Última etapa de vacinação contra a aftosa encerra-se no próximo dia 31 de maio
Última etapa de vacinação contra a aftosa encerra-se no próximo dia 31 de maio | Foto: Divulgação

Desde 2008, o Paraná é reconhecido pela OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) como área livre da febre aftosa com vacinação. Agora, contudo, ele caminha para receber um novo status: livre da doença sem a vacinação. Santa Catarina é atualmente o único estado do País com tal reconhecimento, que gera ainda muito impasse entre produtores e algumas sociedades rurais. O Multi Agro deste domingo (26) traz detalhes sobre o assunto.

A última etapa da campanha da vacinação contra a doença teve início no dia 1º de maio e termina no próximo dia 31. Uma novidade deste ano foi a redução na dosagem de 5 ml para 2 ml, além da especificidade do vírus. “Antes eram três sorovares, agora são apenas dois”, explicou o fiscal de defesa agropecuária da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Walter Piola Júnior.

O Estado já vem se preparando há vários anos para obter o novo status. No ano passado o Paraná recebeu auditorias do Ministério da Agricultura e o serviço de defesa daqui foi considerado o melhor do Brasil. “Isso será um avanço para a nossa pecuária, porque novos mercados serão abertos para a exportação, não só de carne bovina, como também suínos e aves”, explicou Piola Júnior.

O reconhecimento pelo Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e a OIE será oficializada em 2021. Um dos desafios, contudo, será quanto à fiscalização, já que o Paraná faz fronteira com os estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, além do Uruguai, Paraguai e Argentina. “A Adapar já vem se preparando para isso. Temos os postos fixos de fiscalização em rodovias e as barreiras volantes também serão intensificadas”, declarou.

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VISÃO DO PECUARISTA

Essa nova posição que o Paraná assumirá de livre de aftosa sem vacinação não está agradando a todos. “Nós não somos contra o desenvolvimento do nosso Estado. Mas, por enquanto, não estamos preparados para isso”, disse o pecuarista José Moacir Turquino. A maior preocupação, de acordo com ele, é o intercâmbio que acontece, principalmente, entre o Paraná e os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, pois aqui a agricultura é mais forte que pecuária.

O fato de o Estado adquirir o status sozinho também é motivo de preocupação. “Eu acho que sair sozinho, antes dos blocos, chama muito a atenção. Além de não estamos preparados, o mercado também não está exigindo isso”, reclamou o veterinário Luciano Penteado.

Outro ponto abordado pelos pecuaristas que são contra essa decisão é que o Paraná não é autossuficiente na produção de bezerros. “Como técnico da área de reprodução, isso me preocupa muito. E o produtor tem que se conscientizar. Pois, alguns podem achar que o valor da arroba vai chegar a mais de duzentos reais e isso não vai acontecer”, garantiu Penteado.

O pecuarista Clayton Lopes de Paula também considera a decisão precipitada, já que, inevitavelmente, os outros estados também receberão o status, é só questão de tempo. “Por que não esperar? Vejo isso como um ato irresponsável por parte do governo do Estado. Eles não estão pensando em seus produtores de bovinos” afirmou.

O Multi Agro vai ao ar no domingo (26), a partir das 8 da manhã, na MultiTV (Canais 20 e 520 da Net), com reprises diárias durante a programação.