O Paraná não é o maior produtor de uvas do país – Rio Grande do Sul, São Paulo, Pernambuco e Bahia se destacam na frente. Mas você sabia que é um dos únicos lugares a produzir duas safras da fruta em um mesmo ano? Graças aos estudos feitos pelo IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná), isso é feito na produção de uvas de mesa (aquelas que não são destinadas à produção de vinhos e sucos).

Produçao de Uva em Marialva.FT: César Augusto/Folha de Londrina 26/11/2009
Produçao de Uva em Marialva, Jair Imbriane.FT: César Augusto/Folha de Londrina 26/11/2009
Produçao de Uva em Marialva.FT: César Augusto/Folha de Londrina 26/11/2009 Produçao de Uva em Marialva, Jair Imbriane.FT: César Augusto/Folha de Londrina 26/11/2009 | Foto: César Augusto/26-11-2009

O agrônomo e professor da Universidade Estadual de Londrina Sérgio Ruffo estuda uvas há 25 anos e explica que o cultivo de uvas no Norte do Paraná começou na década de 50, com a imigração japonesa. Antes, outras regiões, como a de Curitiba, haviam recebido imigrantes italianos que plantavam uva. Porém, a fruta era utilizada na produção de vinhos e sucos. As uvas do Norte já se diferenciavam daquelas de produtores de descendência italiana pois eram uvas para serem comidas frescas. Hoje se destacam os pomares da Região de Marialva, mas também de Bandeirantes e Uraí. Até mesmo Londrina já foi um polo da viticultura. O agrônomo conta que a região próxima ao aeroporto foi um local de plantio da uva, "mas a cidade foi crescendo e dando lugar a construção civil”.

Leia também:

Marialva deve colher 12 mil toneladas de uva

O tempo passou e a tecnologia passou a ser uma parceira da agricultura. Devido aos estudos do IDR, além da safra de verão, o Paraná tem também uma segunda colheita de uvas fora de época, em maio e junho. Pensando em difundir esse conhecimento, um grupo de 28 profissionais da área se uniu para escrever o livro “Viticultura Tropical: o sistema de produção de uvas de mesa do Paraná”, o qual foi editado por Ruffo e pelo agrônomo e pesquisador do Iapar Sérgio Colucci.

O livro foi lançado na segunda-feira, dia 1, mas os estudos sobre esse ramo da fruticultura que ele reúne começaram há cerca de cinco décadas. O projeto foi originalmente idealizado pelo pesquisador Antônio Yoshio Kishino, que resultou no livro de 2007 “Viticultura Tropical: um estudo da produção no Paraná”. Kishino principiou suas pesquisas nos anos 70 e propôs a criação do texto, mas faleceu antes da publicação e “infelizmente ele não conseguiu nem ver o primeiro” – lamenta Ruffo.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná tem duas safras de uva de mesa ao ano

A nova edição foi especialmente aguardada por ser uma versão estendida da anterior, agora atualizada e mais aprofundada. Lá atrás, os recursos e tempo para a elaboração desse texto eram limitados. “Nós fizemos na época com as ferramentas que a gente tinha no próprio Iapar (Instituto Agronômico do Paraná) , com o comitê editorial”, relembra. Mas, atualmente, a situação é mais favorável. A possibilidade de trabalhar com mais calma, aliada a um maior investimento financeiro, garantiu um produto informativo e de qualidade, com nova diagramação e editoração. Parte do financiamento veio da Fundação Estadual de Amparo à Pesquisa FA (Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Técnológico do Estado do Paraná). Ruffo se alegra com a publicação pois entende que a iniciativa “é um retorno à sociedade, que a instituição pública está colocando” – em suas palavras.

Para Ruffo, Kishino também se contentaria com o resultado. Sua ideia era desenvolver um material que fosse de acesso democrático, atendendo engenheiros, estudantes e produtores rurais, “porque esse livro não é só para quem já está no setor, mas também para os que virão” – conclui. Para tanto, prezou-se por um texto de linguagem simples, de acesso universal, e complementado com imagens. Ao total, são mais de 500 figuras ilustrativas entre as 709 páginas do livro. A versão original já está há muito tempo esgotada no mercado, e o novo lançamento caminha na mesma direção. Ruffo observou grande adesão à obra logo nas primeiras semanas de venda, ainda que restrita somente ao meio online, por conta da pandemia da Covid-19. Além disso, o professor relata que os colaboradores da obra já receberam diversas mensagens e e-mails com feedback positivo sobre o trabalho. O IDR faz parte da história da produção agrícola no estado, e o livro dará continuidade a contribuição a produção de uvas de mesa. E Sérgio Ruffo completa: “a viticultura paranaense merecia isso”.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná tem duas safras de uva de mesa ao ano

Serviço

O livro “Viticultura Tropical: o sistema de produção de uvas de mesa do Paraná” já está a venda sob encomenda pelo e-mail [email protected]. O preço é R$ 150,00 mais os custos do envio.

Veja:

Governo do Paraná quer impulsionar produção de uvas para a indústria