O relatório mensal do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, aponta que o Paraná deve produzir 38 milhões de toneladas de grãos na safra 2020/21, em uma área de 10,4 milhões de hectares. Esse volume de produção representa 8% menos do que o produzido na safra 2019/2020, em uma área 3% maior. As informações são da Agência Estadual de Noticias.

Os números divulgados mostram os efeitos da longa estiagem no Paraná, com perdas significativas na segunda safra de milho, fundamental para abastecer o mercado de proteínas animais e para o cumprimento dos contratos internacionais.

O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, explica que as perdas na cultura do milho não ocorreram somente no Paraná, mas também em estados como Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. “O Brasil, infelizmente, teve uma perda significativa da produção de milho safrinha, quase comprometendo o abastecimento e exigindo das indústrias mais dinheiro para bancar o custo, mas especialmente viabilizando até a importação de milho para o suprimento interno”, diz.

Por outro lado, destaca-se o reajuste positivo da área de trigo no Paraná. “Se o clima favorecer, o plantio pode ser um pouco maior do que se imaginava. Isso pode garantir, junto com o Rio Grande do Sul, onde a área também cresce, um suprimento interno um pouco maior, cooperando assim para a redução das importações”, diz o secretário.

MILHO

Estima-se a produção de 9,8 milhões de toneladas nesta safra, 19% a menos do que o Estado colheu no ciclo 2019/2020. Houve quebra de aproximadamente 4,9 milhões de toneladas em relação à produção inicial esperada. A perda percentual é de 33%.

Cerca de 1,8 milhão de toneladas dessa quebra, 37% da perda total do Estado, corresponde à região Oeste, principal produtora. “Na região Norte, segunda maior área do Estado, como as lavouras se desenvolveram um pouco mais tarde, talvez haja possibilidade de recuperação”, explica o analista de milho do Deral, Edmar Gervásio. Segundo ele, a partir do próximo mês esses números devem ser mais exatos.

As chuvas registradas em junho contribuíram para uma redução da perda no campo e estabilização das condições gerais de lavoura. Dos 2,52 milhões de hectares plantados, 26% têm boas condições, enquanto 41% apresentam situação mediana e 33% condições ruins. Com relação à área, a expectativa aponta para 2,5 milhões de hectares, 10% a mais que na safra passada.

O preço recebido pelo produtor paranaense pela saca de 60 kg na semana passada foi de R$ 79,94, valor quase 13% menor quando comparado ao fechamento de maio, em parte devido à valorização do real frente ao dólar. Já no mercado internacional, os valores ficaram estáveis.

SOJA

A revisão feita pelos técnicos do Deral mostra um volume de produção de soja 5% inferior ao do ano passado e 4% inferior à estimativa inicial, de 20,7 milhões de toneladas, situação decorrente da seca e do atraso no plantio. Devem ser colhidas 19,79 milhões de toneladas em uma área de 5,6 milhões de hectares. Essa área é 2% superior à da safra 2019/2020.

Na segunda safra, devem ser produzidas 85,8 mil toneladas na segunda safra de soja, que é reduzida e destinada principalmente à produção de sementes. O volume é 4% menor que o do ciclo 2019/2020 e a área, estimada em 38,8 mil hectares, é 2% menor. Devem ser produzidas 85,8 mil toneladas na segunda safra de soja.

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