O Confina Brasil, expedição que faz o mapeamento de 40% do gado confinado no país, finaliza a primeira rota, na região o Sul, passando por Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. No total, foram 54 visitas e mais de 6 mil quilômetros rodados". A equipe visitou 22 plantas de confinamento no Paraná e uma das características marcantes é a influência do cooperativismo, tanto na compra de componentes para dieta quanto na venda dos animais para abate. Além disso, a parceria entre criadores e invernistas se mostra bastante presente, garantindo animais em quantidade e qualidade, a preços compatíveis para a engorda em confinamento. "A presença da agricultura em maior escala fica mais evidente no Paraná, assim como a influência das raças zebuínas e a presença de machos não castrados, que ao avançar em direção ao noroeste do estado, se mostra predominante”, constata o médico veterinário Felipe Dahas, coordenador do Confina Brasil.

Imagem ilustrativa da imagem Pecuária com maior presença do zebu divide cenário com agricultura no Paraná

Olavo Bottino, médico veterinário e técnico do Confina Brasil, destaca a visita à planta frigorífica da cooperativa Padrão Beef como um dos pontos altos da viagem pelo Paraná, uma vez que a unidade atende a consumidores mais exigentes, visto que os animais são precoces e classificados como carne premium ou certificados pela Associação Brasileira de Angus. “No frigorífico, acompanhamos todo o processo, desde a insensibilização dos animais até a classificação das carcaças, desossa e empacotamento a vácuo”.

O Confina Brasil também conheceu operações de grande escala, com volume de abate de aproximadamente 30 mil cabeças por ano, sistemas em que a gestão demanda maior controle sobre os números e o uso de softwares para esse fim se mostra bastante presente. Em alguns casos, a atividade agropecuária era considerada investimento, ou seja, sua rentabilidade deveria ser compatível com o capital imobilizado e comparado com outros ativos do grupo.

Foco na qualidade e bem-estar

“Nos chamou atenção a preocupação dos produtores paranaenses em relação ao ambiente, tanto dos animais quanto ao que se refere à sustentabilidade. O aproveitamento dos dejetos, por exemplo, seja na lavoura ou nos biodigestores, é uma característica presente nos confinamentos visitados, o que torna o sistema eficiente e produtivo”, destaca Dahas. Outro destaque é o cuidado dos produtores em relação aos animais. As estruturas dos confinamentos, sejam simples ou mais complexas, proporcionam aos bovinos sombra, boa circulação de ar, água sempre disponível e currais limpos com frequência.

Eduardo Seccarecio, engenheiro agrônomo, analista de mercado da Scot Consultoria e técnico do Confina Brasil assinala que a preocupação com a qualidade das carcaças também está presente. “Por exemplo, o uso de ferramentas de ultrassonografia de carcaça para maior controle e tomadas de decisão mais assertiva na hora da apartação, cuja qualidade é confirmada com o abate”.

Segundo os técnicos, os confinamentos chamam a atenção pela estrutura e cuidado dos proprietários. A Fazenda Primavera, por exemplo, localizada em Santa Mônica (PR), impressionou pela quantidade de consultorias que os proprietários contratam. “Mesmo que seja uma fazenda com um regime de confinamento não tão grande, eles possuem consultoria para tudo, seja para pastagem, gestão, nutrição e confinamento”, destaca Bruno Alvim, médico veterinário e técnico do Confina Brasil.

Segundo Alvim, as consultorias são utilizadas de forma estratégica para tomada de decisão, como o momento da compra dos animais, venda e o que será utilizado na dieta. O gestor do confinamento é Gabriel Botelho e a fazenda é de seu avô. “O confinamento é enxuto, e possui em torno de 1.000 cabeças estáticas, onde é feito um excelente trabalho”, destaca.

Em Mandaguari (PR), próximo a Maringá, o Confina Brasil passou pelo Confinamento Romagnole. Um ponto interessante dessa visita foi a genética dos animais e o quanto os produtores conseguem aproveitar essa característica para produzirem animais com alta qualidade de carcaça. O que chamou bastante a atenção é a gestão de João Pedro e seu pai, pois acompanham, diariamente, quais animais serão escolhidos para o abate e quais necessitam esperar um pouco mais para serem abatidos na semana seguinte.

A equipe visitou também uma propriedade considerada como uma das mais bonitas do Paraná, gerida por mulheres. “Elas trabalham com gado Nelore e Angus e estão começando a fazer a entrega para cooperativas a fim de escalonar o negócio de 15 em 15 dias”, destaca Dahas. Além disso, a fazenda é bem intensificada e, praticamente, todas as áreas de pastejo são com rotacionados. Já nas áreas de lavoura, fazem rotação de culturas.

A penúltima propriedade visitada pela equipe, foi o confinamento GT FOODS, localizado em Paranavaí (PR) e tem como característica o insumo alimentício utilizado, que é a massa da mandioca. “Eles possuem indústrias de produtos provenientes da mandioca, as quais geram um subproduto. Na teoria, o descarte seria um problema, porém eles o utilizam como fonte de volumoso na dieta, reaproveitando esse subproduto”, afirma Dahas. A previsão é aumentar o confinamento nos próximos anos com 2 plantas, uma perto de cada uma das fábricas de produto de mandioca. “O intuito é utilizar a maioria desse subproduto para alimentação do gado”, destaca.

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