Um homem foi preso suspeito de participar da operação criminosa que levou pânico aos moradores de Guarapuava (Centro) na madrugada desta segunda-feira (18). O ataque, que visava uma transportadora de valores com sede no município, foi antecipado pelas forças de segurança e a tentativa de assalto foi frustrada. Durante todo o dia, bloqueios nas rodovias do interior do Paraná tentaram deter outros suspeitos.

O preso é morador da cidade e seria um dos responsáveis pela parte logística de fornecimento de armas à quadrilha, estimada em cerca de 30 criminosos. De acordo com a Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública) do Paraná, até as 16h desta segunda, o balanço da situação era de 12 veículos apreendidos – dos quais quatro foram queimados e usados como barreiras pelos criminosos -; além de três armas de calibre .50; um fuzil de calibre 7,62; quatro armas de calibre 5,56; uma espingarda de calibre .12; uma pistola de calibre 9mm; um carregador de fuzil AK-47; 163 munições de calibres 7,62 e 5,56; R$ 1,4 mil em espécie; dois coletes balísticos; quatro capacetes balísticos; kits de primeiros socorros; facas, celulares e mochilas com roupas, remédios e itens de higiene

O caso está sob apuração da PCPR (Polícia Civil do Paraná) e o material coletado será cruzado com impressões digitais nos bancos de dados da própria polícia.

O batalhão da PM em Guarapuava envolveu 60 oficiais na operação e outros 200 policiais atuam na cidade, principalmente na área rural, em busca de outros suspeitos. Três helicópteros do Estado também dão suporte.

"Vamos seguir aqui até que o caso seja solucionado, garantindo tranquilidade à população de Guarapuava”, afirmou o coronel Hudson Leôncio Teixeira, comandante-geral da Polícia Militar do Paraná. “Os indivíduos tentaram acessar os cofres, mas não conseguiram. Eles fizeram disparos contra nossos policiais e, na fuga, abandonaram veículos e armamento”.

MOMENTOS DE TERROR

Os moradores de Guarapuava viveram momentos de terror durante o final da noite de domingo (17) e madrugada desta segunda-feira (18). A quadrilha fechou as entradas e saídas da cidade e colocou um caminhão incendiado na porta do 16º Batalhão da Polícia Militar, com o objetivo de deixar as equipes encurraladas. Entretanto, como a ação foi antecipada, policiais militares permaneceram em patrulhamento nas ruas.

Armamento pesado foi deixado para trás pela quadrilha após a tentativa de roubo
Armamento pesado foi deixado para trás pela quadrilha após a tentativa de roubo | Foto: PMPR/AEN

Moradores também foram feitos reféns. Pelo menos três pessoas teriam ficado feridas, entre elas dois policiais. De acordo com a PM, um deles foi baleado nas pernas e outro, baleado na cabeça, foi levado para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Um morador também foi baleado, mas não corre risco de morte.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) divulgou que o trânsito foi interditado na BR-277 por dois caminhões incendiados. De acordo com a polícia, o bando fugiu em direção ao interior do Paraná. Sete carros blindados usados pelos criminosos foram encontrados abandonados, inclusive, um capotado. Armas também foram apreendidas. Até em cima de uma árvore foi encontrada uma metralhadora.

O Exército foi chamado para ajudar na segurança. Moradores afirmaram que blindados circulavam pelas ruas, mas as Forças Armadas alegam que o blindado somente deu suporte para proteção da unidade da PM.

AÇÃO RÁPIDA

O comandante-geral da Polícia Militar no Paraná, coronel Hudson Leôncio Teixeira, e o secretário de estado da Segurança Pública, coronel Rômulo Marinho Soares, disseram, em entrevista coletiva, que o serviço de inteligência das forças de segurança já havia identificado a possibilidade de que uma quadrilha invadisse Guarapuava e preparou um plano de contingenciamento.

Eles tentaram tranquilizar a população ao mesmo tempo em que circulavam vídeos, nas redes sociais, com imagens da ação dos bandidos e comentários relatando a desvantagem do arsenal da polícia em relação ao dos criminosos. Além de armamento de uso exclusivo das Forças Armadas, capaz de derrubar aviões e helicópteros, o bando estaria munido de explosivos.

Marinho afirmou que não houve falhas na ação da polícia e que a corporação estava preparada para combater esse tipo de crime porque o serviço de inteligência já havia identificado a possibilidade de uma ação como essa em Guarapuava. “A gente sabe que esse pessoal circula, que tem as quadrilhas fortemente armadas. Tanto é verdade [o preparo] que não conseguiram chegar à empresa para pegar o dinheiro. A missão não pegou a gente de surpresa”, declarou o secretário.

“O nosso trabalho de inteligência diz respeito ao fluxo de dinheiro no Estado. A gente não sabia quando [os criminosos] iriam atuar, mas sabia que poderia acontecer. Tão logo começamos a perceber um movimento estranho na cidade [na noite de domingo], vimos que tínhamos que atuar rápido”, explicou o comandante-geral da PM.

Houve perseguição e confronto, no qual os dois policiais militares ficaram feridos. Desde a madrugada da segunda-feira e por toda a semana, as forças de segurança farão o policiamento na zona rural porque a suspeita é de que membros do bando ainda estejam no local, escondidos na mata.

O comandante-geral disse que há indícios de que criminosos foram feridos e a expectativa é capturá-los. O secretário e o comandante-geral da PM disseram que não é possível afirmar que exista ligação entre a quadrilha que invadiu Guarapuava no domingo e outros bandos, chamados de novo cangaço, que no ano passado agiram em Araçatuba (SP) e Criciúma (SC). “A gente vai investigar se tem ligação com criminosos de fora do Estado, mas, a princípio, seriam pessoas de dentro do Paraná”, disse o comandante.

O ministro da Justiça, Anderson Torres, classificou a ação da quadrilha de novo cangaço e cobrou da classe política leis mais duras na punição aos criminosos.

APURAÇÃO

Para auxiliar diretamente na elucidação da ação criminosa em Guarapuava, a PCPR promove investigações de alta complexidade com o cruzamento de informações da inteligência. Equipes de operações especiais cumprem diligências nas ruas com o objetivo de localizar os criminosos, como acessar câmeras de segurança e coletar relatos de moradores.

Além disso, papiloscopistas apuram vestígios de impressões digitais em objetos, veículos e locais de crime. O material coletado será confrontado com impressões digitais nos bancos de dados da PCPR para a identificação dos criminosos.

A Polícia Científica também enviou peritos do Instituto de Criminalística de unidades de Curitiba e Guarapuava para agilizar as perícias e demais exames a partir dos materiais deixados pelos criminosos, como carros, munições, armas, e diversos outros tipos de vestígios dos criminosos. A partir disso, será possível emitir laudos e apontar indícios de autoria.(Com Agências)

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