O Paraná evoluiu e foi destaque no 2º Mundial do Queijo do Brasil, realizado em setembro, em São Paulo. Nesta edição, os produtores do Estado receberam 34 medalhas, contra apenas duas na primeira edição do concurso, realizada em 2019.

Samuel e Livia voltaram para casa com sete medalhas, quatro de prata e três de bronze
Samuel e Livia voltaram para casa com sete medalhas, quatro de prata e três de bronze | Foto: Sérgio Ranalli - Editor

Nesta edição mais recente, os queijos paranaenses concorreram com cerca de 1,2 mil queijos do Brasil e de mais 10 países: Suíça, França, México, Panamá, Estados Unidos, Portugal, Espanha, Itália, Inglaterra e País de Gales.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná evolui na produção de queijo e se destaca em mundial
| Foto: Sérgio Ranalli - Editor

Luciana Matsuguma, técnica do Departamento Técnico do Sistema Faep/Senar-PR, explica que, após os resultados da 1ª edição, em 2019, novos produtores rurais, apoiados por instituições públicas e privadas, decidiram apostar na melhoria de processos de produção e participar de concursos, motivados pelos benefícios do reconhecimento de seus produtos frente aos consumidores.

Valdeir e Marcia conquistaram cinco medalhas, três de prata e duas de bronze
Valdeir e Marcia conquistaram cinco medalhas, três de prata e duas de bronze | Foto: Sérgio Ranalli - Editor

“Vale lembrar que, no cenário pós-pandemia, o hábito de pesquisa sobre os produtos em aplicativos e redes sociais cresceu exponencialmente, e a participação em concursos (e eventual premiação) contribuem para divulgação dos produtos e da marca, aproximando assim com o mercado consumidor”, destaca.

A 2ª edição do Mundial do Queijo do Brasil recebeu 1,2 mil inscrições em 37 categorias – 17 leite de vaca, 10 leite de cabra, 3 leite de ovelha, 5 leite de búfala, 1 todos os tipos de leite e 1 especialidade queijeira e criações. O Sistema Faep/Senar-PR patrocinou o evento. Além disso, uma analista técnica (Luciana Matsuguma) integrou o grupo de jurados.

Livia e Samuel contam o segredo da fabricação de queijos premiados:  leite de qualidade, de vacas e ovelhas vivendo em um sistema agroecológico
Livia e Samuel contam o segredo da fabricação de queijos premiados: leite de qualidade, de vacas e ovelhas vivendo em um sistema agroecológico | Foto: Sérgio Ranalli - Editor

As notas foram agrupadas em uma ficha que continha perguntas sobre aspecto, textura e sabor do queijo. “Os juízes fizeram uma degustação de uma categoria ou mais de uma, numa quantidade limite de até 20 queijos, de forma anônima da amostra”, explica.

Além da medalha e do diploma de premiação, outro item importante do concurso é a permissão da marca registrada no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) “Mundial do Queijo do Brasil”, até a data do próximo concurso, que poderá ser impressa no rótulo ou em adesivo autocolante.

5 MEDALHAS

O casal Valdeir e Marcia Mateus Martins, proprietários do Rancho Seleção, em Londrina, voltaram para casa com cinco medalhas – três de prata e duas de bronze. A medalhas de prata foram conferidas ao queijo frescal e a dois doces de leite, tradicional e com café. As medalhas de bronze, por sua vez, foram conferidas ao queijo paraná e ao queijo pé-vermelho.

Os proprietários do Rancho Seleção buscaram aperfeiçoamento tecnológico na UTFPR
Os proprietários do Rancho Seleção buscaram aperfeiçoamento tecnológico na UTFPR | Foto: Sérgio Ranalli - Editor

O queijo frescal é aquele queijo fresco que tem que ser consumido logo. O paraná, por sua vez, é bem amanteigado, muito cremoso, de sabor bem suave, feito com leite pasteurizado.

Em homenagem à região Norte do Estado, o queijo Pé-Vermelho foi lançado no concurso. “É feito de leite cru, tem 60 dias de maturação, muito macio internamente e tem casquinha crocante por fora que dá um sabor diferente e bem agradável”, descreve Valdeir.

O produtor acrescenta que a premiação pelos queijos não foi inédita – em 2019, ele ganhou uma medalha de ouro por um queijo da família do parmesão, denominado Precioso. “Levamos ao concurso e, para nossa surpresa, ficamos entre os 20 melhores”, relembra. Outro queijo premiado foi o meia cura, com medalha de bronze em um concurso nacional.

“O frescal temos know-how de 20 anos, mas os de maturação são mais recentes, estamos fazendo há 5 anos”, explica.

Para obter o máximo em qualidade, os produtores foram buscar tecnologia na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) e sempre adotam boas práticas de manipulação – a família produz leite de qualidade há 28 anos, da marca Deleite.

“Em função da qualidade da matéria-prima e das exigências da inspeção federal, temos boas práticas de manipulação, o que ajuda na obtenção de qualidade dos queijos. Já trabalhei em panificadora, entendo de fermentação, então isso ajuda a alterar os sabores dos queijos. O que altera o sabor é o tipo de fermento que você usa e o tipo de fermentação que dá no seu queijo, já que todos têm como a mesma matéria-prima o leite.”

Hoje, a família produz 9 tipos de queijos. “Temos uma lojinha na nossa propriedade em Londrina, a produção não é muito grande. Há dois meses, obtivemos a inspeção municipal dos queijos, então algumas lojas em Londrina já têm”, conclui.

7 MEDALHAS

O casal Livia e Samuel Trevisan Cambefort voltou para casa com sete medalhas – quatro de prata e três de bronze. A premiação inclui queijos de vaca, de ovelha, queijo aromatizado, manteiga e requeijão.

No ano passado, eles já haviam sido premiados em outra disputa – concorreram com cinco queijos e voltaram para casa com três medalhas no Concurso Internacional do Queijo, em Araxá (MG).

“Para se obter queijos de qualidade, é de grande importância ter um leite de qualidade. Aqui, as vacas e ovelhas estão em um sistema agroecológico, isto é, estão todas no pasto. Não utilizamos pesticidas nem herbicidas, os animais são tratados com homeopatia, fitoterapia e com tratamentos biológicos, sem hormônios ou antibióticos”, explica Livia.

Além disso, as receitas são sempre feitas com leite fresco, sem aditivos de conservantes, aromas artificiais, ou espessantes.

A produção de queijos começou em 2016, quando o casal voltou ao Brasil e se instalou na Estância Baobá, em Jaguapitã.

“Somos cheese lovers desde sempre. Meu marido, Samuel, como um bom francês, ama queijos, e eu formada em gastronomia trabalhei 15 anos como chef de cozinha no Brasil e no exterior, sempre tendo os queijos na minha vida também.”

Livia fez um curso de queijos na UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa) e uma especialização em homeopatia no CPRA (Centro Paranaense de Referência em Agroecologia). “Também lemos muitos livros sobre queijos e suas tecnologias.”

A venda dos queijos é feita para cestas orgânicas e lojas especializadas. “Participamos também de uma feira todos os sábados em Londrina, na Praça dos Pioneiros (Gleba Palhano) ”, conclui.

Estado realiza capacitação de produtores

Como uma forma de incentivar a produção de queijo no Paraná, o governo do estado, em parceria com várias entidades, realizará no ano que vem o Prêmio Queijos do Paraná. Nesse sentido, os organizadores previram uma série de ações voltadas ao desenvolvimento do setor, como a qualificação de produtores de leite, de produtores artesanais de queijo e de indústrias lácteas.

Um curso, de Queijos Artesanais, começou na sexta-feira (7), com término programado para 25 de novembro. Ele é destinado a queijeiros das regiões de Guarapuava e Laranjeiras do Sul, no Centro-Sul do Estado. Os interessados ainda podem ser inscrever novos módulo. A promoção é do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná).

O curso foi idealizado pelo engenheiro de alimentos Marcelo Bellettini, com apoio da Unicentro, da UTFPR e da Cresol. O conteúdo será abordado em oito módulos, ministrados em encontros semanais. A expectativa é que cerca de 50 agroindústrias familiares rurais sejam beneficiadas com a capacitação.

PRÊMIO

Além do IDR-PR, são organizadores do Prêmio Queijos do Paraná a Federação da Agricultura do Paraná, o Sebrae/PR e o Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Paraná, com o apoio de 28 entidades.

A premiação será uma vitrine para divulgar a diversidade e qualidade da produção paranaense, tanto artesanal como industrial. “Não devemos nada para ninguém. Temos qualidade, tradição, e vamos ficar ainda melhores com esse ano pedagógico para os produtores rurais”, disse o presidente do IDR-Paraná, Natalino Avance de Souza. As inscrições para o concurso podem ser feitas até 1º de março de 2023 e a premiação será em 1º de junho.

O vice-governador Darci Piana exaltou o fato de o Paraná ter conquistado o certificado internacional de área livre de febre aftosa sem vacinação, que abre ainda mais as portas do mercado internacional para os diversos tipos de carne. “E por que também não para o nosso queijo e leite?”, questionou.

O Prêmio Queijos do Paraná terá 19 categorias. O diferencial é que eles não concorrem entre si. Serão avaliados por banca especializada, que dará pontuação entre zero e 20. Aqueles que tiverem 18 ou mais pontos receberão medalha de ouro; para prata serão pelo menos 16 pontos, enquanto os que alcançarem 14 ficam com bronze.

A comissão julgadora pode indicar os melhores para serem reconhecidos com medalha superouro. Os que quiserem poderão ostentar a premiação na embalagem, além de receberem consultoria de gestão e de design de embalagens, e treinamentos para produção.

Além da agenda de capacitações, a divulgação será feita em eventos de degustação e promoção para os consumidores, para que todos entendam mais sobre as diversas características deste derivado.

O leite é o quarto produto em Valor Bruto de Produção (VBP) do Estado, com movimentação de R$ 9 bilhões em 2021. São mais de 100 mil produtores envolvidos com essa atividade, espalhados pelos 399 municípios. O Paraná é o segundo maior produtor, com 12 milhões de litros por dia, dos quais 5 milhões são destinados à fabricação de queijos. (Com informações da Agência Estadual de Notícias)