Minutos antes de sair de casa para matar, o jovem Guilherme Taucci Monteiro foi para o Facebook postar suas últimas fotos. Foram aproximadamente 30 imagens em que aparece com máscara de caveira que usou para os ataques. Ele ainda aparece com um revólver e também surgiu em uma foto em que faz um gesto de um tiro em sua própria cabeça. "Este tipo de ato exibicionista é muito comum em fenômenos com atiradores. Este caso em especial tem uma semelhança com o filme "Precisamos Falar Sobre Kevin", em que um jovem entra com arco e flecha e mata colegas na escola", pontuou a psicóloga Lúcia Williams, professora da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e coordenadora do Laboratório de Análise e Prevenção da Violência.

O perfil dos atiradores demonstra que havia indícios que eles precisavam de atenção. Segundo informações da "Veja", Guilherme havia ameaçado colegas há três dias, num shopping. Ele teria avisado para que "ficassem espertos". Há ainda informações de que ele morava com o avô e que sua avó teria morrido há quatro meses. Os pais seriam dependentes químicos. O menino, que tem duas irmãs mais novas, fazia um tratamento para eliminar as espinhas, motivo que o incomodava. "Era um menino bonzinho, não tinha problemas com drogas e nunca me deu trabalho", disse o avô à revista, sem se identificar. Monteiro não tinha histórico de problemas na escola Raul Brasil.

O outro atirador, Luiz Henrique de Castro, morava com a família e trabalhava como auxiliar de jardinagem, em São Paulo, com o pai. Segundo a "Veja", ele saiu para trabalhar nesta terça-feira (13) normalmente, mas no meio do caminho disse que estava se sentindo mal e voltou. Era um garoto tranquilo, gostava de jogar com os amigos. Era corintiano, mas ultimamente dizia que torcia para o Barcelona", afirmou à publicação o tio do rapaz, Américo José Castro. Informações da Polícia de São Paulo dão conta que os dois tinham um pacto de cometer os crimes e depois se matarem. Também foi descoberto que eles pesquisaram na internet sobre ataques a colégios nos EUA.

Normalmente incidentes de atiradores em colégios acontecem de forma isolada, no entanto o caso mais emblemático, em Columbine, no Colorado, EUA, foi praticado por uma dupla como em Suzano. No massacre que está completando 20 anos, ocorreu quando dois jovens invadiram a escola onde estudaram, em 1999, para matar. O resultado foram 13 mortos, 24 feridos e os dois autores se suicidaram. A psicóloga Lúcia Williams comparou o incidente americano ao ocorrido em São Paulo. "Naquele caso um deles tinha um quadro psicopatológico e o outro não. Os adolescentes são influenciados e quando têm alguma fragilidade precisam ser acompanhados para que não se torne algo tão grave", concluiu a especialista.

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