Imagem ilustrativa da imagem CRÔNICA | Escolhas na vida
| Foto: Marco Jacobsen

Toda pessoa, em algum momento, tem que fazer escolhas, seja na vida pessoal, particular ou profissional.

Era 1971, estava cursando meu último ano do curso de Letras em Assis. Como tinha feito um ano de Técnico em Contabilidade, fizera amigos que trabalhavam em escritórios. Certo dia, alguns deles me convidaram para fazer um concurso em São Paulo. O Banespa estava selecionando candidatos para escriturário para trabalhar no Banco. Combinamos e fomos de trem. Meu Deus, passei mal quase toda a viagem. Nunca mais hei de esquecer. Na época, não conhecia e nem sei se existiam o dramin e o petroleum ( bolinhas homeopáticas ), remédios contra enjoo.

Chegamos de manhã na Estação da Luz em São Paulo e fomos para o colégio onde faríamos o concurso. Lá chegando, já havia muitos jovens em frente da escola à espera do início dos exames. Passavam pessoas de carro e gritavam para nós: ¨ Vão trabalhar, não têm o que fazer não ? ¨ Não achamos ruim ouvir aquilo; ao contrário, rimos porque era para isso que estávamos ali, procurando um trabalho.

Terminamos as provas e voltamos para Assis. Quando saiu o resultado, alguns dos meus colegas e eu havíamos sido aprovados. Se eu me recordo, de quase nove mil candidatos, foram aprovados pouco mais de três mil. Recebemos uma correspondência do Banco para nos apresentar tal dia, tal hora na matriz do Banespa, em São Paulo para fazermos um estágio de três meses e somente depois começaríamos a trabalhar.

Não acreditei, e agora? Era dezembro e estava fazendo as provas finais do quarto ano da faculdade. Iria para São Paulo, faria o estágio e seria uma bancária ? Ou desistiria, faria as provas, concluiria meu curso e seria professora? Qual seria então, a minha escolha, a minha opção ? Difícil, mas escolhi minha carreira.

Em 1972, vim para Londrina morar com a família e trabalhar como professora. Isso mesmo, fiz a escolha certa. Atuei no magistério estadual e particular por 33 anos, com dedicação e muito amor. Quanta coisa aprendi nesses anos todos com os alunos e colegas; quantas histórias, meu Deus! Divertidas, alegres, sofridas, tristes, emocionantes... As realidades diferentes de alunos de uma escola do centro e de bairros afastados, de uma escola particular e de escola pública; de Londrina, de Ibiporã e de Ariranha ( quando era distrito de Ivaiporã ). Experiência incrível !

De vez em quando, encontro meus ex-alunos. Às vezes, nem eu mesma reconheço porque eram crianças, adolescentes na época em que estudaram comigo; eles me reconhecem e é sempre um encontro emocionante. Hoje são pais, mães de família, grandes profissionais que atuam aqui ou em outras cidades, outros países, eu sei. Vocês não têm ideia do orgulho, da emoção que sinto quando penso que fiz parte da vida dessas pessoas. Daí vem a certeza de que fiz a melhor escolha na minha carreira profissional.

Idiméia de Castro, leitora da FOLHA.