Linha de produção de fécula de mandioca; Paraná é o maior produtor brasileiro
Linha de produção de fécula de mandioca; Paraná é o maior produtor brasileiro | Foto: Gina Mardones 02-02-2017

O preço médio da mandioca que tem como destino a indústria (para ser transformada em farinha ou fécula) vem num crescente e subiu 25% neste ano no Paraná em comparação a 2019 – comparando com 2020, a alta foi de 12%.

Imagem ilustrativa da imagem FOLHA RURAL - Mandioca valoriza, mas produtores reclamam dos custos de produção
| Foto: Celso Pacheco 21-01-2014

A tonelada subiu de R$ 341 em 2019 para R$ 382 em 2020 e R$ 428 em 2021 (média calculada de janeiro a agosto). “Já existem registros de valores acima de R$ 500 para a tonelada”, aponta o economista Methodio Groxko, técnico do Deral (Departamento de Economia Rural) – órgão ligado à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

Já a fécula, no atacado, foi vendida na última semana de agosto (23/08 a 27/08) a R$ 72/saca de 25 kg, preço 36% superior se comparado ao mês de agosto de 2020, R$ 53. A farinha crua foi comercializada, neste mesmo período, a R$ 102/saca de 50 kg, com um aumento de 36% comparando-se com agosto de 2020, que foi de R$ 75.

Segundo o técnico do Deral, o aumento dos preços está relacionado principalmente à queda na oferta do produto. “A seca trouxe problemas principalmente para a colheita da mandioca. Com a queda da oferta, acabou vindo para o Estado mandioca de outros pontos do País, como Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais, para suprir a demanda da indústria”, explicou.

Esse cenário de valorização puxou para cima o VBP (Valor Bruto de Produção Agropecuária) da mandioca no Estado, a riqueza produzida pela atividade, que subiu de R$ 1,27 bilhão em 2019 para R$ 1,6 bilhão em 2020, uma variação real (corrigida pela inflação) de 16%.

Segundo dados do VBP de 2019, a mandioca para consumo humano é produzida em 370 cidades paranaenses. Para indústria/consumo animal, por sua vez, a produção se concentra em 273 municípios.

Preço médio da tonelada de mandioca subiu de R$ 341 em 2019 para R$ 428 em 2021
Preço médio da tonelada de mandioca subiu de R$ 341 em 2019 para R$ 428 em 2021 | Foto: Celso Pacheco 21-01-2014

CUSTOS

Apesar da valorização do preço da mandioca, o aumento dos custos de produção está fazendo com que os produtores não consigam obter lucro com a cultura.

É o caso do agricultor Arquimedes Gomes Terra, que comercializou a tonelada de mandioca a R$ 350 em agosto do ano passado e neste ano conseguiu R$ 430, um aumento superior a 20%. Mas segundo ele, a conta não fecha porque os custos de produção explodiram.

Mesmo com o aumento estimado em 20% no volume de produção neste ano – 6 mil toneladas contra 5 mil no ano passado –, a lucratividade não deverá ocorrer. “Além do arrendamento que subiu, houve aumentos nos preços do calcário e do adubo”, apontou.

Para se ter uma ideia dos reajustes no último ano, o agricultou citou que o preço do calcário subiu mais de 60% e o adubo aumentou 70%. O custo com funcionários para fazer a colheita, por sua vez, teve um reajuste de 30%. “O arrendamento era R$ 7 mil o alqueire e hoje se fala em até R$ 12 mil”, destacou.

Arquimedes tem atualmente 130 hectares plantados de mandioca em São João do Caiuá, no Noroeste paranaense. Há 20 anos ele se dedica à cultura, estimulado pelo fato de a mandioca ser um produto mais rústico, com menos risco de perdas.

Toda a produção hoje atende o mercado interno, sendo comercializada para as indústrias que transformam a mandioca. O Paraná, por sua vez, é o maior produtor brasileiro de fécula de mandioca.

REDUÇÃO

A área plantada de mandioca sofreu uma redução de 7% nesta safra em relação à safra passada no Paraná e alcançou 139,2 mil hectares. A produção, por sua vez, foi 5% menor e alcançou 3,3 milhões de toneladas.

Alguns fatores provocaram esse cenário. Segundo Methodio Groxko, técnico do Deral, duas questões estão provocando a redução de área e da produção de mandioca no Estado.

“A mão de obra está cada vez mais escassa e cara, principalmente para a colheita, que é um processo bem manual. Além disso, o custo do arrendamento das terras aumentou muito. Com isso, alguns produtores estão migrando para terras no Mato Grosso do Sul e em São Paulo, onde o arrendamento está mais barato”, explica.

O economista acrescenta que a mandioca perdeu áreas no Paraná para outras culturas e atividades que estão em alta, como a soja e o milho, além da pecuária.

O aumento dos custos de produção está fazendo com que os produtores não consigam obter lucro com a cultura.
O aumento dos custos de produção está fazendo com que os produtores não consigam obter lucro com a cultura. | Foto: Celso Pacheco 21-01-2014

REGIÕES

A maior região produtora de mandioca no Paraná é Umuarama, ao concentrar 34% da produção estadual, com 1,2 milhão de toneladas. Na sequência, vem a região de Paranavaí, com produção de 1,1 milhão de toneladas e fatia de 33,8%. Depois vem Maringá, com 7% da produção no Estado.

O Paraná conta om 51.721 produtores de mandioca, segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017.

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