Mais de 13% da produção de tomate no Estado do Paraná está concentrada no pequeno município de Reserva, na região de Ponta Grossa, responsável por produzir 32,4 mil toneladas11 no somatório das safras entre 2019 e 2020, o que gerou um VBP (Valor Bruto da Produção) de R$ 100,6 milhões, a riqueza proveniente da atividade.

A estatística faz parte do último dado consolidado pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

Plantação de tomate em Reserva, maior município produtor de tomate no Paraná
Plantação de tomate em Reserva, maior município produtor de tomate no Paraná | Foto: Arquivo pessoal

Na primeira safra, de agosto a dezembro de 2019, foram 17.550 toneladas. Na segunda, entre janeiro e maio de 2020, mais 14.850 toneladas. Estima-se que hoje o município tenha em torno de 18 milhões de pés de tomate, entre grandes e pequenos produtores.

Em todo o Estado do Paraná, no mesmo período, a produção de tomate alcançou 243,4 mil toneladas, que geraram um Valor Bruto da Produção de R$ 765,4 milhões.

O produtor Eleandro Marcos Santos faz parte de uma família que planta tomates há quase 30 anos em Reserva, município de quase 27 mil habitantes com a maior produção do fruto no Estado. Ele seguiu os passos do pai, Sebastião da Silva Santos, e começou na atividade há 17 anos.

Para a safra atual, que será concluída neste mês de junho, ele tem a expectativa de colher cerca de 12 mil caixas de tomate salada longa vida, o que representa aproximadamente 300 toneladas do fruto. Por conta da instabilidade do mercado, Eleandro diz que não é possível projetar o faturamento em 2021.

“Este ano o mercado está ruim. A pandemia provocou o fechamento de muitos restaurantes, lanchonetes e empresas, então o valor está bem abaixo em relação ao ano passado. Em média, a caixa de 24 kg está custando R$ 25 em média”, afirmou. No mesmo período do ano passado, o preço da caixa estava em torno de R$ 50, o que significa uma redução de 50%.

Imagem ilustrativa da imagem Reserva concentra mais de 13% da produção de tomate do Estado
| Foto: Arquivo pessoal

Segundo o produtor, a instabilidade faz com que não seja possível saber se ele terá lucros com a safra atual. “O mercado se manteve ruim durante a safra inteira e também temos o alto custo devido à inflação dos insumos”, explicou.

A produção de Eleandro é principalmente direcionada a grandes capitais do Sul e do Sudeste do País, como Curitiba, Porto Alegre e São Paulo. Por ora, o produtor não pensa em exportar o produto.

A produção de tomates se dá em uma área alugada de 4 hectares, com aproximadamente 50 mil plantas. Ao todo, Eleandro conta com o auxílio de 7 funcionários.

Segundo ele, obter o máximo de desempenho na produção depende de um conjunto de fatores. “Uma boa mão de obra e um investimento alto, além de uma terra boa”, enumera. Hoje, os maiores desafios de Eleandro são lidar com o alto custo, especialmente dos insumos, além do clima instável.

Reserva concentra mais de 13% da produção de tomate do Estado
Reserva concentra mais de 13% da produção de tomate do Estado | Foto: Arquivo pessoal

A atividade de Eleandro se originou do exemplo do pai, Sebastião da Silva Santos, que planta tomates há 27 anos. Na época em que Sebastião começou, se lançou para o novo, estimulado por meio de uma parceria com um amigo que já plantava o fruto.

A expectativa para a safra atual é de Sebastião colher aproximadamente 10 mil caixas de tomates, o que totalizaria cerca de 240 toneladas do fruto produzidas em 20 hectares de área. Por conta da instabilidade do mercado, o produtor não consegue prever exatamente como será a comercialização.

“Tudo inflacionou após o início da pandemia, e em 2021 está sendo maior a inflação na comparação com 2020. Se nada for feito pensando no alto custo de produção, devido ao dólar muito alto, o produtor de hortifrúti não vai aguentar, pois todos os insumos são cotados em dólar, mas a produção é comercializada em real”, declarou.

Hoje, o tomate produzido na propriedade de Sebastião vai para quatro Estados – Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Distrito Federal. Assim como o filho, Sebastião também não pensa em exportar.

HISTÓRIA

A história que deu a Reserva o status de município paranaense com maior plantada de tomate começou com o produtor Chogo Fukuda.

Vindo do Norte do Estado, ele se estabeleceu em Reserva no início da década de 1980 e está até hoje na atividade.

“Reserva fica em uma região estratégica, pois está no meio das duas principais praças do Ceasa, a de Curitiba e a de Londrina, e isso na época era crucial para a comercialização”, explica Norton da Costa Oliveira, engenheiro agrônomo extensionista do IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) de Reserva. Hoje a produção é distribuída praticamente para todo o território nacional.

Outros fatores que impulsionaram o plantio foram a água em abundância, o clima e o fato de haver solos ainda virgens para a cultura, sem a presença de doenças de solo, principalmente.

Assim como mostraram Sebastião e Eleandro, hoje a cultura já está na segunda geração de agricultores, com algumas famílias tendo áreas extensas de plantio, sempre gerando emprego e renda para o município.

“Um dos principais gargalos para setor é a comercialização, principalmente para os pequenos, ficando na mão dos compradores que repassam para centros de distribuição e redes de supermercados. Além disso, a falta de áreas novas para o plantio, competindo com a soja, é outro fator limitante”, conclui o engenheiro agrônomo.

Imagem ilustrativa da imagem Reserva concentra mais de 13% da produção de tomate do Estado
| Foto: Arquivo pessoal

ESTADO

A cultura cobre aproximadamente 3,6 mil hectares do Estado, com volume de 221 mil toneladas na última safra. Resultado que dá ao Paraná uma posição de destaque no ranking nacional do tomate.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção comercial de tomate está distribuída em 24 Estados, com estoque nacional estimado em 3,7 milhões de toneladas.

O Paraná é, ao lado da Bahia, o quarto principal fornecedor de tomate, respondendo por 6% do mercado. Fica atrás de Goiás (29%), São Paulo (23%) e Minas Gerais (13%).

Eleandro planta tomates há 17 anos, atividade que começou com o pai dele, há quase 30 anos
Eleandro planta tomates há 17 anos, atividade que começou com o pai dele, há quase 30 anos | Foto: Arquivo Pessoal

O fruto mais comercializado no Brasil para consumo in natura é o salada longa vida, seguido pelo italiano e os minitomates (cereja). No Paraná, os núcleos de Ponta Grossa (do qual Reserva faz parte), Curitiba, Ivaiporã, Jacarezinho, Cornélio Procópio e Apucarana são os que apresentam maior produção.

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