Em depoimento, mulher esfaqueada em motel nega ter sequestrado professor
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sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Rafael Machado - Grupo Folha
A mulher de 38 anos esfaqueada na madrugada do último domingo (13) pelo professor Indalécio Alexandre Linares dos Santos em um motel na BR-369, saída de Londrina para Ibiporã, foi ouvida na tarde desta quinta-feira pelo delegado José Arnaldo Peron, da 10ª Subdivisão Policial (SDP). Desde a data do crime, que acabou com a morte do companheiro dela, identificado como Rodolfo Delamuta, ela estava internada na Santa Casa para se recuperar dos ferimentos.

No depoimento que a FOLHA teve acesso, a vítima disse que veio com o marido de Santa Mariana, no Norte Pioneiro, há pouco tempo para Londrina. Moradores de rua, eles ficavam entre os Jardins Nossa Senhora da Paz e Quati, nas imediações da Avenida Winston Churchill, zona norte. "Achei um posto ali perto para dormir. Um dia o Rodolfo saiu para pegar crack, já que somos usuários, e voltou com ele (Indalécio). Disseram que ia pagar um motel onde iríamos comer algo e dormir um pouco. Aceitamos e fomos pra lá".
Ela informou que o trio chegou ao estabelecimento perto das 23h do último sábado (12). "Tomamos banho, tivemos relações sexuais e ele (Indalécio) falou que queria descansar até umas cinco horas da manhã. Dormimos também porque estávamos muito cansados. Eu já acordei com as facadas. A cama estava cheia de sangue. Gritei o nome do meu marido. Ele (professor) tentou me dar uma facada e defendi. Foi quando saiu correndo pelo motel. O Rodolfo falou pra mim ainda que achava que iria morrer".
A mulher negou qualquer discussão com Indalécio antes ou quando chegaram no quarto. Ela também garantiu que a faca estava no carro do acusado. "Na hora que o Rodolfo caiu da cama, deitei e lembrei de ligar para a portaria pedindo ajuda. Eles chamaram o resgate e para a polícia. A facada pegou embaixo do meu pulmão. Quero este cara (Indalécio) preso", comentou Ligéia já no final do relato à Polícia Civil.
Outra versão
Em entrevista à FOLHA, a advogada do docente, Irene de Fátima Hummel, defende que ele foi sequestrado e que a faca utilizada no assassinato era do casal. A defesa pediu ao juiz da 1ª Vara Criminal, Paulo César Roldão, a transferência de Indalécio da cadeia para uma clínica psiquiátrica pelo uso de remédios para controlar surtos psicóticos. O Ministério Público concordou com a internação, mas nenhuma decisão foi tomada. O professor está preso preventivamente. Nesta quinta, o promotor Ricardo Domingues denunciou o educador por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.

