De modos simples, alta, forte, sorriso bonachão sempre pairando nos olhos e lábios, palavras boas e suaves, disposição de tempo, atenção, carinho e fé, essas eram as características de singular pessoa de nossa comunidade, cujo nome serve de título a esta crônica.

Operava benzimentos e costura curativos a benzedeira Dona Elvira que tratava males dos ossos, mau-jeito, torções, enfim, tudo que dizia respeito a problemas e dores em ossos, músculos e nervos.

Com muita dedicação, boa vontade e amor ao próximo ela realizava seu trabalho de benzer e coser (sinônimo de costurar).

Para isso usava pequeninos pedacinhos de tecidos brancos, agulha de mão e linha.

Depois de desenhar o sinal da cruz no rosto, sussurrava orações, cujas não ouvíamos de todo. Nesses momentos, fechava os olhos e, com fé e gestos contritos, entregava a Deus os problemas que pedia fossem resolvidos e colocava-se, prontamente, como instrumento para o atendimento das suplicas que fazia em favor dos que a procuravam.

(Isso tudo ela me contou quando eu perguntei se benzia e curava pessoas, quando a procurei pela primeira vez com problemas costumeiros em minha coluna vertebral. E continuei buscando sua benzedura tantas dezenas de vezes.)

Depois das orações iniciais, o método ela desenvolvia perguntando: O que eu coso?” e nós, antecipadamente orientados, respondíamos: “carne rasgada, osso quebrado, nervo rendido”, ao que ela acrescentava “Isso mesmo que eu coso em nome de Jesus Cristo” e punha-se a costurar o pano a cada resposta nossa, ao mesmo tempo em que orava baixinho.

Ela orientava que o benzimento e a costura deveriam ser feitos por três dias. Mas eu posso assegurar que seu trabalho era feito com tanta fé que, já na primeira benzedura, saiamos sem dor e com a parte afetada funcionando normalmente.

D. Elvira atendia pessoas da comunidade, de outras cidades e até de fora do país. E sempre com resultado positivo. E tudo isso ela fazia gratuitamente porque dizia “gratuitamente recebi de Deus essa missão”.

Estava sempre disposta a atender a todos - mesmo que não estivesse fisicamente bem – porque dizia ser instrumento da vontade divina.

Acredito que Deus a Tem em sua morada e que deve tê-la recebido muito bem. Isso porque creio que seja das pessoas desprendidas de sí, caridosas e amorosas para com seu próximo que o Pai Celestial se agrada.

Marina Irene Beatriz Polonio é leitora da Folha


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