A cultura do arroz está valorizada e anima os aproximadamente 300 produtores paranaenses que se dedicam ao cultivo do grão. Segundo dados do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) Paraná, hoje o preço da saca de 60 kg está em R$ 105, 30% maior que no mesmo período do ano passado, quando custava R$ 80.

O engenheiro agrônomo do IDR Paraná, Ricardo Domingues, explica que o baixo estoque do produto e as exportações, desabastecendo o mercado interno, motivaram a alta no preço do arroz. “Existe um reflexo da pandemia pelo fato de as pessoas ficarem mais em casa e consumirem mais”, afirmou.

No entanto, o técnico explica que o preço obtido pelo arroz atualmente nada mais é que uma correção dos valores obtidos pelos produtores anteriormente. “O produto colhido antes não acompanhava os custos com os insumos gastos na lavoura, para aquisição e manutenção de máquinas e equipamentos.”

Imagem ilustrativa da imagem Valorizado, arroz é cultivado por cerca de 300 produtores no PR
| Foto: AEN

Hoje o Paraná cultiva cerca de 21.100 hectares de arroz, área superior a 20 mil campos oficiais de futebol. Desse total, quase 90% (18.500 hectares) são destinados ao cultivo do arroz irrigado. Em 45% da área total de plantio são duas safras por ano, com duração média de 120 dias cada.

A previsão de produção para a safra 2020/2021 é de 148 mil toneladas no Paraná, sendo que o volume total é equivalente à safra anterior. Na última safra, a cultura gerou cerca de R$ 292 milhões em riquezas, o VBP (Valor Bruto da Produção).

REGIÕES

As três maiores regiões produtoras de arroz hoje no Paraná são Paranavaí (68%), Umuarama (11%) e Paranaguá (7%). Juntas, elas concentram 86% da produção no Estado.

Entre os principais desafios dos produtores paranaenses de arroz, o técnico aponta o controle da cigarrinha e a obtenção do Zoneamento Agrícola para a cultura.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos elaborado pelo Ministério da Agricultura. Com ele, cada município consegue identificar a melhor época de plantio da cultura, nos diferentes tipos de solo e ciclos de produção.

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| Foto: AEN

“Tendo o Zoneamento, o produtor estará mais seguro em plantar a cultura e poderá minimizar riscos com algum evento adverso, como o clima e enchentes. Sem contar que o seguro agrícola dentro do Zoneamento tem um preço, fora é mais caro.”

Domingues acrescenta que os produtores necessitam hoje dispor de um maior número de defensivos agrícolas com registro para a cultura no Paraná, além de baixar os custos da produção. “São necessários novos produtos para o controle de pragas, doenças e ervas daninhas para a condução da lavoura”, conclui.

TRADIÇÃO

A família de Fernanda Bassani começou a plantar arroz há mais de 40 anos. Hoje, são 1.490 hectares destinados à cultura em propriedades nos municípios de Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica e Planaltina do Paraná. Ela trabalha junto ao pai, Almir José Bassani, e ao irmão, Ricardo.

A expectativa é produzir quase 15 mil toneladas na próxima safra, com início agora em julho.

“O mercado hoje continua com preço acima da média histórica, porém com quedas significativas em maio e junho e previsão de diminuição de preços no segundo semestre para o produtor, mas não para o consumidor final”, destacou. A saca de 60 kg hoje sai a R$ 100, sendo que no mesmo período do ano passado estava em R$ 80.

Para obter o máximo de desempenho na produção, todo o processo é extremamente criterioso.

“Semente de qualidade e certificada, tratamento de semente, semeadura em período adequado e com a variedade indicada, manejo de irrigação, tratos culturais em quantidade adequada e no momento correto, controle de pragas e doenças”, lista. As pragas mais comuns são a cigarrinha e o arroz daninho ou arroz vermelho.

Outras práticas essenciais adotadas são a colheita com teor de água no grão entre 18% e 22% (para obter qualidade), além da regulagem de maquinários para evitar perdas, cuidado no transporte para evitar escapes em rodovias e estradas rurais e o controle de pragas durante o armazenamento.

“Para todos os processos temos maquinário próprio, inclusive para secagem e armazenamento de grãos. Hoje temos 20 colaboradores, todos registrados”, diz Fernanda.

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. | Foto: Alfribeiro

LUCRO

Com todas essas ações, o arroz tem sido uma atividade lucrativa hoje, com percentual de lucro que gira entre 10% e 15%. Hoje o grão abastece apenas o mercado interno, nos Estados do Paraná e São Paulo, mas a família Bassani já pensa em exportar.

“A produção de arroz no Paraná sempre foi pequena comparada ao mercado consumidor do Estado e nunca obteve grande destaque. Por exemplo, não existe pesquisa nem outros incentivos. A região, porém, consegue obter grande produtividade, com arroz de qualidade e cada vez mais as propriedades estão se profissionalizando. Grande parte dos produtores do Noroeste possui sucessores que, desde cedo, aprenderam a importância de produzir o arroz alimentos essencial na mesa de paranaenses e brasileiros”, conclui.

O Paraná ocupa hoje a 9ª colocação na produção de arroz no Brasil, ficando atrás de Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Maranhão, Santa Catarina, Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul.

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