A apreensão com o coronavírus deve aumentar em Londrina após a confirmação do primeiro caso na cidade, divulgada na noite desta terça. (17). Até o final da tarde, no entanto, comerciantes ainda não haviam sentido o impacto da doença no movimento de clientes em seus estabelecimentos. Ainda assim, como forma de prevenção, mudaram alguns hábitos e rotinas para tentar evitar o contágio entre os funcionários e os frequentadores. Em países onde a doença já se instalou, toque de recolher e quarentena foram providências adotadas com o objetivo de frear a propagação do vírus Covid-19 e embora eficazes do ponto de vista da saúde pública, para a economia a medida reflete fortemente na economia. No Brasil, as orientações sanitárias e os prejuízos econômicos devem se repetir.

Imagem ilustrativa da imagem Comerciantes temem impactos financeiros do coronavírus
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O economista Marcos Rambalducci afirma que comércio e empresas londrinenses deveriam começar a sentir já nesta segunda-feira (16) os efeitos do coronavírus em razão da suspensão das aulas na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e na Unopar. Lanchonetes, restaurantes, transporte coletivo começam a ser impactados pela queda no número de clientes e passageiros. “A demanda por bens e serviços cai de maneira agressiva com o cancelamento de aulas nas universidades. Alunos que vêm de outras cidades e retornam no final de semana também deixam de fazer esse deslocamento. O consumo de alimentos e outros produtos na cidade diminui”, apontou.

O setor de varejo deve ser o mais afetado, prevê o economista. Em um município onde 80% do PIB (Produto Interno Bruto) é movimentado pelo setor de serviços, os efeitos da pandemia na economia local podem ser devastadores. “No momento em que a situação vai se agravando, vai causando desconforto e as pessoas vão se retraindo. Lojas e shoppings vão ter muito pouca gente trafegando e comprando menos. Eventos culturais e esportivos também serão bastante afetados, causando prejuízo na receita de todas as pessoas que trabalham nos clubes, estádios, táxi, uber, transporte coletivo”, destacou Rambalducci. “Tudo isso deve afligir o crescimento da nossa cidade e a criação de empregos.”

Proprietária do Restaurante Italianinho, Marilene Valandro percebeu uma queda na frequência de clientes no domingo, nas na segunda-feira, o movimento foi normal para o dia. “No domingo deu uma caidinha porque são muitos idosos, então diminuiu”, contou. A ameaça do coronavírus é uma preocupação, segundo a proprietária, que teme pelo prejuízo financeiro que pode desequilibrar as contas do estabelecimento. “Se caso tivermos que fechar, não sei como vamos bancar as contas”, comentou.

Sócio-proprietário do bar Barbearia, Edson Natal de Carvalho Junior ainda não parou para contabilizar os prejuízos que poderão acontecer caso tenha que suspender as atividades. O bar funciona de quinta a sábado, das 20 às 6 horas e, até o momento, as portas irão permanecer abertas. “O que nós fizemos foi deixar de marcar eventos. Temos um marcado para esta quinta-feira (19), mas para a semana que vem não vamos marcar mais. A gente também está deixando bastante álcool gel para os funcionários e para os clientes, no balcão e nos banheiros. Temos um movimento grande.”

Investir no sistema de entregas, avalia Rambalducci, é uma forma inteligente de driblar os efeitos do coronavírus no caixa da empresa e manter os fregueses. “Não tem outra forma de impedir a propagação do vírus ou atenuar a curva do pico da pandemia. A gente precisa se retrair. Mas isso traz diminuição da demanda por serviços. Quem for inteligente pode usar de algumas estratégias. Se a pessoa não vai até o restaurante, então o restaurante pode ir até a casa dos clientes. É uma medida que mitiga um pouco os impactos da doença.”

Além de manter a receita, os serviços de entrega ajudam a movimentar a área de logística, ressalta o economista. “Talvez seja por aí. Aproveitar o momento e propor um serviço mais eficiente”, sugere Rambalducci.

Cuidados redobrados

Para tranquilizar e manter a clientela, a proprietária da casa de bolos Reboleira, Natália Fogagnoli publicou nas redes sociais um comunicado informando o público que está atenta às orientações dos órgãos de saúde para evitar a disseminação do coronavírus e que reforçou os cuidados com a higienização do estabelecimento. “Adotamos a prática de manipulação de alimentos, mas reforçamos a limpeza das maçanetas, por exemplo. Antes, eram limpas duas vezes ao dia, agora fazemos a higienização a cada 15 ou 20 minutos”, disse. Recipientes com álcool gel também estão disponíveis aos clientes. “A gente está cauteloso, mas se for necessário fechar por causa da doença, vamos fechar. Mas, por enquanto, está tranquilo.” Caso tenha que suspender o atendimento na loja, disse Fagagnoli, a saída será operar por meio de aplicativos de entrega.

A VCI, incorporadora do Hard Rock Hotel Ilha do Sol, também anunciou a adoção de medidas contra proliferação do coronavírus. A disposição dos ambientes foi readequada para garantir mais espaço entre as mesas e cadeiras. Todas as superfícies são limpas várias vezes ao dia usando produtos desinfetantes adequados. Os ambientes são ventilados e têm troca de ar permanente. A equipe está orientada a manter distância adequada no atendimento e para que evitem contato físico com os demais colaboradores e com os clientes.