Criar uma horta em casa parece uma tarefa simples, mas para que as plantas se desenvolvam de maneira satisfatória é preciso estar atento a uma série de cuidados, como tipo de espécie para o espaço disponível, além de fertilização e oferta de água adequadas.

Vanessa Reinhartm, técnica do Departamento Técnico do Sistema Faep/Senar-PR, explica que a disponibilidade de tempo é um dos fatores imprescindíveis para que a horta seja bem-sucedida, já que as plantas necessitam de uma série de cuidados para se desenvolverem de forma apropriada.

“O espaço pode ser variável, de acordo com a intenção e espécie de produção, podendo ser utilizados os mais diversos tipos de recipientes possíveis. Quanto ao ambiente, é necessário que haja uma boa insolação, pois a maioria das hortaliças e ervas necessita de sol para o seu pleno desenvolvimento”, destaca.

A técnica acrescenta que a rega deve ser adequada com as necessidades da espécie. “A maioria não tolera encharcamento do solo, ou muitos dias em déficit hídrico. Quanto à nutrição, podem ser utilizados tanto preparados de resíduos orgânicos, quanto fertilizantes prontos, adquiridos em lojas especializadas.”

APARTAMENTO

Para pessoas que moram em apartamento, as espécies mais indicadas são ervas condimentares e medicinais, que podem ser utilizadas para temperos e chás, pois se adaptam a pequenos espaços e são utilizadas em menor quantidade.

Outra opção são as hortaliças folhosas. “Todas as plantas precisam de luminosidade para serem cultivadas, para realizar a fotossíntese. O que acontece é que algumas toleram uma incidência luminosa menor, como por exemplo hortelã, menta, rúcula, espinafre, entre outras. Quanto aos ambientes ensolarados, praticamente todas as plantas irão se adaptar, porém é necessário estar atento ao fornecimento de água, pois quanto mais sol, mais rápido o solo/substrato irá secar”, ensina.

Na hora de fazer uma horta improvisada, podem ser utilizados como recipientes potes, vasos, floreiras, latas ou mesmo canos de PVC cortados na transversal.

“O importante é que esses recipientes sejam furados embaixo para proporcionar a drenagem adequada, evitando o acúmulo de água. Hoje existem empresas especializadas que comercializam vasos autoirrigáveis que já vêm com nomes das espécies de plantas e kit para plantio.”

Por outro lado, para plantio no quintal, o ideal são as plantas com portes maiores e que exigem mais espaço, como tomate, pimentão e árvores frutíferas, por exemplo.

ÁGUA

Uma das grandes dúvidas é com relação à oferta de água para manutenção adequada da horta. A técnica explica que as plantas não toleram solo encharcado nem falta de água por muitos dias.

“Para saber o momento ideal de regar, o ideal é fazer o teste de umidade do substrato: coloque o dedo no substrato, se ele sair sujo, com substrato grudado, é sinal que ainda está úmido e ainda não precisa de rega. Se o dedo sair limpo, é sinal que não há mais umidade, o substrato não consegue se aderir, então é hora de molhar novamente”, ensina.

Vanessa acrescenta que cada planta vai ter uma necessidade diferente de água, então é importante estar atento. “Com o tempo a pessoa vai conhecendo e pegando o jeito de cada planta.”

ADUBAÇÃO

Mesmo no caso das hortas caseiras, as plantas precisam de nutrientes para se desenvolver. Uma das opções é a pessoa comprar fertilizantes já prontos em lojas especializadas que já vêm com as instruções de uso de acordo com cada espécie.

“Se optar por adubos orgânicos, pode-se utilizar uma composteira ou minhocário, que também podem ser colocados em pequenos espaços. Assim, serão fornecidos húmus e chorume dos resíduos.”

O ideal, segundo a técnica, é que os resíduos orgânicos sejam compostados antes da sua utilização, para evitar mau cheiro e atração de insetos.

“Porém, alguns resíduos podem ser utilizados diretamente nas plantas, como borra de café, que é rica em nitrogênio. Cascas de ovos secas e trituradas podem ser uma boa fonte de cálcio e potássio, e as cascas de banana trituradas são também ricas em potássio. Aplicar os adubos uma vez por mês já é suficiente para hortas caseiras.”

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| Foto: Folha Arte

PRAGAS

A técnica destaca que outro fator importante é o controle de pragas e doenças. Dessa maneira, para manter a horta saudável, é necessário sempre fazer uma inspeção nas folhas e frutos, retirando as folhas velhas, com manchas, com sinais de fungos, assim como frutos com sinais de ataque de pragas e doenças.

“Se não forem retirados da área de plantio, podem se tornar fonte de inóculo, ou seja, infectar as demais plantas. Quanto ao controle de pragas, jamais utilizar inseticidas químicos nas hortas caseiras, pois esses produtos não são adequados e podem gerar resíduos nos alimentos. Sempre procure métodos alternativos de controle e, em caso de dúvidas, consulte um profissional”, conclui.

SEMPRE EM CASA

O subgerente de loja Leandro Brazão Teixeira sempre lidou com horta, desde criança, na casa da família. Ele relembra que, em Manoel Ribas, o terreno era enorme e tinha de tudo: mandioca, milho, pés de diversas frutas e até criação de galinhas.

Já em Londrina, quando se casou, Leandro mudou de casa. Ao chegar ao novo lar, o quintal só tinha uma mangueira. “Senti falta da horta”, relembra. Não demorou muito tempo entre a sua chegada e a implantação do espaço verde no quintal.

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| Foto: Gustavo Carneiro

Foi então que, há cinco anos, Leandro criou a hora que cuida com muito carinho e dedicação. Ele construiu um canteiro com 3 metros de comprimento por 40 centímetros de largura e 40 centímetros de altura.

Hoje são plantados diversos temperos, como manjericão, salsinha, cebolinha e sálvia, além de pés de pimenta, de tomate-cereja e de pitaia – sem contar a mangueira que já estava originalmente no terreno.

Grande parte da produção é para consumo próprio de Leandro e da mulher dele. “Às vezes a gente tem um pouco de sobra. Daí damos para minha mãe ou para os nossos amigos”, diz.

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O cuidado não requer muito mistério. Além da irrigação, Leandro utiliza adubo natural que produz em casa, proveniente de restos de frutas e de cascas de legumes, para fazer a nutrição. “Todo dia olho a horta porque a terra precisa estar sempre úmida. Quando eu vou mudar a cultura, costumo colocar húmus na terra. Não uso nenhum inseticida”, explica.

O lado esquerdo do canteiro pega mais sol que a porção direita, que recebe sombra produzida pela mangueira e pelo muro da casa. “Percebo que o lado esquerdo, que recebe um pouco do sol da manhã, é mais eficiente se comparado ao direito”, compara.

A diferença na qualidade do que é plantado na horta em comparação ao que é comprado no mercado é visível. “O frescor dos temperos dá diferença na hora de preparar a comida, até o visual de tudo o que é produzido é muito mais bonito sempre”, conclui.

CARTILHA

A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, por meio do Desan (Departamento de Segurança Alimentar e Nutricional), lançou a segunda edição da cartilha Horta como Hobby, com o objetivo de estimular a prática da horta em casa, contribuindo com informações sobre cultivo e colheita de hortaliças. O material é online e gratuito.

O primeiro volume, lançado em outubro de 2020, já reunia dicas importantes sobre o tema, além de indicar as melhores épocas para plantio e as propriedades nutricionais e terapêuticas de diversos produtos.

Agora, a versão atualizada inclui informações sobre locais para cultivo, o passo a passo para montar o vaso e controle de pragas e doenças.

Segundo a chefe do Desan, Márcia Stolarski, a produção própria de hortaliças gera redução dos custos e é benéfica para a saúde das famílias, estimulando a atividade física, ocupacional e interativa.

“Diante do sucesso do primeiro volume, decidimos expandir as orientações e, assim, contribuir também para a educação alimentar”, afirmou.

Para baixar a segunda edição da cartilha, Horta como Hobby, clique no link abaixo:

https://www.agricultura.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2021-10/horta_como_hobby_ii_0.pdf

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