A Prefeitura de Apucarana começou a distribuir gratuitamente kits de produtos para a higiene íntima, ação que deverá atender cerca de 5 mil mulheres. O lançamento do Programa “De Bem Comigo” aconteceu nesta segunda-feira (24), na Secretaria de Assistência Social. A partir de agora, adolescentes terão acesso mensal a um kit composto por dois pacotes de absorventes (com e sem abas), um sabonete em barra, um sabonete líquido e um desodorante antitranspirante.

O programa conta com um investimento inicial de cerca de R$ 500 mil do caixa próprio do Município.
O programa conta com um investimento inicial de cerca de R$ 500 mil do caixa próprio do Município. | Foto: Divulgação-PMA

O prefeito Junior da Femac, que esteve acompanhado no lançamento pela filha Luisa Martins, de 17 anos, anuncia que o programa atenderá adolescentes em idade menstrual da rede pública de ensino municipal e estadual, Escola da Gestante, mulheres em situação de vulnerabilidade social atendidas pelos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) ou em situação de rua e as detentas do sistema prisional.

O programa denominado “De Bem Comigo” é uma iniciativa da Prefeitura com apoio da Câmara de Vereadores, por meio da Procuradoria da Mulher. “A mulher, junto com as crianças e os idosos, é um balizador das políticas públicas da administração, abrangendo todas as secretarias municipais. Vamos aplicar todos os recursos necessários para o bem-estar, protagonismo e fortalecimento da mulher”, pontua Junior da Femac, acrescentando que no recebimento do primeiro kit a pessoa contemplada pelo programa também receberá uma nécessaire para guardar os itens de higiene.

INVESTIMENTO

O programa, que conta com um investimento inicial de cerca de R$ 500 mil do caixa próprio do Município, foi uma indicação da vereadora e presidente da Procuradoria da Mulher, Jossuela Pirelli. “O projeto foi formatado junto com o Executivo e contou com o apoio dos demais vereadores. Não tem nada mais carinhoso e necessário do que esse programa, pois o período menstrual é algo que mexe muito com a parte emocional das mulheres”, pontua Jossuela.

A secretária municipal de Assistência Social, Ana Paula Nazarko, afirma que o programa contribuirá para elevar a auto-estima, o sentimento de pertencimento da sociedade e a valorização da mulher. “Muito mais do que os itens, é um investimento nas mulheres do presente e do futuro”, assinala Nazarko.

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DIGNIDADE

A secretária da Mulher e Assuntos da Família, Denise Canesin, afirma que o programa também levará mais dignidade às detentas do sistema prisional. “Realizamos um trabalho junto às detentas e, quando vemos que mulheres saem da carceragem e não voltam mais ao âmbito do crime, isso é muito gratificante. É o caso de uma mulher , com quatro filhos, que conseguiu emprego de serviços gerais e que, com o acompanhamento adequado, está conseguindo mudar sua vida’”, exemplifica.

A ideia de criar o programa em Apucarana surgiu a partir de uma reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, que abordou a problemática social. “Assisti o programa e uma informação que me marcou foi a questão da evasão escolar, pois muitas adolescentes tinham vergonha e não iam à escola neste dia”, salienta Nilsa Christ, presidente da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios.

Patrícia Marchi, assistente de chefia do Núcleo Regional de Educação, estima que cerca de mil estudantes deverão ser atendidas nas escolas estaduais. “Hoje as meninas estão iniciando o ciclo menstrual cada vez mais cedo e ainda existe um tabu nas escolas, pois muitos estudantes não sabem como proceder com isso que acontece todo o mês”, observa Marchi.

PESQUISA

No Brasil, uma pesquisa de 2018, produzida por uma das principais marcas de absorventes, mostrou que 22% das meninas de 12 a 14 anos não têm acesso a produtos menstruais. Entre adolescentes de 15 a 17 anos, o número sobe para 26%. Segundo a Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), mulheres que não têm acesso à educação menstrual têm mais chances de viver uma gravidez precoce, sofrer violência doméstica e ter complicações durante a gestação. Além disso, a falta de acesso a absorventes também pode gerar evasão escolar.

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