Moradores do Centro Histórico de Londrina realizaram na manhã de domingo (18), logo após a missa das 8 horas da Catedral, uma limpeza simbólica do Bosque Marechal Cândido Rondon, na região central. Foi a forma que encontraram para protestar contra a sujeira provocada pelas fezes dos pombos.

Esse espaço de lazer, revitalizado no início de janeiro, já foi palco de inúmeras tentativas para coibir a presença de pombos. Entre as melhorias realizadas no local estão a poda e retirada de árvores exóticas e condenadas, revitalização dos caminhos históricos e implantação de luminárias de led. Mesmo assim, nada parece solucionar o problema.

A irmã Luciana de Almeida também participou do ato na manhã deste domingo:"Nos dias de chuva é insuportável passar por aqui"
A irmã Luciana de Almeida também participou do ato na manhã deste domingo:"Nos dias de chuva é insuportável passar por aqui" | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

O padre José Rafael Solano Duran, cura da Catedral Metropolitana do Sagrado Coração, afirmou que a proposta era fazer a “primeira vassourada”, mas que o grupo foi informado que a prefeitura inicia um processo de limpeza nesta segunda-feira (19).

“Os biólogos dizem que o Bosque não pode ser mais lavado, já que a água vai para as galerias pluviais e acaba nos rios, que recebem todo esse fósforo oriundo das fezes. Por essa razão será varrido com sopradoras. E a iluminação deve ficar acessível durante a noite. Imagine este lugar no verão todo iluminado. Seria lindíssimo. Esperamos que o Bosque se torne um espaço familiar, amigável e social”.

CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA

Na celebração que fez em meio às árvores o padre Rafael Solano pediu que Deus conceda a consciência ecológica a todos. “Como o papa Francisco nos pede na Laudato si”, disse. Laudato Si é uma encíclica na qual o pontífice critica o consumismo e o desenvolvimento irresponsável e faz um apelo à mudança e à unificação global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas.

A publicitária Mônica Zenha foi ao Bosque com uma vassoura. "É uma coisa muito importante para a cidade e é obrigação nossa ajudar de alguma forma. A gente passa e acha a situação degradada. O desejo é mudar essa situação. Se Deus quiser, com a ajuda do Padre, vamos conseguir fazer um trabalho de renovação."

A publicitária Mônica Zenha foi uma das pessoas que foi ao Bosque com uma vassoura
A publicitária Mônica Zenha foi uma das pessoas que foi ao Bosque com uma vassoura | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

INSUPORTÁVEL

A irmã Luciana de Almeida também foi com sua vassoura ao local e apontou que a natureza é algo que Deus criou, mas com a sujeira dos pombos não tem como transitar por ali. “Eu trabalho na Catedral e caminho do Colégio Mãe de Deus para a Catedral, mas nos dias de chuva é insuportável passar por aqui, é muito desagradável. Quando lavam aqui eu até passo, mas nos dias em que essa limpeza não é feita até faz mal para a saúde”, declarou.

A irmã Luciana de Almeida também participou do ato na manhã deste domingo:"Nos dias de chuva é insuportável passar por aqui"
A irmã Luciana de Almeida também participou do ato na manhã deste domingo:"Nos dias de chuva é insuportável passar por aqui" | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

A coordenação entre a Igreja e a associação de moradores deve gerar mais cobranças. A presidente da Associação de Moradores do Centro Histórico de Londrina, Yara Franco Coutinho Hernandez, explicou que todo ato que envolve a comunidade traz algum resultado, seja ele realizado pela comunidade civil ou pela sociedade organizada.

“Precisamos que cada um se envolva conosco, porque nosso objetivo é comum, de transformar este local em algo maravilhoso para usufruir do espaço. Essa questão das pombas é muito séria."

DIFÍCIL SOLUÇÃO

O gerente de Parques e Biodiversidade da Sema (Secretaria Municipal do Ambiente), Jonas Henrique Pugina, ressaltou que o problema é grande e histórico. “Há muito tempo tentamos afugentar as pombas. Quanto à sujidade, o processo de limpeza vem sendo trabalhado pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Eles vão voltar a usar aquela tecnologia que aumenta a degradação do material que fica nos espaços em que as pessoas não podem caminhar, onde tem folhas."

Segundo Pugina, a condução do problema requer zelo para não estender para toda a área central de Londrina. “Estamos recebendo bastante e-mails de queixas sobre o assunto na rua Hugo Cabral, por exemplo. Precisamos conduzir com bastante técnica para não fazer com que elas migrem para outras áreas urbanizadas e com maior densidade de pessoas e sem garantia de que as pombas não cheguem ao Bosque. Isso criaria o pior dos cenários, com pombos no Bosque e nas demais avenidas da cidade.”

Outro local com problemas de pombos é a Praça da Família, no Vale dos Tucanos (zona sul), em que os moradores também relatam esse problema com as aves.

Ele ressaltou que após a revitalização do Bosque, o problema, embora continue sendo incômodo, diminuiu. O gerente da Sema informou que será aplicado um produto em uma ou duas árvores do Bosque para afugentar pombos, em micro escala e de forma criteriosa. Assim será possível verificar a adaptabilidade e para onde os pombos irão. “Não podemos tirar do Bosque e afugentar para outras áreas", reforçou.

Questionado sobre a possibilidade de coletar o material orgânico gerado pelos pombos, ele explicou que a medida pode também remover mudas, sementes e o sub bosque e pode fazer com que nasça mato no local em que deveria haver mata. “Além disso, a dinâmica das pombas é tão rápida que a gente não sabe em quanto tempo recompõe aquela camada de fezes. Se a gente limpar, logo após estará sujo de volta. Estamos querendo fazer estudo para ver qual o volume de fezes que é ejetado em uma noite.”

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