Imagem ilustrativa da imagem Vida de avó
| Foto: Marco Jacobsen

Pronto! Já cheguei lá. Sou avó.

Não imaginava que fosse assim tão gostoso, tão surpreendente, tão gratificante, tão…bom! Quando me falavam, nem prestava atenção, até chegar a minha vez. A expectativa, a chegada, o nascimento do amor. Não é ser mãe duas vezes, não, é diferente, tem o seu lugar.

Simplesmente bom. O colo, o ninar, as mãos,o olhar, o cuidado, o carinho, o mimar… a surpresa, o riso, as descobertas, o medo, às vezes, a preocupação. E o sorriso e a alegria sempre, que voltam a morar conosco, quando nos tornamos avós. Naquele rosto novo, vamos descobrindo traços familiares - lembra o olhar de quem? E os cabelos? É a boca da mãe! As sobrancelhas e o queixo puxou o pai… não! É tudo dele mesmo! Mas, pra nós, não deixa de ser uma vida nova trazendo lembranças, mostrando nossa cara, dando esperança e alegria sem fim.

Então, sendo avós, vamos buscando imagens no passado, modelos, em nossos avós, desejando ser um pouco como eles, amar como eles nos amaram .

Sentimos até o gosto dos seus colos, o cheiro, o toque de suas mãos, as histórias que nos contavam, o jeito que nos olhavam, que falavam conosco e que os tornava tão especiais. A vó Luiza, bondade e paciência em pessoa; o vovô Mário, presença de pai, de respeito, de afeto mútuo; a Vó Ninha,sábia, elegante, escondendo os sofrimentos da vida, tinha algumas preferências, mas não deixava de ser querida e respeitada por todos.

E o vovô Antônio? Ah, esse era um caso à parte. Folgado, tranquilo, bondoso, caboclo, pés descalços, alto, cor morena, nariz grande que deixou como herança pra família toda…Amava cavalos, amava a terra, a natureza, da mesma forma os netos, a quem mimava e fazia rir.

Mais tarde, nossos pais e sogros se tornaram avós . Diferentes mas tão amáveis quanto, possessivos às vezes, indiferentes outras, mas com jeito lindo e amoroso de ser avós, marcando positiva e alegremente a infância de nossos filhos e filhas.

Todas as crianças deveriam, por lei, ter garantido o direito de experimentar o gosto de ter avós para a vida ser completa. Conviver, dar e receber esse amor tão gostoso, tão transformador, tão revitalizante; da mesma forma os nossos pais merecem esse afago, esse carinho, esse presente de nossa parte.

Hoje, vejo minhas amigas, assim como eu, vivendo o tempo de avós, com a mesma esperança, a renovação em suas vidas e, mais uma vez, compartilhamos a alegria de experimentarmos algo em comum: somos avós!


A casa da gente vai mudando, como há muito tempo não se via: brinquedos esparramados, docinhos escondidos , “sopinhas da vovó “, rabiscos nas paredes…

Tudo coisa de vó! Sem estresse, sem muito compromisso, só para viver os dias bons, que, com eles, são todo e qualquer dia e hora. Para os netos e netas, o coração está sempre aberto, a casa e a vida também.

É tempo de gratidão a Deus por nos permitir conviver com essa nova geração, nossos netos, valorizar cada dia dessa fase de nossa existência e ser feliz, feliz e feliz.

Estela Maria Frederico Ferreira é assinante e leitora da FOLHA