Em Marialva – uma das principais regiões cultivadoras de uva do Estado – também existe uma boa expectativa para a produção de final de ano, que inicia na segunda quinzena de novembro. Até janeiro, devem ser colhidas em torno de 12 mil toneladas das variedades de mesa Itália, Benitaka, Rubi e Brasil e das rústicas Niágara e Vitória. Atualmente, cerca de mil famílias trabalham com a fruta na cidade, o que totaliza algo em torno de 800 hectares. Nas duas colheitas anuais, são produzidas aproximadamente 28 mil toneladas, uma média de 35 toneladas de uva por hectare.
O técnico agrícola do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em Marialva Aílton Rojas Poppi explica que esta segunda colheita anual acontece logo após a poda das videiras, entre os meses de junho e agosto. "O nosso maior problema para esta segunda parte da safra foram as chuvas que ocorreram no começo das podas, mas nada que atrapalhasse, de fato, a produção de final de ano. Teremos um volume produtivo dentro da normalidade", explica ele. "Hoje, 70% da nossa produção é da variedade Benitaka", complementa.
Por fim, a equipe do Emater se prepara para realizar, no dia 13 de novembro, um encontro dos produtores de uva da região de Marialva. A ideia é apresentar a eles um balanço geral do comportamento da safra que está se encerrando e também pensar em estratégias para o próximo ano. Uma delas, é que os produtores não trabalhem apenas com uva, mas também outras frutas, como o maracujá e o morango suspenso, como forma de diversificar as áreas produtivas.
"Também vamos discutir uma técnica de manejo que já utilizamos na região há aproximadamente um ano e meio: o uso de inimigos predadores com o objetivo da redução da aplicação de agrotóxicos. Este trabalho é realizado em parceria com o Sebrae, Prefeitura Municipal de Marialva e Anpef (Associação Norte Paranaense de Estudos em Fruticultura)."
Segundo números levantados pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), atualmente, o Estado conta com uma área para plantio de uvas de 4,75 mil hectares, 24,6% menor se comparada aos 6,3 mil hectares de 2005. A produção também está em queda. Em 2014, fechou em 80,5 mil toneladas, retração de 17,5% frente aos 97,6 mil toneladas de dez anos atrás.

ESTRATÉGIAS
De acordo com o secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, a Seab tem criado estratégias para fortalecer a fruticultura do Estado, em todas as áreas. Em relação à uva, por exemplo, ele comentou que, recentemente, determinou "que incentivos fiscais de longo prazo fossem mantidos", fortalecendo assim a qualificação da vitivinicultura, pensando tanto nos produtores e principalmente nas vinícolas. "Na semana que vem, também vamos discutir um projeto de fruticultura no Norte Pioneiro. A ideia a buscar alternativas para o que já é produzido na região."
O secretário também relatou que está discutindo "como prioridade" a fruticultura no Noroeste, na região de Paranavaí, Umuarama e Cianorte. "Eu acho que, de forma geral, a fruticultura tem espaço para crescer. A população sempre vai comer frutas devido à importância delas para a saúde. Às vezes uma região ou outra acaba perdendo e para de produzir, mas isso é normal. O que não podemos permitir é que a fruticultura deixe de fazer parte do mix de produtos. Hoje estamos concentrados em áreas de soja e milho, ou seja, é arriscado. Sempre que couber uma fruticultura ou olericultura qualificada, vamos trabalhar para auxiliar essas áreas", avalia Ortigara.