Os agricultores paranaenses dão exemplo quando o assunto é reciclagem de embalagens vazias de defensivos agrícolas. Levantamento realizado pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) mostra que, de 100 embalagens vendidas, 99 retornam ao ciclo produtivo como matéria-prima de outros produtos, sejam novos recipientes para agroquímicos ou artefatos para outras indústrias, como automotiva e energética.

José Antônio Borghi, presidente da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), considera que os números do Paraná são resultado de um esforço conjunto.

Nos EUA, produtores do PR veem tendências em tecnologias

“Quando todos falam a mesma língua, temos os elos da cadeia trabalhando para atingir os melhores resultados. O próprio produtor estava esperando essa alternativa, que resolveu um problema na propriedade e a questão ambiental. Todo mundo saiu ganhando, principalmente a sociedade”, afirma.

Em todo o Brasil, 94% das embalagens plásticas primárias colocadas no mercado são descartadas de maneira ambientalmente correta. Ou seja, a cada 100 embalagens utilizadas no agronegócio brasileiro, 94 têm descarte adequado. Na França, o índice de reaproveitamento é de 77%; no Canadá e na Alemanha, de 73%; no Japão, de 50%, e nos Estados Unidos, esse índice é de apenas 33%.

NO TOPO

Os agricultores paranaenses já destinaram corretamente mais de 7 mil toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas desde 2021. O montante representa 13% do volume total do Brasil, o que coloca o Paraná na segunda posição do ranking de adesão ao Sistema Campo Limpo, somente atrás de Mato Grosso (25%). A devolução das embalagens é uma obrigação legal do produtor rural, assim como guardar a nota fiscal da compra.

Queijo de Arapoti ganha prêmio nacional

Desde o início das operações, em 2002, o Sistema Campo Limpo vem sendo ampliado em todo o território brasileiro, consolidando o país como referência mundial na logística reversa de embalagens vazias e sobras pós-consumo de agroquímicos. Desde então, o programa já recebeu mais de 670 mil toneladas de recipientes.

GESTÃO

Fundado em 2002, o inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias) é a entidade gestora do Campo Limpo. É uma instituição sem fins lucrativos, formada por 140 fabricantes e nove entidades representativas da indústria, distribuidores e agricultores.

Londrina ganha projeto de tecnologia de alimentos

“O Sistema Campo Limpo desempenha um papel fundamental para o meio ambiente ao prolongar o ciclo de vida de materiais, reduzir a extração de recursos naturais de origem fóssil e impedir que as embalagens de defensivos agrícolas sejam destinadas de forma inadequada”, destaca Fabio Macul, coordenador geral de operações do inpEV.

De 2002 e 2021, o trabalho realizado evitou a emissão de cerca de 900 mil toneladas de CO², o equivalente a 16 mil viagens de caminhão ao redor da terra, e também o consumo de energia elétrica suficiente para abastecer 5,2 milhões de casas durante um ano. Além disso, somente em 2021, foram 89,8 milhões de litros de água economizados.

Pesquisa da UFPR introduz mudas de alfarroba no Brasil

“Para o futuro, seguiremos desenvolvendo ações para engajar cada vez mais os elos da cadeia agrícola na destinação correta de embalagens, com grande ênfase aos projetos de educação e conscientização ambiental, inclusive para crianças e jovens, aproveitando que estamos presentes em todos os estados do país”, conclui o coordenador.

No Brasil, existem mais de 400 unidades fixas de recebimento de embalagens vazias de defensivos agrícolas: 99 centrais e 312 postos. Todas as centrais contam com o Agendamento Eletrônico de Devolução. O sistema conta com mais de 260 associações de revendas e cooperativas e atende cerca de 2 milhões de propriedades rurais em todo o País, segundo dados do Censo Agrícola do IBGE de 2017.

Marialva lidera produção de flores no Paraná

O Paraná conta com 12 centrais de recebimento de embalagens vazias, administradas pelo inpEV, e 65 postos de recebimento distribuídos em todas as regiões, geralmente geridos por associações de distribuidores ou cooperativas.

Nas centrais, as embalagens são prensadas e separadas após o recebimento, o que ajuda a reduzir o volume enviado à destinação final para reciclagem ou incineração.

EXEMPLO

O produtor rural Carlos Eduardo dos Santos Luhm, de Guarapuava (centro-sul paranaense), dá o exemplo quando o assunto é reciclar embalagens de agrotóxicos. Durante os sete anos que faz a entrega em uma central administrada pelo inpEV, no município, ele contabiliza a destinação correta de mais de 15 mil unidades, de diversos tamanhos.

Ecossistema de inovação: organizar, planejar e desenvolver

“A entrega é fácil, normalmente pré-agendada, então é um processo rápido. O caminhão vai no horário e não há demora. Normalmente faço a entrega duas vezes ao ano, durante as safras de inverno e de verão. Os agricultores devem estar conscientes sobre essa prática, pois evitam o perigo de contaminação de lençol freático, rios ou lagos”, explica.

Atualmente, as lavouras de verão cultivadas na propriedade são milho, soja e feijão. Já as lavouras de inverno são trigo e aveia. Ao todo, são 600 hectares plantados dessas cinco culturas.

Cursos do Senar contemplam tema

O Senar-PR promove cursos que contemplam a logística reversa de embalagens de agrotóxicos há 20 anos. Nesse período, quase 70 mil participantes já concluíram os treinamentos no Estado.

O treinamento inclui diversos tópicos, como normas para utilização, aquisição e transporte de agrotóxicos, riscos de intoxicação, entre outros.

“As capacitações são essenciais para que o produtor e trabalhador rural executem suas atividades de acordo com as normas e leis vigentes, com respeito ao meio ambiente”, destaca Flaviane Medeiros, técnica do Departamento Técnico do Sistema Faep/Senar-PR.

O Senar disponibiliza atualmente 6 treinamentos sobre aplicação de agrotóxicos: NR 31.7; Tratorizado de Barras; Autopropelido; Turbopulverizador; Costal Manual; Formigas Cortadeiras e IPP (Inspeção Periódica de Pulverizadores).

Para participar dos cursos, o produtor ou trabalhador rural deve procurar o Sindicato Rural ou a regional do Senar mais próxima e solicitar o curso. Todos os cursos são gratuitos, com emissão de certificado.

Mais informações sobre os cursos com inscrições abertas podem ser obtidas pelo link: sistemafaep.org.br/cursos-detalhes/?ETNumero=109