O Ministério da Agricultura destinará R$ 1 bilhão dentro do Plano Safra para subvencionar a contratação de apólices de seguro rural em todo o País no ano safra 2021/22. De acordo com o órgão, no plano anterior, dos R$ 1,3 bilhão anunciados, o disponível ficou em R$ 948,1 milhões.

O anúncio referente à liberação de R$ 1 bilhão no Safra 2021/2022 dentro dessa modalidade desagradou o setor produtivo. Entidades paranaenses solicitaram R$ 1,5 bilhão para possibilitar a ampliação das contratações e da área segurada, mas o pedido foi negado.

“Foi estranho porque quando a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, assumiu, uma das principais bandeiras dela era o seguro rural. Esse foi o ponto mais negativo do Plano Safra, precisávamos andar para frente”, criticou Antônio de Oliveira Sampaio, presidente da Sociedade Rural do Paraná.

Ele considera o seguro rural uma ferramenta indispensável para o produtor ter alguma garantia financeira. “Excesso de frio ou falta de chuva, por exemplo, pode comprometer toda a produção. Depois da quebradeira, são 3 anos para o produtor conseguir sair do buraco”, pontuou.

No entanto, o Ministério da Agricultura anunciou a liberação de R$ 277 bilhões para a totalidade do Plano Safra deste ano, 6,3% a mais do que o Plano do ano passado, R$ 251,2 bilhões. Os financiamentos poderão ser contratados de 1º de julho de 2021 a 30 de junho de 2022.

Um dos destaques apontados por Sampaio é o aumento dos recursos para a construção de armazéns nas propriedades – houve um acréscimo de 84%, com a destinação de R$ 4,12 bilhões.

Em financiamentos de armazéns com capacidade de até 6 mil toneladas, a taxa de juros é de 5,5% e para capacidade maior chega a 7%. A carência é de três anos.

“O Brasil é muito carente em estoques, muito diferente dos Estados Unidos. Os armazéns são importantes para o produtor e para o país no sentido do estoque regulador, que mantém os preços”, explica.

Outro ponto positivo apontado pelo presidente da Sociedade Rural é que, para o próximo ciclo, o Plano Safra ficará ainda mais verde, com o fortalecimento do programa ABC, do Inovagro e do Proirriga, abrangendo o financiamento à produção de bioinsumos, de energia renovável e à adoção de práticas conservacionistas de uso, manejo e proteção dos recursos naturais e agricultura irrigada.

O Programa para Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura (ABC), que é a principal linha para financiamento de técnicas sustentáveis, teve uma ampliação de 101% em relação aos recursos disponibilizados no Plano Safra anterior.

A linha terá R$ 5,05 bilhões em recursos, com taxa de juros de 5,5% e 7% ao ano, carência de até oito anos e prazo máximo de pagamento de 12 anos.

“Houve uma atenção nova do Plano Safra à produção de energia alternativa. A energia limpa desonera o Estado, que hoje subsidia energia para o produtor rural, e cria fontes alternativas de energia limpa”, pontuou Sampaio.

COERENTE

O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Estado, Norberto Ortigara, ressalta que a primeira impressão é que se trata de um plano bastante coerente com a realidade que vivemos.

“Temos crise fiscal, com aperto de recursos e, mesmo assim, foi possível viabilizar o crescimento da oferta de crédito para o setor rural”, disse. “O tom maior aqui privilegia o futuro. Privilegia investimentos”.

INVESTIMENTOS

Do montante total, R$ 251,2 bilhões, R$ 177,78 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, enquanto R$ 73,4 bilhões serão para investimentos. No ciclo anterior, o volume de investimentos foi de R$ 56,92 bilhões. Além disso, R$ 165,2 bilhões do volume ofertado são a juros controlados (7% a mais que na safra 2020/21).

Para Ortigara, é preciso reconhecer o crescimento importante dos recursos disponibilizados para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), da ordem de 19%, totalizando R$ 39,3 bilhões. Desse volume, R$ 21,74 bilhões são para custeio e comercialização, enquanto R$ 17,6 bilhões destinam-se a investimentos. Para esse segmento, a taxa de juros subiu de 2,75% a 4% para 3% a 4,5%.

Os produtores do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) tiveram um aumento de 3% em relação ao volume de recursos da safra 2020/21. Para o novo ciclo, o valor é de R$ 34 bilhões, dos quais R$ 29,18 bilhões para custeio e comercialização e R$ 4,88 bilhões para investimento, com juros de até 6,5%.

No caso dos demais produtores e cooperativas, houve crescimento de 1,5 ponto porcentual na taxa de juros, situando-se agora em 7,5%. A eles, o Plano Safra destinou R$ 126,86 bilhões para custeio e comercialização.

“O fato negativo, mas já era esperado, foi um pequeno crescimento das taxas de juros, houve uma acomodação mais simples para a agricultura familiar e para os médios agricultores, e um crescimento um pouquinho mais consistente para os demais, os grandes agricultores que, na nossa visão, não causa muito impacto negativo na decisão de tomar dinheiro para investir”, destacou Ortigara.

PRONAF BIOECONOMIA

Entre as novidades do Plano Safra deste ano, está o fortalecimento do Pronaf Bioeconomia, com a inclusão de financiamento para sistemas agroflorestais, construção de unidades de produção de bioinsumos e biofertilizantes e projetos de turismo rural que agreguem valor a produtos e serviços da sociobiodiversidade.

“O investimento é o carro-chefe, inclusive prevendo situações que possam demonstrar ao mundo a nossa capacidade de produzir uma agricultura cada vez mais sustentável, como a recomposição de reserva legal, a produção de bioinsumos, a produção de energias a partir de fontes renováveis, inclusive o turismo rural”, disse o secretário.

CUSTEIO

Além do aumento de recursos para a construção de armazéns nas propriedades, o Plano Safra 2021/22 prevê, ainda, recursos para o custeio de milho, sorgo e para a atividade de avicultura, suinocultura, piscicultura, pecuária leiteira e bovinocultura de corte em regime de confinamento. Estão disponíveis R$ 1,75 milhão para os produtores do Pronamp e R$ 4 milhões para os demais.

O governo federal anunciou, também, que o Programa Nacional de Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) terá a inclusão de novos estudos para 12 culturas, além de mudanças estruturais na metodologia com a inclusão de seis classes de armazenamento hídrico para os solos e de níveis de manejo, bem como a implementação do zoneamento de produtividade.

WEBSÉRIE

Pelo segundo ano consecutivo, a Sicredi União PR/SP está realizado uma websérie para discutir o Plano Safra e ajudar os produtores rurais na gestão de seus negócios.

Ao todo, são seis episódios com especialistas do agronegócio e lideranças do setor, em encontros ao vivo e transmitidos pelo canal da cooperativa no Youtube. Os encontros seguem até 6 de julho, sempre às terças-feiras, às 16h, com apresentação do jornalista Sérgio Mendes.

Entre os temas a serem debatidos, figuram cooperativismo, gestão da propriedade e sucessão familiar, tendências no agro, agricultura familiar, entre outros.

Para incentivar a participação na websérie, as agências da Sicredi União PR/SP estão enviando para todos os associados do setor participarem.

Todas as agências da Sicredi União PR/SP contam com gerentes agro e colaboradores à disposição para esclarecimentos de dúvidas e para ajudar na contratação de linhas de crédito.