São Paulo - Enquanto uma força-tarefa caça os criminosos que agiram em Guarapuava (Centro), no Paraná, entre a noite de domingo (17) e a madrugada desta segunda-feira (18), a filha de um dos policiais feridos ainda tenta se recompor do susto. Um tiro que tinha como direção o peito de seu pai foi, em parte, amortecido por um aparelho celular que estava em bolso no colete à prova de balas que ele utilizava.

As buscas pelo grupo, que teria em torno de 30 integrantes e que tinha intenção de roubar uma empresa de transporte de valores, continuavam nesta terça (19). Ninguém foi preso. Um suspeito chegou a ser detido na tarde de segunda, mas acabou liberado horas depois por falta de provas.

Segundo o Governo do Paraná, cerca de 260 policiais patrulham a cidade, principalmente o distrito de Palmeirinha. A procura pelos bandidos estende-se aos municípios de Turvo e Pitanga.

De forma simultânea à tentativa de ataque à transportadora, os criminosos atacaram um batalhão da Polícia Militar, além de incendiar veículos em acessos para a cidade. O Exército utilizou um veículo blindado para garantir a segurança de instalações militares.

Ao menos três pessoas ficaram feridas, entre elas dois policiais militares e um morador. O trio não corre risco de morte, conforme o governo do estado.

Ainda com a voz trêmula, por vezes seguida de choro, a psicóloga Anne Wendler, 27, afirmou estar sob uma mistura de emoções desde quando ficou sabendo que seu pai, o cabo Osmar Wendler, 52, havia sido baleado. Ele foi um dos policiais atingidos no ataque ao batalhão. "Coração apertado, ansiedade, angústia, mas ao mesmo tempo muita gratidão pelo meu pai estar vivo", disse ela à Folha.

A psicóloga ressaltou a importância do aparelho celular, que estava guardado em um bolso na parte da frente do colete à prova de balas.

"Só o colete não teria salvado [meu pai], porque era bala de fuzil, que atravessa o colete, mas com certeza ajudou", disse ela.

À Folha de S.Paulo, a enfermeira Caroline Wendler, 41, esposa do PM, disse que o projétil ficou bastante danificado e que o tiro que atingiu o cabo deve ter partido provavelmente de um fuzil. Ela relatou que Osmar está bem fisicamente, porém ainda bastante abalado com o que aconteceu.

Anne contou que seu pai trabalha há 24 anos na PM e que está lotado atualmente no Choque, uma unidade especial da corporação. Sobre o ocorrido, ela disse ter ouvido do pai que ele e seus colegas deixavam o quartel após o horário de janta, preparando-se para voltar a fazer ronda pela cidade, quando foram baleados.

"Ele não sabia de nada do que estava acontecendo. Na hora que estava saindo dali do quartel, descendo a rampinha, ele foi surpreendido por seis carros dos bandidos. Ali começaram a atirar neles. Então, foi uma emboscada." Anne relatou não houve tempo para reação, já que o trio não esperava a agressão.

"O colega do meu pai foi baleado na cabeça e o outro, que estava atrás, nas pernas. Meu pai [foi atingido] no peito, mas falou que não conseguia nem olhar para ver se ele estava ferido, só deu uma respirada, viu que estava conseguindo respirar mesmo levando tiro e tomou a iniciativa, o instinto de sair dali", detalhou sobre o momento em que o policial seguiu para o hospital.

A filha disse que o PM está afastado do trabalho e já recebe atendimento psicológico.

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"Meu pai é um herói, porque ali, mesmo ele sentindo a bala, a dor do tiro, ele não pensou muito nele, ele pensou em salvar e ajudar os amigos dele", completou.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública disse que as ações policiais resultaram na apreensão de 12 veículos usados pelos bandidos, além de nove armas e R$ 1.400 em espécie.

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