Mais de dois anos se passaram e o caso Matheus Evangelista, estudante morto durante uma abordagem da Guarda Municipal no jardim Porto Seguro, zona norte de Londrina, teve um novo capítulo na manhã desta sexta-feira (30). O juiz da 1ª Vara Criminal, Paulo César Roldão, mandou soltar o ex-guarda municipal Fernando Ferreira das Neves, apontado como o autor do disparo que matou o jovem, que tinha 18 anos na época.

Neves estava detido de forma preventiva em uma penitenciária de Londrina. A decisão atende um pedido da defesa e do promotor Tiago de Oliveira Gerardi. Ao analisar a solicitação de soltura do réu, ele disse que a liberdade do ex-servidor "não se mostra danosa à ordem pública". Com base nesses argumentos, o juiz considerou que, "como bem explanado pelo Ministério Público, verifico que não existem razões para manter o requerente (Fernando Neves) no cárcere".

Por outro lado, Roldão determinou que o acusado coloque uma tornozeleira eletrônica e mantenha distância de pelo menos 500 metros de familiares de Matheus e testemunhas do processo. A Justiça decidiu que Neves vai a júri popular, que só foi marcado para março de 2021. "O julgamento atrasou por conta da pandemia do coronavírus. Insistimos na tese de que o meu cliente não atirou contra a vítima. Temos testemunhas que não foram ouvidas nas audiências e vão depor no Tribunal do Júri que comprovam a inocência dele", disse o advogado do réu, André Luiz Gonçalves Salvador.

Os advogados da família do estudante, Mário Barbosa e Inaiane Gonçalves, adiantaram que vão recorrer. Em nota, informaram que "a defesa do réu não trouxe nenhum elemento novo para sua soltura. A liberdade mostra-se indevida tendo em vista a gravidade do delito. O parecer ministerial e a decisão judicial causou indignação da família que clamam e esperam por justiça".

Conforme a sentença de pronúncia, Fernando Neves será julgado por homicídio qualificado, fraude processual por ter levado o rapaz baleado até o Hospital da Zona Norte (ele morreu depois no HU, para onde foi encaminhado) e falsidade ideológica.

Nesta mesma decisão, a Justiça também havia mandado para júri o ex-GM Michael de Souza Garcia. Porém, a defesa, representada pelo advogado Eduardo Mileo, fez um acordo e conseguiu retirar o nome dele do processo. A medida está prevista no pacote anticrime que entrou em vigor no final de janeiro deste ano.