Uma semana, duas notas de falecimento endereçadas a jornalistas do Norte do Paraná. Depois da precoce partida de Iara Rossini Lessa, aos 56 anos, a semana marcada pela comemoração do 73º aniversário da Folha de Londrina reservou outro indesejável "adeus" para integrantes de uma geração de apaixonados pelo nobre ofício. Em especial, repórteres, editores e demais funcionários que atuavam na "casa", a partir da década de 1970. Aos 71 anos, o jornalista Pedro Wagner morreu na manhã desta quarta-feira (10), em Cambé, depois de 20 dias internado em um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva), lutando contra complicações causadas pela Covid-19.

O segundo perfil da semana contrasta com o primeiro em gênero e tom de voz. Depois da mulher conhecida por disparar críticas de forma ácida, o homem calmo, de poucas palavras e com perfil conciliador. Gaúcho de Santo Cristo, Wagner não dispensava a bebida que é característica de toda a América do Sul, o chimarrão, especialmente ao lado da esposa, Cidinha, quem é facilmente identificada nas fotos que publicava em uma rede social.

Pedro Wagner foi membro do Foto Clube e trabalhou na Folha de Londrina
Pedro Wagner foi membro do Foto Clube e trabalhou na Folha de Londrina | Foto: Flavio Conceição

Colega de turma na faculdade de Jornalismo, o repórter fotográfico Devanir Parra definiu o amigo como um "gentleman". Os dois ingressaram na UEL (Universidade Estadual de Londrina) em 1978. À época, Wagner tinha cerca de 26 anos e já trabalhava como revisor na Folha de Londrina, cargo que alcançara graças à graduação em Letras. Contando com um pouco mais de experiência em comparação com os calouros, era um "conselheiro, um amigo no tempo de faculdade", disse Parra. Ele também revelou que o seu ingresso na Folha de Londrina, que ocorreu alguns anos depois, foi definido por Wagner de uma forma que parece fazer sentido até os dias de hoje. "Lá é uma verdadeira escola de jornalismo", contou.

Em conversa com a FOLHA, Parra não hesitou ao concordar com a reportagem. "Uma baita responsabilidade", em alusão à difícil tarefa de descrever o jornalista, cuja atuação nos bastidores da notícia as novas gerações de repórteres - como o autor desta singela homenagem - só conseguem imaginar. "Mas o ‘tio’ Pedrinho vale cada letra, cada minuto que você se debruçar sobre o papel”, concluiu.

FOTOCLUBISMO

A morte de Pedro Wagner também repercutiu bastante entre amantes do fotoclubismo, atividade que o jornalista dedicou algumas das melhores horas dos seus últimos anos.

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Membro do Foto Clube de Londrina, Flávio Conceição lembrou das inúmeras viagens ao lado do amigo e que tinham como destino municípios que receberam salões de fotografia, alguns com fotos da dupla expostas e de outros membros do grupo. No ano passado, teve uma de suas fotografias - "As Sanfoneiras" - selecionadas na Copa do Mundo de Fotografia.

Imagem ilustrativa da imagem Amante do fotoclubismo, jornalista Pedro Wagner morre aos 71 anos
| Foto: Pedro Wagner

Certa vez, quando seguiam rumo à serra gaúcha, em Caixias do Sul (RS), Wagner chegou a perder o inseparável chapéu por conta do vento, tendo que correr por uma estrada para recuperá-lo. O momento lhe fez abrir um genuíno sorriso. Afinal, como era calvo, o adereço exercia um importante papel na proteção da sua "careca" durante as saídas fotográficas.

"Tinha muita preocupação com a saúde, não saía sem chapéu. Era uma pessoa muito cuidadosa e gostava de viajar para outros países para fotografar ao lado da esposa", lembrou Conceição, que também definiu o amigo como uma pessoa gentil, de sorriso agradável e com enorme talento para a fotografia.

Imagem ilustrativa da imagem Amante do fotoclubismo, jornalista Pedro Wagner morre aos 71 anos

A rápida visita ao perfil do fotógrafo-jornalista e que também foi professor do ensino médio é um convite à observação do que de mais bonito há em Londrina e que lhe passou despercebido. Lá, é possível encontrar a exuberância dos eucaliptos e araucárias da região do Lago Igapó. Conforme lembra Conceição, são paisagens que remontam à sua infância, no interior do Rio Grande do Sul.

Entretanto, as viagens divertidas deixaram de ser realizadas nos últimos meses. Além das restrições impostas pela pandemia da Covid-19, os cuidados com a saúde da sogra exigiram dedicação por parte do casal. "Ultimamente, ele estava gostando de fotografar pássaros", lembrou Conceição.

Pedro Wagner foi foi sepultado no Cemitério Municipal de Cambé, na tarde desta quarta-feira.

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