Imagem ilustrativa da imagem História não é `carta marcada´ no vestibular
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“É uma ciência que depende de pesquisa, análise das fontes, debate acadêmico, publicação e crítica feita pelos pares para ser validada”. Assim definiu o professor Sérgio Cavalheiro, do Colégio Marista de Londrina, ao ser questionado se a pandemia do coronavírus faria parte do conteúdo de história do Vestibular UEL 2022.

A frase acima demonstra que a disciplina de história, diferente de outras, passa por um processo de consolidação diferente. A pandemia já faz parte da nossa história, mas ainda necessita de etapas para se tornar conteúdo a ser cobrado em processos seletivos nesta disciplina. “O que temos com relação à Covid-19 nas provas se inserem nas chamadas atualidades, com foco na sociologia, filosofia e, principalmente, a biologia. Os itens (questões) de História, na essência, dificilmente (o tema) vai cair”. O tema coronavírus já esteve presente na edição 2021, em questões de matemática, biologia, língua portuguesa e também na redação.

Perguntado então sobre os principais assuntos que poderiam aparecer na prova do dia 6 de março, Cavalheiro já adiantou que a UEL gosta de surpreender. “Houve um tempo em que era possível mapear os conteúdos que caíam na prova. Antes do atual modelo, no vestibular em duas fases, caíam de seis a sete questões na prova objetiva, predominando a História Geral, com alguma coisa sobre História do Brasil e até mesmo História do Paraná. E na prova discursiva, dentro da segunda fase, era mais comum História do Brasil”, comentou. “Porém, com a fase única, a possibilidade de termos mais História do Brasil é muito forte”, adiantou. De forma objetiva, temas da antiguidade, como Grécia e Roma antigas, períodos das Idades Média e Moderna, o Iluminismo e as Guerras, são assuntos recorrentes, nas palavras do professor.

RESPONDA ÀS QUESTÕES DO CADERNO 5 DO FOLHA VEST

Além disso, segundo Cavalheiro, a UEL nunca se esquivou de temas polêmicos, usando até mesmo fatos históricos como plano de fundo. O exemplo dado foi a Operação Publicano, deflagrada em março de 2015 pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, e que investiga um esquema de corrupção dentro da Receita Estadual do Paraná. “Publicano era um arrecadador de imposto contratado pelos romanos na antiguidade passíveis, muitas vezes, de corrupção. Então veja, a UEL abordou o tema de Roma Antiga indiretamente trazido em uma questão de fatos recentes, funcionando como uma crítica”, explicou.

OLHAR VOLTADO PARA O CONTEXTO

Entre diversos fatos, dados, datas e nomes, o que está valendo hoje, no ponto de vista do professor de História do Colégio Marista de Londrina, é o saber do contexto e do processo histórico de determinado tema. Para isso, Cavalheiro elenca três eixos para análise: político, social e econômico. “A Revolução Francesa, em 1789, marca a transição da Idade Moderna para a Contemporânea. No entanto, ninguém saiu no outro dia comemorando essa transição. Isso foi definido muito tempo depois, em análises históricas, em que tiveram o entendimento de que naquele contexto, esses eixos estavam passando por importantes mudanças que ajudaram na evolução da sociedade”, afirmou.

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IMPACTO DO FORMATO ÚNICO PARA A DISCIPLINA

A retirada da prova de conhecimentos específicos e suas questões discursivas são uma grande perda para os alunos, no ponto de vista do professor. De acordo com ele, é compreensível a decisão da UEL por enxugar o formato do vestibular, devido ao cenário da pandemia, mas espera que esse tipo de prova volte a fazer parte dos planos da universidade posteriormente. “Com a prova discursiva o aluno pode utilizar de sua leitura e repertório obtidos pelos estudos. É o momento do diálogo, e é importante notar o formato de seu discurso”.

Cavalheiro completa dizendo que a prova discursiva é, em sua opinião, mais fácil que a objetiva. “(A prova objetiva) tem detalhes como um vocábulo que, dependendo da forma com que foi elaborada, pode fazer com que o candidato erre o item. E errar uma questão pesa bastante neste formato”, finalizou.

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