Enquanto vídeos de estacionamentos lotados, filas nos supermercados e prateleiras vazias vêm sendo compartilhados nos grupos de Whatsapp causando medo de desabastecimento nos mercados da região, um decreto do Poder Executivo que será publicado nesta quarta-feira (18) deve trazer, também, pontos sobre consumo de produtos básicos visando garantir o acesso de toda a população. A medida é tomada no momento em que Londrina tem o primeiro caso de covid-19 confirmado pelo Lacen (Laboratório Central do Estado).

Imagem ilustrativa da imagem Associação garante que não há risco de desabastecimento
| Foto: Isaac Fontana/Framephoto/Folhapress

Questionado na noite desta terça sobre o assunto, o secretário municipal de Saúde de Londrina, Felippe Machado adiantou que o município não vai tentar regular a atividade privada, mas o tema será alvo de reuniões com a Apras (Associação Paranaense de Supermercados).

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A associação registrou aumento na procura por diversos produtos como álcool gel, papel higiênico e água sanitária. No entanto, o presidente, Pedro Joanir Zonta, alerta que não há riscos de desabastecimento nos mercados. “Todas as indústrias estão funcionando normalmente e estão com as entregas em dia. Pelo menos por enquanto, não tem previsão da falta de nenhum produto. A gente não sabe até onde isso vai chegar. Mas hoje não há com o que se preocupar”, ressaltou.

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. | Foto: Roberto Custódio

Segundo ele, as lojas, em geral, possuem estoque para até 40 dias. O que pode acontecer são atrasos na reposição dos produtos nas prateleiras, já que as indústrias estão entregando as mercadorias normalmente. “No caso do álcool gel, é um produto que gira pouco no mercado e houve uma corrida, mas o estoque das lojas, em geral, é pequeno. Tem um tempo até abastecer a loja”, explicou.

Conforme apurou a reportagem, Londrina possui 60 supermercados que pertencem a 11 redes, além dos mercados, mercearias e armazéns espalhados pelos bairros da cidade.

A FOLHA visitou na tarde desta terça-feira ao menos cinco supermercados de Londrina para ouvir funcionários e consumidores. Na zona norte, o gerente de uma rede que possui 17 supermercados, sendo nove em Londrina e que não quis se identificar, estimou que o movimento nesta semana cresceu cerca de 30%. “Bem anormal”, definiu na tarde de ontem. Produtos de limpeza e de higiene pessoal, leite e frutas estavam entre os itens mais procurados e nem adiantou pesquisar pelo álcool em gel, em falta já há cerca de três semanas na loja.

Para a dona de casa e moradora da zona norte Rita de Cássia, o receio sobre o desabastecimento nos mercados ou o aumento dos preços é muito pequeno, o que não a fez comprar os itens básicos em maior quantidade. “Normal mesmo, o que vai faltando venho buscar. Venho toda a semana aqui, nada de diferente até agora, só o álcool em gel que não achamos e onde tem parece que subiu um pouquinho o preço”, afirmou.

O comerciário Sérgio Rodrigo estava passando as compras no caixa. Dentre vários produtos, chamou a atenção as cerca de dez embalagens de azeite. “Não é nem estocar é mais uma prevenção. É um dia de compras normal, mas a gente dá uma reforçada nos produtos básicos. A gente que tem famílias, tem filhos não sabe na realidade o que vai acontecer, a mídia está ‘batendo’ muito forte em cima, então, estamos prevenidos”, afirmou.

Também na zona norte, a aposentada Maria Diva dos Santos estava com o carrinho lotado, no entanto, garantiu que não era por conta das notícias sobre a Covid-19. No carrinho de compras, frutas e hortaliças que estavam em promoção e, segundo a moradora, seriam encaminhadas a outros familiares. “Acho que não há essa necessidade, pelo menos em princípio. Está aí o problema, a gente pode até enfrentar uma situação meio complicada, mas não precisa estocar não. Creio que não vai faltar”, afirmou.

Na Ceasa (Central de Abastecimento do Paraná) em Londrina não houve registro de falta de produtos e nem de aumento nos preços, segundo informou o gerente Paulo Cesar Venturin.

Questionado, o diretor do Procon de Londrina, Gustavo Richa, afirmou que o órgão não recebeu denúncias de aumento abusivos nos preços dos produtos e pediu bom senso à população.

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