Pelo quarto ano consecutivo, produtores rurais do Paraná conseguiram reduzir em 35% o uso de fungicidas contra a ferrugem asiática, a principal doença que atinge as lavouras de soja. A cada ano, tem sido maior o número de agricultores a aderirem ao Sistema Alerta Ferrugem, desenvolvido pela Emater e o responsável pela diminuição do uso de defensivos químicos em várias regiões do Estado. A ferramenta permite aumento da rentabilidade de lavouras.

Implantado em 2016, o sistema de alerta consiste no monitoramento constante das lavouras por meio de um equipamento simples. Dentro de um coletor feito de PVC é inserida uma lâmina de microscopia com uma fita adesiva que coleta os esporos, as estruturas reprodutivas do fungo que circulam no ar. A análise das lâminas é feita semanalmente por extensionistas da Emater com a ajuda de parceiros de instituições de ensino superior e colégios agrícolas.

Desde quando o sistema de alerta começou a funcionar, há quatro anos, o número de aplicações de fungicidas para controle da ferrugem nas áreas monitoradas foi de 1,5 contra 2,3 nas lavouras onde o uso de defensivos é calendarizado, quando os produtores aplicam os agroquímicos sem saber se a doença está presente.

Em 2016, havia 93 coletores instalados nas lavouras do Paraná. Neste ano, são 250, um número quase três vezes maior. Na região de Londrina, são 30 coletores. “Com os coletores você controla o fungo a rigor. No momento em que o fungo estiver chegando na lavoura, o produtor consegue fazer uma aplicação com critério técnico”, ressaltou a pesquisadora da Embrapa Soja, Claudine Seixas.

Embora o Sistema Alerta Ferrugem venha ganhando novos adeptos a cada ano, ainda há muito trabalho pela frente, considerando as milhares de propriedades rurais existentes no Estado. Fazer a ferramenta chegar ao máximo de lavouras paranaenses possíveis é o objetivo da Emater e que requer um “trabalho de formiguinha”, como define o engenheiro agrônomo da Área de Desenvolvimento Integrado da Emater, Renan Ribeiro Barzan. “A gente tem resultados consistentes, mas precisa de uma divulgação. Temos trabalhado, feito eventos para mostrar os resultados e a adoção da prática agrícola tem aumentado. Mas também há um interesse comercial por parte do setor industrial porque reduzir 35% no uso de fungicida significa um impacto muito grande (na comercialização dos produtos). A indústria não tem interesse em se engajar.”

Enquanto a Emater participa ativamente do trabalho de campo junto com os agricultores, a Embrapa Soja auxilia na organização, publicação e divulgação dos resultados obtidos e também participa de eventos que contribuem para a difusão do sistema.

Para atrair mais adeptos, disse Barzan, o apelo são os dados que demonstram a redução dos custos decorrente do monitoramento. Segundo a Emater, o custo de produção nas áreas monitoradas é de 2,9 sacas por hectare, o que corresponde a R$ 203 por hectare. Nas áreas não monitoradas, o custo sobe para 5,2 sacas por hectare ou R$ 364, uma diferença de mais de 55%. “Não tem muita diferença na produtividade. A gente foca bastante na rentabilidade. Tem agricultor que faz só uma aplicação e tem produtor que não faz aplicação nenhuma e isso vai sobrar no bolso dele. E tem também a questão ambiental”, destacou o engenheiro agrônomo.

Para ter acesso ao sistema, basta acessar o site da Emater (www.emater.pr.gov.br), a conta no Instagram (@ematerpr) ou pelo Whatsapp (43) 99926-9555.

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