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Após 39 dias em greve, professores da UEL decidem suspender movimento

A categoria se reuniu nesta quinta-feira (15) e acompanhou a decisão de outras quatro universidades que suspenderam na semana passada

ATUALIZAÇÃO
15 de junho de 2023

Douglas Kuspiosz - Especial para a FOLHA
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Após 39 dias de greve, os professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) votaram para suspender o movimento de greve na instituição, acompanhando o que aconteceu com outras universidades na semana passada. 

A decisão foi tomada em assembleia do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Docentes da UEL) realizada nesta quinta-feira (15) no Anfiteatro Cyro Grossi, o Pinicão, que ficou lotado. A volta às aulas está condicionada à decisão do Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão). 

Os docentes entraram em greve ainda na primeira semana de maio pedindo uma reposição da ordem de 42%, referente ao valor da data-base atrasado desde 2016. As perdas inflacionárias foram a principal bandeira do movimento.

Correndo por fora, a Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público) propôs alterações no PCCS (Plano de Cargos, Carreiras e Salários) dos professores e agentes universitários. O documento saiu recentemente da Seap (Secretaria de Administração e Previdência) e foi para a Casa Civil. Após uma reunião entre o CSD (Comando Sindical Docente) e a Apiesp, foi indicado que a mudança nas carreiras só iria avançar com a suspensão da greve. 

A expectativa é que, caso o plano seja aprovado nos moldes que foi proposto pela associação, o piso salarial dos professores tenha um reposição da ordem de 14,5%.

A mudança no cenário estadual na semana passada, com a suspensão do movimento na UEM (Universidade Estadual de Maringá), Unioeste (Universidade Estadual do Oeste), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) e UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), foi apontada pelo presidente do Sindiprol/Aduel, Cesar Bessa, como determinante para a suspensão também na UEL. 

Bessa lembra que a sinalização do governo do Estado foi feita por meio de  mediadores da Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior), da Casa Civil e do líder do governo na AL (Assembleia Legislativa), Hussein Bakri, e de uma reunião estabelecida com os sete reitores das universidades, em que foi colocada a possibilidade de andamento do PCCS.

“Os quatro sindicatos que retornaram antes, atenderam a indicação do Comando Estadual de Greve. Londrina teve uma postura diferente e apostou pela continuidade da greve, mas não tinha o cenário ainda das demais. Com esse cenário, o contexto muda”, afirmou, pontuando que, com essa decisão, os professores entendem que precisam direcionar as ações para a negociação do plano de carreiras. “Haverá garantia do processo de unidade na luta. E é uma suspensão, apenas, não é fim da campanha. A luta continua.”

MOBILIZAÇÃO

O presidente do sindicato afirmou que, a partir de agora, a categoria deve recolher “as forças junto ao Comando Estadual de Greve”, e que será feito um pedido de reunião com a Casa Civil com todos os comandos locais, buscando estabelecer um processo de negociação para acelerar o trânsito do PCCS. 

A avaliação de Bessa é de houve ganhos com o movimento, sobretudo porque foi o primeiro processo de greve após a pandemia da Covid-19. “Nós conseguimos fazer com que os professores saíssem na inércia e participassem ativamente do movimento de greve por uma reivindicação salarial que está com uma defasagem muito grande, de 42%. Nós vamos intensificar essa luta cada vez mais”, completou. 

COMANDO

Membro do Comando de Greve da UEL, o professor Nilson Magagnin Filho, do Departamento de Estruturas, avalia que a suspensão da greve foi “praticamente levada a cabo por conta da fratura no movimento estadual das universidades”. 

“Inicialmente, percebe-se que a disposição de luta dos professores da UEL era muito grande e continua sendo. No entanto, a divisão que houve no movimento estadual, com a saída da greve de quatro universidades na semana passada, acabou impondo à UEL e às outras duas que ficaram a condição de tentar minimamente manter a unidade”, afirmou o docente, destacando que a paralisação pode ser retomada a qualquer momento caso o governo não abra negociações e não cumpra a promessa de ouvir as reivindicações da categoria.

Magagnin Filho também acredita que quanto antes o governo estadual der uma resposta concreta sobre o PCCS, melhor será para o movimento. “Porque se isso se prolongar e o governo não abrir negociações sobre o plano com os docentes, creio que há forte possibilidade de o movimento retornar, inclusive a greve”, completou. 

UNIVERSIDADES

Os professores da UENP (Universidade Estadual do Norte) realizaram assembleia nesta quinta-feira e também deliberaram pela suspensão da paralisação. A outra instituição em greve era a Unespar (Universidade Estadual do Paraná), cujos docentes também se reuniriam em assembleia nesta quinta. No entanto, até o fechamento desta edição, o resultado não havia sido divulgado. 

A Seti afirmou que o governo do Estado, por meio da Casa Civil e da secretaria, “se comprometeu com os reitores das sete universidades estaduais em retomar os estudos para a implantação de um novo plano de carreira para os servidores das instituições de ensino superior ligadas ao Estado, tão logo as atividades acadêmicas sejam normalizadas”.

CALENDÁRIO

Após a decisão dos professores da UEL (Universidade Estadual de Londrina) de suspender o movimento de greve nesta quinta-feira (15), a administração da instituição afirmou, em nota, que os procedimentos para a retomada das atividades acadêmicas começam na segunda-feira (19), em reunião da Câmara de Graduação.

“Após reunião da Câmara de Graduação, o calendário será analisado e homologado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), em reunião a ser realizada na tarde do dia 19. O objetivo é a retomada das atividades suspensas o mais prontamente possível com a recomposição do calendário acadêmico da graduação do ano letivo de 2022”, acrescenta a nota da reitoria.

O calendário de graduação foi suspenso a partir do dia 22 de maio, após reunião do conselho. Na ocasião, foram aprovadas algumas excepcionalidades apontadas pela Câmara de Graduação, como é o caso das turmas de últimos períodos, em que não houve suspensão das atividades. 

A pró-reitora de Graduação, Ana Márcia Fernandes Tucci de Carvalho, destacou que essa indicação foi para preservar a possibilidade de formatura dos estudantes dos últimos períodos. 

O texto divulgado pela UEL finaliza dizendo que “a universidade reafirma seu compromisso com a qualidade do Ensino, da Pesquisa e da Extensão, bem como com o bem-estar de toda a comunidade acadêmica”.

(Matéria atualizada às 18h15)

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