O Panorama da Distorção Idade-Série no Brasil, elaborado pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), mostra que estudantes de cor/raça indígena, preta e parda tendem a ser mais prejudicados pela distorção idade-série. Meninos e meninas negros (pretos e pardos) têm taxas de distorção idade-série significativamente maiores do que brancos. E embora as populações indígenas representem apenas 1% das matrículas, são as mais impactadas pelas distorções.

As taxas de atraso escolar entre pretos e pardos somam 52,8% no meio urbano e 64,4% no meio rural. Entre os indígenas, as taxas são de 33,1% na área urbana e 44,7% na rural.

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As diferenças de gênero também afetam significativamente a trajetória escolar de crianças e adolescentes, segundo aponta o Unicef. Nos anos iniciais do ensino fundamental, as taxas de distorção idade-série entre meninos crescem de forma mais acelerada do que entre meninas - 14,7% ante 9%, respectivamente. Nos anos finais do ensino médio, a diferença entre os gêneros sobe para 30,9% entre os meninos e 20,7% entre as meninas. No ensino médio, as taxas aumentam ainda mais: 32,1% entre os alunos do sexo masculino contra 24,6% no sexo feminino.

O estudo avaliou ainda a distorção entre alunos com deficiência e, mais uma vez, as desigualdades aparecem. Apesar do número de estudantes com deficiência ser baixo em relação ao total de matrículas, o atraso escolar entre alunos com deficiência são altos desde os primeiros anos do ensino fundamental. No País, 42% deles estão em distorção idade-série nos anos iniciais do ensino fundamental quando a média nacional é de 12%. O quadro é agravado nos anos finais do ensino fundamental, saltando para 57% ante 26% da média nacional e, no ensino médio, 53% dos alunos com deficiência têm dois ou mais anos de atraso escolar.(S.S.)