Imagem ilustrativa da imagem Carreata em Londrina pede o retorno das aulas presenciais
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

Cerca de 400 veículos saíram em carreata na manhã deste domingo (31) pelas ruas de Londrina, a favor do retorno das aulas presenciais. O movimento é liderado pelos grupos "Mães pela Educação" e Mães em Ação", que têm realizado uma série de protestos nos últimos meses.

Muitos veículos traziam mensagens de protesto, bexigas e faixas pretas. A carreata teve início às 10h, percorreu as principais avenidas da região central e terminou em frente à Prefeitura. Além das famílias, muitos motoristas de vans escolares aderiram à manifestação.

"A gente sabe que o momento é crítico, mas também temos que expor nossa realidade. Queremos mostrar que a nossa categoria está passando por necessidades. O veículo escolar é um serviço exclusivo, ou seja, não temos como buscar meios alternativos para trabalhar como, por exemplo, transportar cargas ou demais passageiros. Nós só podemos atuar no transporte de crianças", desabafou Álvaro Antônio Doroso.

Ele trabalha com transporte de escolares há 26 anos e disse que nunca enfrentou um momento tão difícil como esse que se instalou com a pandemia da Covid-19. "Tive que dispensar dois motoristas e três monitoras. Muito provavelmente também irei me desfazer de um veículo. Estamos nos virando com nossas reservas porque estamos há nove meses com faturamento zero", comentou.

Imagem ilustrativa da imagem Carreata em Londrina pede o retorno das aulas presenciais
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

DECRETOS

No dia 16 de janeiro, uma carreata pedindo o retorno das aulas aconteceu em diversas cidades brasileiras. Dessa vez, a iniciativa foi das famílias londrinenses, diante da suspensão da aulas presenciais até o dia 28 de fevereiro, em decreto assinado pelo prefeito Marcelo Belinati.

A medida frustou a expectativa de muitas escolas particulares e grupos de mães, que já se preparavam para a reabertura das escolas no dia 25 de janeiro, cinco dias após o governo estadual ter publicado um decreto permitindo o retorno das aulas presenciais em instituições estaduais públicas e particulares em todo o Paraná.

"Os decretos têm causado um grande transtorno e esse é um dos motivos que nos trouxe aqui hoje. Como que o governador faz um decreto e o prefeito não acata? Temos exemplos de cidades da região que vão retornar as aulas presenciais. O que nós estamos pedindo é que as escolas voltem em um modelo híbrido e que os pais tenham poder de decisão sobre mandar os filhos para as salas de aula ou não", afirma Nábila Raquel Dourado, do Mães em Ação.

O grupo surgiu em novembro de 2020 e é composto, em sua maioria, por mães de filhos que estudam em escolas particulares. Elas alegam que as instituições estão estruturadas para retornar com o cumprimento de todas as medidas de prevenção. "Nós estamos em busca de respostas, de estudos concretos. Queremos saber quais são as condições sanitárias necessárias para termos o retorno das aulas presenciais? Só se fala em critérios epidemiológicos, mas nunca temos nada detalhado sobre isso. Não queremos que ninguém deixe de trabalhar, mas a gente vê o comércio, os bares e restaurantes abertos", ressalta.

A autônoma Luciane Pires tem uma filha de seis anos e cita o quanto a ausência das aulas presenciais têm impactado a família. "As crianças estão tendo um prejuízo enorme no aprendizado, na interação social e muitas estão ficando doentes. Além disso, como trabalho de casa, estou tendo que fazer uma verdadeira 'ginástica' para dar conta dos afazeres, de trabalhar e dar atenção para minha filha. Meu faturamento caiu 70%", conta.

Samara Galete, do "Mães pela Educação", conta que o grupo foi criado há poucos dias para promover a carreata e somar força ao Mães em Ação. "A escola não é essencial só para o meu filho. Ela é essencial para muitas mães que precisam trabalhar, mas que não têm uma rede de apoio, para funcionários que dependem dos empregos nas escolas, para os trabalhadores das vans escolares. Vivemos em uma cidade onde tudo pode funcionar, menos as escolas", afirma.

Imagem ilustrativa da imagem Carreata em Londrina pede o retorno das aulas presenciais
| Foto: Micaela Orikasa/Grupo Folha

AULAS SUSPENSAS

Em transmissão on-line na noite de sábado (30), o prefeito Marcelo Belinati comentou as manifestações sobre o retorno das aulas presenciais. "Faz parte do processo democrático, estão defendendo aquilo que acreditam. É importante eu pedir para que as pessoas se cuidem, mas isso não vai mudar em nada o nosso entendimento e as aulas continuarão sem serem permitidas de forma presencial até o dia 28 de fevereiro", afirmou.

"Quando uma criança está gripada em uma sala de aula, o que acontece com as demais? Elas ficam gripadas? Ficam gripadas. Todo mundo sabe disso. Segundo ponto, periodicidade. Aula é quatro horas por dia em um lugar fechado. Não estarão todos juntos, mas 30% dos 200 mil alunos são 60 mil pessoas na cidade. Mercado é 25 minutos. A igreja é uma hora. O comércio é uma hora. É menos tempo e uma vez por semana, aula não. É todo dia", disse.

Belinati reforçou que são permitidos atendimentos individualizados, atividades extracurriculares, atendimentos para crianças em situação de vulnerabilidade social e para estudantes que apresentam dificuldade de aprendizagem. “Entendo, respeito a dificuldade financeira das escolas, mas não dá para voltar agora. A hora que for possível voltar, as aulas vão voltar. O plano de retorno está pronto. [...] Vamos continuar seguindo a ciência e a medicina”, afirmou. (Colaborou Viviani Costa)

Leia mais: Prefeito de Londrina descarta medidas mais restritivas no combate à Covid-19