A CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) tem discutido novas diretrizes para as empresas que assumirem a concessão do transporte coletivo de Londrina.
A opção pela não renovação do atual contrato com a TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina) e a Londrisul - empresas que administram o serviço desde 2004 - foi feita pelo Executivo em agosto. A atual concessão vence em janeiro de 2019.

A nova licitação dos transportes públicos terá vigência de 15 anos; segundo a CMTU, um período mais curto inviabilizaria os investimentos a serem feitos pelas empresas
A nova licitação dos transportes públicos terá vigência de 15 anos; segundo a CMTU, um período mais curto inviabilizaria os investimentos a serem feitos pelas empresas | Foto: Marcos Zanutto



Em uma audiência pública realizada na noite de quarta-feira (3), a companhia apresentou uma nova divisão entre as áreas de abrangência das concessionárias. Pela legislação, o serviço opera em dois lotes. Atualmente, a área um, de responsabilidade da TCGL, cobre 83% do território, e a área dois, gerenciada pela Londrisul, 17%. Nas novas diretrizes apresentadas, a dupla divisão seria mantida, mas menos discrepante: 66% para o lote um e 34% para o lote dois.
Outro ponto discutido foi a configuração de uma idade máxima para a frota, com 12 anos para os veículos articulados e dez anos para os outros. Pelo contrato atual, ônibus com mais de 12 anos poderiam circular.

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A nova licitação - assim como o atual contrato - terá vigência de 15 anos, e, conforme explicou o gerente de transportes da CMTU, Wilson de Jesus, a licitação não poderia determinar um período mais curto em razão dos investimentos feitos pelas empresas. "Você não consegue amortizar isso se fizer um contrato de cinco anos porque os vultos dos investimentos são muito altos. Precisa-se que esses custos sejam diluídos e que seja garantida a remuneração da concessionária ao longo desse projeto", afirmou, reiterando que dessa maneira a empresa recuperaria o investimento inicial feito.
Jesus também explicou que os contratos firmados para cidades do porte de Londrina são de 15 anos, e que em cidades maiores como São Paulo, são 25 anos, passíveis de renovação.

DISTRITOS

Segundo o presidente da companhia, Marcelo Cortez, o sistema de divisão percentual atual funciona em cima do crescimento da população londrinense. "A região sul hoje cresce para um lado. A área um engloba essa parte da área dois. Então fizemos (a divisão) em cima do número de usuários", explicou.

O presidente justificou que houve o problema do crescimento populacional no primeiro contrato, mas que a nova licitação busca contemplar essas áreas novas. "Estamos modernizando esse contrato de hoje, já em cima de estatísticas de crescimento que fizemos com esses dois lotes, de acordo com o índice da população que utiliza o transporte coletivo em cada área", pontuou.

De acordo com Cortez, a companhia pensou, para a nova licitação, que os lotes fiquem igualitários em tamanho e financeiramente. "Também em relação à qualidade do serviço, por isso, optamos por dois lotes, aumentando um pouco o lote dois", expôs.

O presidente definiu a atual questão do transporte coletivo nos distritos de Londrina como "tormentosa", ainda que o sistema distrital seja mantido na nova licitação. "Tem alguns distritos que são bem longe do município de Londrina, são praticamente viagens intermunicipais, e há uma reclamação em relação a isso. Mas eles não deixam de ser cidadãos londrinenses que precisam ser absorvidos pelo sistema", garantiu.

Para João Batista da Silva, presidente do Sinttrol (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Londrina), a alteração na porcentagem de divisão de abrangência distrital para dois lotes mais equilibrados fará com que sobre mão de obra em alguma das empresas. "Quero saber como vai ser essa transferência de pessoal, se haverá garantia de absorção desse excedente de mão de obra", apontou.

Questionado se a diminuição da área de abrangência agradaria a TCGL, o diretor da empresa, Paulo Sérgio Bongiovani replicou que "se trata de um número, não dá para responder". Bongiovani julgou desnecessária a nova licitação e disse que o contrato poderia ter sido renovado. "A princípio tenho que mandar 300 funcionários embora, o que significa um custo de R$ 6 milhões", lamentou.

Já Marildo Teixeira Lopes, gerente da Londrisul, negou que a empresa tivesse afirmado que não participaria da nova licitação e retificou que a concessionária tinha interesse na concessão desde que houvesse abrangência de algumas áreas para o lote dois, o que foi contemplado na proposta da CMTU. "Está dentro do pedido que fizemos anteriormente", garantiu. Segundo Lopes, a empresa tem condição de atender os 34% estabelecidos, caso vença a licitação, mesmo com a duplicação de pontos percentuais da área do lote. "Teremos que contratar mais e comprar mais ônibus", disse.

Imagem ilustrativa da imagem CMTU apresenta diretrizes  para nova concessão  do transporte coletivo
| Foto: Folha Arte