Rolândia - O ex-jogador Vinicius Corsini, 24, foi condenado a 18 anos de reclusão sem direito a recorrer em liberdade pela acusação de homicídio duplamente qualificado por ter utilizado meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima. Ele é réu confesso da morte do ex-vereador e ex-presidente do NAC (Nacional Atlético Clube de Rolândia), José Danilson Oliveira.

Sebastião Alves de Lima, irmão da vítima: "A família ficou desestruturada"
Sebastião Alves de Lima, irmão da vítima: "A família ficou desestruturada" | Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

O julgamento foi presidido pelo juiz criminal de Rolândia, Alberto José Ludovico, que definiu a pena a ser cumprida, mas foi o conselho de sentença do Tribunal do Júri, quem condenou o réu. Como ele era menor de 21 anos no momento do crime e foi réu confesso, foram aplicados os atenuantes da pena e isso abrandou em um sexto a pena total, resultando em 15 anos de reclusão. Ludovico ressaltou que não se aplica a substituição da pena por outras restritivas de direito, porque o crime foi cometido com violência sobre a pessoa.

O Tribunal do Júri começou às 9h e a pena foi promulgada no início da noite. Oliveira foi assassinado em setembro de 2020 com nove golpes de facas, em frente à sede da sua empresa, no centro de Rolândia. Corsini tentou fugir da cena do crime de bicicleta, mas foi preso em flagrante no mesmo dia. Imagens dele foram registradas por câmeras de monitoramento, inclusive comprando a faca utilizada no crime. Ele foi preso preventivamente na Penitênciaria Estadual de Londrina.

Na época, Corsini justificou o crime afirmando que encontrou conversas dele com sua mãe, o que teria interferido em seu desempenho como atleta.

Familiares e amigos da vítima acompanham o julgamento usando camisetas com os dizeres "Danilson será lembrado para sempre" nas costas e a pergunta "Quanto vale a vida?" na parte frontal.

FAMÍLIA DESESTRUTURADA

O irmão e sócio dele, Sebastião Alves de Lima, contou que, no dia do crime, a última mensagem que recebeu foi de Danilson o orientando a fazer teste de Covid-19, já que estava com sintomas gripais. "Ele me mandou uma mensagem no fim do expediente e dois minutos depois ele foi morto", lamentou. Lima disse que não chegou a estabelecer um convívio com Corsini. "Eu só o via quando ele ia receber o salário."

Ainda de acordo com Lima, a mãe de Danilson era vizinha do filho, sofreu depressão profunda com a morte do filho e faleceu poucos meses depois. "Não foi só a morte de meu irmão, mas da minha mãe também. A família ficou toda desestruturada", ressaltou.

Imagem ilustrativa da imagem Ex-jogador é condenado a 18 anos por morte de dirigente de futebol
| Foto: Vítor Ogawa - Grupo Folha

Geisse Molitor, sobrinha da vítima, ressaltou que o crime foi brutal. "Ele não teve chance de se defender. A família do Vinícius consegue visitá-lo na cadeia e a gente não tem oportunidade de visitar o meu tio", declarou.

No sábado, familiares do dirigente realizaram uma passeata pelas ruas de Rolândia.

TRANSBORDOU

O advogado de Corsini, Jean Severo, argumentou que a faca utilizada no crime foi adquirida para ser usada em um churrasco, negando que o crime foi premeditado. Ele afirmou ainda que a mãe de Corsini foi assediada pelo ex-presidente do Nacional e que o jovem acabou "explodindo" ao saber. O advogado usou um copo d'água para demonstrar o que teria ocorrido. Ele encheu o copo até transbordar, afirmando que Corsini teria chegado ao limite após o suposto assédio, que, segundo ele, ocorria diuturnamente. "Isso foi violenta emoção."

ACUSAÇÃO

A promotora de Justiça, Maira Mardegan Galiano Humphreys, ressaltou a importância do cumprimento das normas quando se vive em sociedade. "Quem usa de um instrumento letal ou quer matar ou assume o risco de matar. Se fosse homicídio culposo não estaríamos aqui", destacou. "Os fatos falam por si só", argumentou. Quando ela disse que a vítima estaria falando pela última vez por meio da promotoria, familiares começaram a chorar no plenário.

O assistente de acusação, Pedro Faraco Neto, ressaltou que Corsini morava a 100 metros de um mercado, mas optou por comprar a faca a quilômetros de sua residência, perto da empresa de Danilson, e permaneceu em uma praça esperando por ele. Argumentou que no momento de seu depoimento, logo após o crime, alegou ter sofrido um apagão, mas agora, diante do conselho de sentença, argumentou que Danilson estava armado.

ALEGAÇÃO DO RÉU

Em depoimento durante a sessão do Tribunal do Júri, Corsini afirmou que matou Danilson porque viu uma mensagem maliciosa do dirigente para a sua mãe no telefone celular, no período em que seu pai estava internado com problemas cardíaco. "Desisti do futebol por causa disso. Vi as mensagens no celular de minha mãe. Eu ia fazer uma ligação para meu colega e vi as mensagens. Não lembro certinho o que estava escrito, mas vi que queria encontrar com a minha mãe no motel. Como alguém fala com uma mulher casada que ela é bonita?", destacou. "Sei que é errado tirar a vida de alguém. Queria pedir perdão. Se pudesse voltar no tempo, nem de casa teria saído. Peço uma oportunidade, porque todo mundo erra. Nunca foi minha intenção", declarou.

Ele ressaltou que após ver as mensagens pediu rescisão de seu contrato para equilibrar a sua cabeça. "Todo mundo falava que eu tinha capacidade grande no futebol. Em nenhum momento pedi dinheiro. Peguei R$ 2 mil porque achava que era por causa do futebol", declarou. "Meu intuito era trabalhar 2020 como servente e em 2021 retomar a carreira no futebol."

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