Do ponto de vista de um indivíduo, o transporte em carro próprio e viagens de avião é uma  das atividades que mais gera emissões de gases de efeito estufa
Do ponto de vista de um indivíduo, o transporte em carro próprio e viagens de avião é uma das atividades que mais gera emissões de gases de efeito estufa | Foto: iStock

Calcular o quanto pessoas ou empresas emitem de carbono, o principal gás de efeito estufa, nunca ficou tão acessível. Atualmente, diversas organizações dispõem de calculadoras de carbono em seu website, como a SOS Mata Atlântica, por exemplo (acesse o QR Code abaixo para fazer o cálculo).

Utilizando a calculadora de carbono, é possível calcular as suas emissões, ou a sua pegada de carbono, a partir de dados como o seu consumo de energia elétrica, consumo de gás, viagens de avião, uso de transporte público e particular, entre outros.

E as calculadoras vão além de fazer a medição. No site da Biofílica Ambipar Environment, empresa focada na conservação de florestas nativas a partir da comercialização de serviços ambientais, a calculadora voltada para pequenas e médias empresas possibilita, além de mensurar as emissões anuais, neutralizá-las através da compra de créditos de carbono.

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“Do ponto de vista de um indivíduo, algumas das principais atividades que geram emissões de gases de efeito estufa estão relacionadas ao transporte, seja através de viagens de avião, ou uso de veículos próprios utilizando combustíveis fósseis”, explica Plínio Ribeiro, CEO e cofundador da Biofílica.

Pedro Ribeiro: "As pessoas podem tomar iniciativas como a utilização de combustível renovável, como o etanol, além de buscar utilizar o transporte público e bicicletas, quando possível"
Pedro Ribeiro: "As pessoas podem tomar iniciativas como a utilização de combustível renovável, como o etanol, além de buscar utilizar o transporte público e bicicletas, quando possível" | Foto: Daniela Tovianski

Já no contexto global, o consumo de energia é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa causadas por seres humanos, incluindo transporte, eletricidade e outras queimas de combustível fóssil.

“No Brasil a situação é um pouco diferente, pois temos uma matriz energética relativamente limpa, composta em boa parte por fontes renováveis. No país, as principais fontes de emissão são as mudanças de uso da terra, ou seja, o desmatamento”, pontuou.

COTIDIANO

Cada cidadão pode adotar pequenas ações no dia a dia para reduzir a emissão de carbono na atmosfera.

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“As pessoas podem tomar iniciativas como a utilização de combustível renovável, como o etanol, além de buscar utilizar o transporte público e bicicletas, quando possível. Outras medidas possíveis são economizar no consumo de energia elétrica, separar o lixo e destiná-lo à coleta seletiva e até repensar e reduzir hábitos de consumo, pois os produtos que compramos também possuem uma pegada de carbono, gerada em sua fabricação, transporte e descarte”, explica Ribeiro.

Trocar o carro próprio pela bicicleta é uma das formas de contribuir para a conservação do meio ambiente
Trocar o carro próprio pela bicicleta é uma das formas de contribuir para a conservação do meio ambiente | Foto: iStock

Entretanto, mesmo com essas iniciativas, certas emissões são inevitáveis. E essas emissões podem ser compensadas, ou neutralizadas, através da compra de créditos de carbono.

“Os créditos de carbono são originados por projetos que reduzem ou evitam emissões de carbono na atmosfera. Assim, compensar suas emissões é uma maneira de incentivar atividades que evitam ou reduzem emissões.”

ÁRVORES

Plínio Ribeiro explica que o plantio de árvores é uma estratégia para reduzir a concentração de carbono da atmosfera.

“As árvores, durante o seu crescimento, absorvem carbono da atmosfera e o fixam na biomassa da planta. Da mesma maneira, a conservação de florestas também é de extrema importância, pois ao evitar o desmatamento, evita-se que o carbono estocado pelas árvores seja novamente emitido na atmosfera.”

Durante a COP26 deste ano, conferência do clima das Nações Unidas, o governo brasileiro assumiu um novo compromisso de reduzir 50% de suas emissões de gases de efeito estufa até 2030, tendo como linha de base o ano de 2005.

“Porém, faltam detalhes de como essas ações serão colocadas em prática. Em contrapartida, o Brasil teve um aumento nas emissões de gases de efeito estufa em 2020, puxado principalmente pelo aumento do desmatamento, segundo dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), do Observatório do Clima.

Altas emissões de gases de efeito estufa retêm mais calor na Terra, aumentam a temperatura da atmosfera terrestre e dos oceanos e ocasionam o aquecimento global.

“O aquecimento global tem consequências como a elevação do nível do mar e uma frequência maior de eventos climáticos extremos, como inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis”, lista Ribeiro.

Atuais concentrações de GEE são as mais altas já registradas na história, dizem especialistas

Rafael Andreguetto, diretor de Políticas Ambientais da Sedest (Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo), destaca que a emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa) é apontada como uma das principais causas que acarretam as mudanças climáticas ocorridas no último século.

“Desse modo, a emissão de GEE é, sem dúvida, um dos maiores desafios dos dias atuais, com impactos cada vez mais severos e sensíveis para a humanidade. O aumento da temperatura global tem trazido uma série de consequências desastrosas, colocando em risco a sobrevivência da vida na Terra.”

De acordo com o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC de 2018), as atuais concentrações de GEE são as mais altas já registradas na história, e as principais mudanças observadas em decorrência desse processo são o aquecimento da atmosfera e de oceanos, além da redução dos volumes de neve e de gelo nos polos, a elevação do nível dos mares, bem como a formação de ilhas de calor nos centros urbanos.

Imagem ilustrativa da imagem Calcule sua emissão de carbono no meio ambiente e veja como compensar
| Foto: Folha Arte

INVENTÁRIO

O diretor de Políticas Ambientais da Sedest lembra que o Paraná foi um dos primeiros estados no Brasil a realizar um Inventário de GEE. Publicado em 2015, o estudo é uma das principais ferramentas previstas na Lei 17.133/2012, que institui a Política Estadual de Mudança do Clima, regulamentada pelo Decreto 9.085, de 2013.

A quantificação de emissões de GEE realizada se remete ao período entre 2005 e 2012 e levou em consideração os seguintes setores: energia; agricultura, florestas e outros usos da terra; processos industriais e uso de produtos; resíduos e saneamento.

A secretaria, em parceria com o IAT (Instituto Água e Terra) e com o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná), tem trabalhado na atualização do Inventário Paranaense de Emissão de GEE.

De acordo com o Inventário Paranaense de Emissão de GEE, publicado em 2015 e relativo ao período entre 2005 e 2012, todos os setores avaliados apresentaram aumentos nos valores de emissões de gases de efeito estufa.

O setor de resíduos e saneamento, apesar de ser o que apresentou menor participação nas emissões totais no período avaliado (5%), lidera o ranking dos setores no que se refere ao aumento das emissões entre 2005-2012, com 29% de crescimento no período.

“Isso se deve, principalmente, à melhora nos serviços de coleta, tratamento e destinação de resíduos e esgotos sanitários. A partir dessas informações, é possível constatar que a universalização dos serviços de saneamento, com os processos e tecnologias atualmente sendo empregados, proporciona o aumento da emissão de GEE”, explica.

De acordo com o inventário, o Paraná apresentou a maior parte de suas emissões advindas do setor de energia (47%), seguido das emissões do setor agricultura, florestas e outros usos da terra (40%). Processos industriais/uso de produtos e, por fim, resíduos e saneamento tiveram participação de 8% e 5%, respectivamente.

CÁLCULO

Quer calcular suas emissões de carbono na atmosfera?

Acesse a calculadora da SOS Mata Atlântica: https://www.sosma.org.br/calcule-sua-emissao-de-co2/

Ou a da Biofílica (empresas): https://www.biofilica.com.br/calculadora-de-carbono-biofilica/

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