Para a aposentada Sônia de Souza Portes, 50, o “presente” de Dia das Mães chegará neste sábado (9) e será trazido pela filha mais velha pela terceira vez. A neta Manuela será recebida por um mundo em um momento "complicado”, mas se depender da avó que também é mãe de outros dois meninos, não faltará amor e carinho para o desenvolvimento de uma nova vida. “Nesse momento bem difícil que eu queria estar lá com ela, mas não vou poder estar, mas estou ansiosa, não vejo a hora de ver aquela carinha dela”, alegrou-se ao lado do filho, Pedro Lucas, 17.

"Não vejo a hora de ver aquela carinha dela”, diz Sônia Portes sobre a neta e ao lado do filho Pedro Lucas
"Não vejo a hora de ver aquela carinha dela”, diz Sônia Portes sobre a neta e ao lado do filho Pedro Lucas | Foto: Gustavo Carneiro

Neste domingo (10) de Dia das Mães, muitas pessoas relataram que devem continuar praticando o isolamento social e, por isso, a data será um pouco mais “solitária” em comparação com os anos anteriores. Telefonemas e chamadas de vídeo são algumas opções para amenizar a saudade entre mães e filhos(as). Porém, enquanto a tecnologia não conseguir “emular” o toque, o perfume inconfundível e o cheiro da comida pronta na mesa, não há como não dizer que o Dia das Mães deste ano será um pouco mais difícil para muitas pessoas, especialmente as mães que têm mais de 80 anos ou alguma comorbidade.

Débora, Ágatha, Gebram e Youssef: plantão afeta Dia das Mães
Débora, Ágatha, Gebram e Youssef: plantão afeta Dia das Mães | Foto: Gustavo Carneiro

Para quem dedica a própria vida a cuidar da saúde dos outros, como o casal de servidores públicos Débora, 38, e Gebram Youssef, 36, a importância de se manter afastado dos pais idosos é ainda maior. Ela, técnica em enfermagem no HU (Hospital Universitário) e ele, socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), estarão de plantão neste domingo, o que faz as comemorações com os filhos, Ágatha, 9, e Youssef Gebram, 13, serem antecipadas para o sábado.

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“Os dois de plantão no Dia das Mães. Vai ser só o horário de jantar, no sábado já começa, ou hoje (sexta). A minha mãe está em casa, esse ano é todo mundo em casa e vamos falar por telefone, vídeo-chamada. A última vez que encontrei com ela faz tempo”, lamentou.

A mesma falta de passar o dia com os avós será sentida pela técnica em enfermagem Bruna Caroline Rosa, 19, que trabalha na Irmandade Santa Casa de Londrina e precisa “acalmar” a mãe ao garantir que está usando todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) ao longo do expediente. “Minha mãe pediu para eu parar de trabalhar”, riu.

“Minha mãe pediu para eu parar de trabalhar”, comentou Bruna Rosa
“Minha mãe pediu para eu parar de trabalhar”, comentou Bruna Rosa | Foto: Gustavo Carneiro

Um Dia das Mães com todos usando máscaras é algo completamente inesperado para a psicóloga Jéssica Sarti, 23, que neste ano irá manter distância e usar álcool em gel antes de encontrar a mãe e o irmão, em Lupionópolis, a cerca de 100 quilômetros de Londrina. Por lá, uma tradicional feijoada será servida para o dia especial, porém nem todos estarão à mesa. “Para a minha avó tem que ser por celular. Eu até queria ir visitá-la, mas por eu estar em uma cidade maior e eles (os avós) serem grupo de risco eu prefiro evitar”, afirmou.

Enquanto comprava uma nova máscara em uma banca no Calçadão, a técnico em saúde bucal da UEL, Vanilda Gomes Pacheco, 48, avaliou que as exigências do momento podem fazer com que muitas mães se sintam desprezadas, o que exige ainda mais carinho e atenção dos filhos por meio de conversas por telefone ou virtuais.

“Eu acho que o amor fica mais forte, porém as mães com essa pandemia estão se sentindo muito desprezadas pelo fato de que não pode ter muito contato. Aquele amor, aquele carinho, a carência que as pessoas têm de se abraçar, não pode. Então tem que pedir para Deus para que o ano que vem a gente possa dar carinho em dobro”, declarou.