Grupo reclama de diversas irregularidades que teriam acontecido e envolvem as eleições
Grupo reclama de diversas irregularidades que teriam acontecido e envolvem as eleições | Foto: Ricardo Chicarelli/Grupo Folha

Um grupo formado por cinco conselheiros tutelares em Londrina com mandato e que não conseguiu se eleger no último pleito estão colocando em xeque a lisura das eleições para o Conselho Tutelar na cidade, que ocorreram no domingo (6). Elencando diversas irregularidades que teria acontecido por parte de candidatos, inclusive eleitos, eles entraram com pedido de impugnação da votação no CMDCA (Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente) e levaram o caso ao MP (Ministério Público).

A denúncia foi protocolada na 10ª Promotoria de Justiça, que infirmou que o promotor Leonardo Nogueira está analisando o caso para deliberar se tomará alguma atitude. Segundo o grupo, entre os desvios apurados pelos conselheiros não reeleitos estão doação de cestas básicas em troca de votos, pagamento indevido de transporte para locais de votação e boca de urna. Foram 73 candidatos.

“Teve uma festa patrocinada por políticos com candidatos em conjunto na véspera da votação”, acusou Regina Iawamoto, que é conselheira há dez anos e ficou como suplente após a eleição de domingo. Outra reclamação é quanto à organização dos locais de voto e capacidade dos mesários. “A lista de locais disponibilizada pelo município não era compatível com o que tínhamos acesso. A pessoa ia votar no lugar divulgado, porém, chegando lá era em outra localidade.”

O grupo ainda denuncia a possibilidade de possíveis fraudes durante apuração dos votos. Onze mil oitocentas e oitenta quatro pessoas votaram, em 73 locais pela cidade. No pleito anterior, em 2015, foram cerca de 17 mil cidadãos. “O boletim que sai da urna foi entregue para os representantes do CMDCA pelo pai de uma candidata. Não sei se isso é legal, se ele tem direito a este boletim e acesso à contagem de votos”, reclamou.

“A câmera que mostrava o local onde estavam fazendo a somatória dos votos era manual e mostrava o que queriam direcionar. Chegou um momento que desligou e quanto voltou a somatória total tinha terminado. Não tivemos acesso à contagem voto a vota como acontece em outras eleições. Ficamos indignados”, sustentou. O grupo promoveu uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (11) para relatar os supostos fatos.

ABUSO ECÔNOMICO

Segundo o conselheiro de primeiro mandato Marcelo Nascimento, que recebeu 145 votos no fim de semana e ficou de fora do conselho para o biênio 2020-2024, há indícios de candidatos que gastaram valores exorbitantes. “Fiquei sabendo de candidato que gastou R$ 20 mil. Eu gastei R$ 300 e foi com panfletos. Isso foi uma eleição para conselheiro tutelar e não vereador. Me senti prejudicado”, criticou ele, que acredita que alguns candidatos foram bancados por políticos. “No dia faltou maior fiscalização por parte do CMDCA.”

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Marcelo Nascimento -

A professora aposentada Célia Martinelli contou que não conseguiu votar em razão da falta de esclarecimento dos mesários. “Votei no Caic da zona sul na eleição anterior e quando fui neste ano meu nome não constava. Liguei para minha candidata, que viu e afirmou que meu local de votação era onde estava sim. Pedi por um fiscal para esclarecer, entretanto, não tinha. Também não existia material para consultar onde poderia ser. Sai do Limoeiro (zona leste) para votar na zona sul e fui embora sem conseguir”, desaprovou.

ANÁLISE

A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Rejane Tavares Aragão, destacou que esta sexta-feira foi o último dia para apresentação de pedido de impugnação contra candidatos. A comissão eleitoral vai verificar as questões expostas pelo grupo de conselheiros, analisando a documentação entregue. “O que temos alegado é que não houve problema no pleito. Tiveram denúncias de candidatos, mas, não da contagem de votos, o que poderia gerar alguma nulidade”, defendeu.