As hortaliças estão presentes em grande parte das refeições dos brasileiros e apresentam nutrientes necessários à saúde. No entanto, quando não higienizadas de forma adequada, podem atuar como fonte de transmissão de microrganismos patogênicos. A contaminação pode ocorrer desde o cultivo até a comercialização.

Imagem ilustrativa da imagem Projeto ensina práticas de segurança alimentar em hortas  comunitárias
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O projeto de extensão “Hortaliça segura do campo à mesa”, da UEL (Universidade Estadual de Londrina), tem como objetivo proporcionar o diálogo, aprimorar o manejo sanitário, atender e acompanhar propriedades horticultoras e escolas municipais de Londrina e região, a fim de minimizar a contaminação de vegetais e estimular a higienização adequada.

A iniciativa teve início em 2014, quando os pesquisadores notaram um aumento de surto de toxoplasmose, uma doença não contagiosa causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, transmitida na maioria dos casos por via oral, por meio da ingestão de carnes cruas ou mal passadas de hospedeiros intermediários que contêm cistos do parasita, ou pelo consumo de água, frutas e verduras cruas. Para a pesquisa foram analisadas hortaliças, água, solo e adubo de hortas comunitárias e comerciais. As amostras analisadas apresentaram contaminação por Toxoplasma gondii em 12,9%, Giardia spp. em 25,8% e Cryptosporidium spp. em 11,3% , como relata a professora de medicina veterinária Dra. Fernanda Pinto Ferreira, especialista em parasitologia.

EDUCAÇÃO SANITÁRIA

Após a constatação, Ferreira explica que a os pesquisadores viram a necessidade de replicar o conhecimento e prevenção, “Então criamos o projeto de extensão ‘Hortaliça segura do campo à mesa’, que tem como objetivo visitar, no campo, hortas e fazer um trabalho de educação de boas práticas sanitárias para os horticultores e alertar quanto aos principais pontos de contaminação", que podem estar na água, solo, adubo, o acesso de animais à horta e a origem da compostagem usada.

Na mesa, orientar a higienização de hortaliças antes do consumo incluindo a educação nas escolas. “Fazemos aulas educativas falando da importância da higienização desses alimentos, pois os alunos são multiplicadores de informação dentro de casa”, apresenta.

HIGIENIZAÇÃO

Devido ao formato das hortaliças, ela é de difícil descontaminação. Por isso, a especialista aconselha que “a melhor forma de higienizar é lavando folha a folha debaixo de água corrente”. Para tirar bactérias e vírus, pode-se deixar o alimento de molho em 1 litro de água com uma colher de hipoclorito de sódio após a lavagem, conforme explica a médica veterinária. “Lembrando que esse reagente químico não tem ação sobre parasitas. Por isso, a higienização deve ser bem criteriosa”, completa.

A especialista destaca que com o cultivo e a higienização adequados é possível melhorar a qualidade sanitária dos vegetais que os londrinenses vão consumir. “E com a redução da contaminação haverá a redução de doenças parasitárias também”, pontua.

O projeto tem parceria com a Secretaria de Educação, Secretaria de Agricultura de Londrina e com Emater (Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural). Por conta da pandemia, o projeto sofreu algumas modificações. “Como não podemos fazer visitas nas escolas, nem em hortas, temos feito parte da educação em saúde geral por meio das redes sociais, e fazemos algumas palestras para agricultores sobre boas práticas de produção de forma online”, esclarece Ferreira. Os atendimentos, quando presenciais, eram realizados pelo grupo do projeto - pós-graduandos, docentes e alunos de graduação.

Os horticultores que desejarem participar do projeto podem entrar em contato pelo telefone: (43) 996653413.

*Sob supervisão de Fernanda Circhia

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