Maior evento de inovação em cafeicultura do Sul e um dos maiores do Brasil, a 14ª Ficafé (Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná) será realizada em um formato 100% online, de 27 a 29 de outubro.

Realizado anualmente desde 2008, o evento é uma vitrine para os cafés especiais da região composta por 45 municípios, sendo que em pelo menos 15 deles há produção de cafés especiais nas propriedades. Entre as cidades produtoras figuram Cornélio Procópio, São Jerônimo, Congonhinhas, Ibaiti, Figueira, Tomazina, Carlópolis, Jacarezinho, entre outras.

A Ficafé conta com rodadas de negócios, exposição de máquinas, equipamentos e insumos para a cafeicultura, degustação de cafés especiais, workshops, palestras, concurso e leilão de cafés especiais, além do networking entre os membros dessa importante cadeia produtiva, o que movimenta a economia do Norte Pioneiro.

Edição presencial da Ficafé em 2018; evento se tornou online ano passado e segue mesmo formato em 2021
Edição presencial da Ficafé em 2018; evento se tornou online ano passado e segue mesmo formato em 2021 | Foto: Divulgação

Neste ano, 20 influenciadores digitais do ramo dos cafés especiais auxiliaram na divulgação do evento.

“O café no Norte Pioneiro representa cerca de 70% do grão produzido em todo o Paraná, a representatividade é muito grande no Estado”, destaca Odemir Capello, consultor do Sebrae. Hoje, estima-se que cerca de 3,5 mil propriedades produzam café nessa região.

No ano passado, quando foi realizada a primeira edição online do evento, entre os 3 mil participantes da feira, 20% eram consumidores finais, chamados de coffee lovers. “Esse mercado de cafés especiais no Brasil tem uma estimativa de aumentar de 5% a 10% por ano no Brasil”, destacou o consultor do Sebrae.

Na última edição presencial, em 2019, a movimentação financeira nas rodadas de negócios atingiu R$ 15 milhões. Nos anos seguintes, com a pandemia, as rodadas seguiram em formato virtual.

O engenheiro agrônomo Adhemar Augusto Martins, membro da comissão organizadora do evento, explica que este é o segundo ano em que o formato do evento está sendo 100% online.

“O lado positivo é que as palestras podem ser assistidas no mundo inteiro, não há limite”, diz. A ideia é que a próxima edição, caso a pandemia esteja controlada, seja realizada em formato híbrido, de maneira que as palestras seguiriam sendo online para obter maior abrangência e as rodadas de negócios voltariam a ser realizadas presencialmente.

“Com o formato digital, nós conseguimos trazer muito mais o consumidor final ao evento, já que ele geralmente está em grandes centros”, completa o consultor do Sebrae.

Nos últimos cinco anos, a Ficafé começou a integrar outros produtos, como frutas, hortaliças e alimentos orgânicos. A ideia, portanto, é tornar a Ficafé um grande evento do agronegócio em geral.

CONCURSO

Avaliação dos cafés no concurso deste ano; resultado será divulgado em 29 de outubro
Avaliação dos cafés no concurso deste ano; resultado será divulgado em 29 de outubro | Foto: Divulgação

Um dos destaques da Ficafé é o concurso de cafés especiais. Na edição deste ano, 50 produtores se inscreveram. A degustação já foi realizada e foram eleitos 11 finalistas ao todo, 7 na categoria Cereja Descascado e 4 na categoria Cereja Natural. O julgamento foi rígido: passaram para a etapa final somente os que obtiveram acima de 84 pontos, numa escala até 100.

A premiação do concurso será divulgada no último dia do evento, 29 de outubro, às 16h. “O maior ganho aos produtores premiados é a maior valorização na venda dos cafés”, explica Adhemar Martins.

O leilão virtual com a venda de cafés especiais produzidos pelos 11 finalistas segue aberto. Para participar, basta acessar o site da Ficafé. “Os primeiros 30 inscritos no leilão receberam amostras e avaliações dos cafés, sem o nome do produtor e do município”, explica Adhemar.

A Ficafé faz parte do projeto Cafés Especiais do Norte Pioneiro, iniciado em 2006, com o objetivo de estimular a produção, agregar valor e abrir mercado ao produto.

O projeto foi iniciado pelo Sebrae e hoje conta com diversos parceiros, como Acenpp (Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná), Cocenpp (Cooperativa dos Produtores de Cafés Certificados e Especiais do Norte Pioneiro), Prefeitura de Jacarezinho, IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural) e Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento.

INCENTIVO

O produtor Ricardo Batista dos Santos, de Congonhinhas, participará neste ano pela oitava vez da Ficafé. Segundo ele, a feira de caráter internacional tem grande relevância em dois aspectos.

“Muitas cafeterias conheceram o nosso café por meio do evento, conseguimos alavancar as vendas. Aumentou muito a nossa vitrine, inclusive as cafeterias começaram a conhecer o nosso sistema produtivo. Além disso, a feira tem sido uma oportunidade de eu conhecer tecnologias que não tinha na minha propriedade”, destaca Ricardo, que no ano passado ficou na segunda colocação no concurso na categoria Cereja Descascado.

O produtor Ricardo Batista dos Santos destaca que a Ficafé abre mercado e traz mais conhecimento
O produtor Ricardo Batista dos Santos destaca que a Ficafé abre mercado e traz mais conhecimento | Foto: Arquivo pessoal

O produtor cita, por exemplo, um adubo com nova tecnologia que maximiza o seu efeito na lavoura, insumo que Ricardo conheceu graças às novidades trazidas pela feira. “Também fizemos cursos promovidos na feira, como de operação e manutenção de colhedeira e roçadeira manuais”, enumerou.

Por conta do aumento da demanda por cafés especiais, Ricardo aponta que a venda desse tipo de produto dobrou nos últimos dois anos.

Hoje, o café produzido por Ricardo, que integra a Cocenpp, é vendido para diversos Estados brasileiros, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais, e já foi exportado para diversos países por meio da cooperativa, como Noruega, Espanha, Estados Unidos e Canadá.

Segundo Ricardo, os maiores desafios hoje são lidar com adversidades do clima, como a seca e a geada, e enfrentar a falta de mão de obra que necessita de uma maior qualificação.

“Já comecei a mecanizar o plantio, cerca de 70%, e pretendo também mecanizar a colheita aos poucos”, conclui Ricardo, que atualmente destina 9 hectares à plantação de café na sua propriedade.

PROCEDÊNCIA

A fama do café produzido no Norte Pioneiro não é tão recente. O café especial produzido nessa região paranaense recebeu, em 2012, a certificação de IGP (Indicação Geográfica de Procedência) concedida pelo Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Intelectual.

Café especial é produzido hoje em pelo menos 15 municípios do Norte Pioneiro
Café especial é produzido hoje em pelo menos 15 municípios do Norte Pioneiro | Foto: José Fernando Ogura/AEN

A Indicação Geográfica atribui identidade própria ao produto ao garantir a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais do café produzido na região, de acordo com as normas estabelecidas para a concessão do selo de qualidade. Também representa o reconhecimento das qualidades particulares do produto, agregando-lhe valor no mercado nacional e internacional, e visibilidade e projeção da região no mundo.

Para obter a Indicação Geográfica, os produtores devem seguir uma série de exigências. Existe uma lista de produtos proibidos que não podem ser utilizados na lavoura e é obrigatório registrar tudo o que foi empregado para viabilizar o cultivo.

Dados como início da colheita e altitude da propriedade também são requisitados. Esse registro é uma comunicação ao mundo que o Norte Pioneiro do Paraná se especializou e tem capacidade de produzir algo diferenciado e de excelência.

SERVIÇO

Para fazer a inscrição gratuita e obter mais informações sobre a 14ª edição da Ficafé, acesse www.ficafe.com.br.

Clique e confira a programação completa do evento:

https://ea5070a0-0fab-4a34-906e-c10942be8559.filesusr.com/ugd/13ce3e_408b2e7e9896434caac01026ca07a9d8.pdf

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