Riqueza produzida pela erva-mate passou os R$ 127 milhões no Paraná em 2020
Riqueza produzida pela erva-mate passou os R$ 127 milhões no Paraná em 2020 | Foto: José Fernando Ogura/AEN

O Paraná é o maior produtor de erva-mate do Brasil, responsável por 87,4% da produção nacional, e registrou aumento de 15,2% na produção em 2020. Os 10 municípios de maior produção nacional são paranaenses, liderados por Cruz Machado, que concentra 15,5% do total nacional.

Os dados constam na pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo levantamento feito pelo Deral (Departamento de Economia Rural), órgão da Secretaria de Estado da Agricultura), Cruz Machado, no sul paranaense, produziu 108 mil toneladas de erva-mate no ano passado, em 14 mil hectares de terras. O VBP (Valor Bruto de Produção), a riqueza produzida pela atividade, alcançou R$ 127,3 milhões.

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Em comparação com o ano anterior, a produção em 2020 foi 15% maior em volume, já que foram produzidas 92 mil toneladas de erva-mate em 2019. A área plantada, por sua vez, cresceu 27%, já que ficou em 11 hectares em 2019. O VBP cresceu pouco mais de 15% de 2019 para 2020 – em 2019, a riqueza bruta obtida pela atividade chegou a R$ 110,2 milhões no município.

Um conjunto de condições favoráveis, como relevo, tipo de solo, altitude, disponibilidade de mão de obra e clima fazem de Cruz Machado uma potência quando o assunto é erva-mate.

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Segundo a Secretaria Municipal da Agricultura e do Meio Ambiente, o município conta hoje com 3.258 produtores de erva-mate cadastrados. Esse número representa mais de 17% do total da população, 18,7 mil habitantes.

Hoje, 75% dos produtores de erva-mate estão na agricultura familiar até 10 hectares e os outros 25% são grandes proprietários, com áreas maiores. A atividade gera 650 empregos diretos no município. A erva-mate é colhida verde pelos produtores e processada pela indústria local e regional.

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Rio Grande do Sul é o maior mercado consumidor em nível nacional. Além disso, a erva-mate produzida em Cruz Machado é exportada para vários países, onde é processada para vários fins, como Europa, Ásia e Mercosul.

A erva-mate produzida no município do sul paranaense é empregada na produção de chimarrão, tereré, bebidas, alimentos, além de ser utilizada na farmacologia, como conservante natural e na produção de tintas.

“Com características ideais de vegetação, altitude e tipo de solo, Cruz Machado se torna referência em qualidade e produção, com erva-mate sombreada por mata nativa. Sendo assim, o produto finalizado tem excelente aceitação de mercado, sendo reconhecido mundialmente”, destaca Silmar Kazenoh, secretário municipal da Agricultura e do Meio Ambiente.

BOA OPÇÃO

O produtor Mateus Semmelmann espera colher 350 toneladas de erva-mate neste ano
O produtor Mateus Semmelmann espera colher 350 toneladas de erva-mate neste ano | Foto: Arquivo pessoal

O produtor Mateus Semmelmann cultiva erva-mate há cerca de 20 anos em Cruz Machado. Hoje, são 95 hectares plantados.

Segundo ele, a opção pela cultura se deu pela boa renda obtida com o cultivo, além do fato de os terrenos não serem muito planos, o que dificulta o trabalho com maquinários. Com isso, o trabalho na lavoura é feito todo de maneira manual.

No ano passado, o agricultor colheu 300 toneladas. Neste ano, a expectativa é colher um volume de 350 toneladas, 16% maior, já que o mercado está mais aquecido em 2021 na comparação com o ano passado.

“O preço da erva-mate também se valorizou um pouco. No ano passado, vendíamos a R$ 18, R$ 19 a arroba. Hoje o preço está em torno de R$ 20 a R$ 21”, compara. Mateus comercializa a erva in natura, mas no futuro pretende fazer o processamento (moagem, secagem e empacotamento) para agregar valor à produção.

Segundo Mateus, manter a limpeza da lavoura e promover uma adubação adequada estão entre as estratégias utilizadas para obter o máximo em produtividade e qualidade.

O agricultor acrescenta que a erva-mate apresenta uma ótima lucratividade. “Varia entre 70% e 80% de lucro”, contabiliza.

Um conjunto de condições favoráveis, como relevo, tipo de solo, altitude, disponibilidade de mão de obra e clima fazem de Cruz Machado uma potência quando o assunto é erva-mate
Um conjunto de condições favoráveis, como relevo, tipo de solo, altitude, disponibilidade de mão de obra e clima fazem de Cruz Machado uma potência quando o assunto é erva-mate | Foto: José Fernando Ogura/AEN

Como o trabalho na lavoura é todo manual, de maneira que Mateus contrata diaristas para auxiliar no serviço. “A erva-mate beneficia hoje as famílias com uma rentabilidade boa, além de ser muito boa para a saúde. Que o preço também continue do jeito que está para melhor”, conclui.

Estado também é primeiro em produção de pinhão e madeira em tora

Além da erva-mate, a produção de pinhão também se destacou entre os produtos não-madeireiros no Paraná, segundo a pesquisa do IBGE. O Estado foi o principal produtor em 2020, respondendo por 34,6% do volume nacional, acompanhado de Minas Gerais, com 33,4%.

O Paraná foi o segundo estado que mais produziu riquezas a partir da produção florestal em 2020, com R$ 4,78 bilhões de valor agregado, alta de 34,8% em relação a 2019. Minas Gerais lidera o ranking nacional, com R$ 6 bilhões.

O estudo avalia 44 produtos do extrativismo vegetal (erva-mate, fibras, borrachas, gomas, lenha, ceras e complexo alimentício, como pinhão e castanhas) e da silvicultura (exploração comercial de madeira) em todos os municípios do País.

Segundo o IBGE, o Paraná ultrapassou o Mato Grosso do Sul e é o maior produtor de madeira em tora para papel e celulose, sendo responsável por 17,2% da produção nacional. A produção cresceu 25% em 2020, alcançando 15,1 milhões de metros cúbicos, e o valor da produção subiu 66,8%, chegando a R$ 1,5 bilhão.

O Estado também lidera a produção de madeira em tora para outras finalidades, atingindo 21,7 milhões de metros cúbicos, o que representa 39,4% do total nacional.

O Paraná se destaca, ainda, na produção de lenha com origem em florestas plantadas, com quantidade estimada de 12,6 milhões de metros cúbicos, o que corresponde a 24,8% do total nacional.

Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, liderou o ranking dos municípios com R$ 568 milhões de valor de produção na silvicultura, com destaque para os crescimentos de madeira em tora para papel e celulose (113%), principalmente a madeira advinda do pinus, que cresceu 276%.

General Carneiro, Cruz Machado, Reserva, Inácio Martins, Sengés, Bituruna e Cerro Azul também aparecem entre os 20 municípios que mais faturam nessa atividade.

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