Jordi Vilsinski Beffa, apucaranense detido com 6,5 quilos de cocaína escondidos em duas malas no Aeroporto de Suvarnabhumi, em Bangkok, na Tailândia, no dia 15 deste mês, está na Prisão Central de Samut Prakan, que fica no distrito de Klong Dan, a cerca de 35 km do centro da cidade. O advogado dele no Brasil, Petronio Cardoso, ressaltou que ele está em uma área de isolamento para cumprir o protocolo de quarentena contra a Covid-19. “Nessa prisão é possível fazer vídeo chamada por um aplicativo disponibilizado pela direção do presídio, mas ele só estará disponível a partir do dia 7 de março.”

Brasileiros foram detidos no Aeroporto Suvarnabhumi, em Bangkok
Brasileiros foram detidos no Aeroporto Suvarnabhumi, em Bangkok | Foto: iStock

“Até agora o que temos das autoridades tailandesas é a informação de que ele foi detido no aeroporto. Depois da vistoria por raio-X foi detectado alguma coisa estranha na bagagem. Ele teve as malas revistadas e os policiais encontraram 6,5 kg de cocaína. Na verdade, a princípio, nem ele sabia que as drogas estavam na mala dele”, ressaltou o advogado. O único contato feito com a família foi por meio de mensagem encaminhada a amigos.

Cardoso entrou em contato com a embaixada da Tailândia no Brasil, que passou as documentações necessárias para fornecer às autoridades e orientou a necessidade de ter um advogado tailandês. "Vamos demonstrar que ele estava trabalhando, que possui residência fixa e que sua família é normal e trabalhadora. Jordi foi mula nesse caso. Não temos informação de quem entregou a mala a ele. Ele saiu de casa com apenas uma mochila e foi detido no aeroporto com a mochila e duas malas”, ressaltou o advogado.

LEIA TAMBÉM:

+ Brasileiros são presos na Tailândia por suspeita de tráfico

NÃO TEM O PERFIL DE TRAFICANTE

Cardoso ressaltou que Beffa não tem perfil de um traficante. “Acho relevante divulgar que ele não ostenta riqueza, não tem roupa de grife famosa e não tem nem carro. Queremos entender como foi feita a cooptação dele. Essa juventude da internet acabou enganando ele. Fica o alerta para todos os pais.”

Jordy informou aos pais no dia 11 de fevereiro que viajaria para a praia com os amigos, e passaria um tempo em Balneário Camboriú (SC). Foram essas pessoas que foram buscá-lo em sua casa.

Além dele, mais um rapaz de 27 anos, cujo nome não foi divulgado, e uma moça de 21 anos, a mineira Mary Hellen Coelho Silva, foram detidos pelo transporte de cocaína. Os três partiram do Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. O peso total de narcóticos apreendido com o trio foi de 15,5 kg de cocaína.

O entorpecente apreendido se enquadra na categoria 2 da lei antidrogas tailandesa, que inclui também a morfina. Em termos de punição, pesa menos do que substâncias da categoria 1, como heroína, anfetaminas (ecstasy) e metanfetaminas, embora as penalidades ainda sejam altas. Em 2017, as leis relacionadas a drogas na Tailândia foram revisadas. A pena anterior era sentença de prisão perpétua obrigatória e até condenação à morte , mas a nova lei dá aos tribunais uma margem de manobra, estipulando 10 anos de prisão mais pena financeira, dependendo do caso. As pena de morte ainda existe, mas deixou de ser obrigatória.

No caso de Beffa, a importação da droga não pode ser contestada, uma vez que o flagrante ocorreu no aeroporto. No entanto, não houve venda. As penalidades para casos assim dependem também da representação legal, pagamento de multa e admissão de culpa. Acusados ​​que não conseguem obter assistência de suas embaixadas e indigentes são mais atingidos. Normalmente, a pena de morte não é aplicada em casos de drogas em que os acusados ​​(especialmente estrangeiros) se declaram culpados e, em vez disso, recebem uma sentença de prisão perpétua ou, no mínimo, muito longa.

Há poucos casos em que os condenados são beneficiados por decreto real, geralmente no aniversário do rei Maha Vajiralongkorn. Esse decreto, que já foi editado em anos anteriores, reduz a pena e os prisioneiros podem – depois de cumprir metade da pena – até cumprir o restante em seu país de origem, se existir tal acordo entre a Tailândia e o país de origem dos condenados. Esse acordo, porém, não existe entre Brasil e Tailândia.

Receba nossas notícias direto no seu celular. Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.