Cobalto e molibdênio são micronutrientes essenciais para o desenvolvimento da soja, dada sua importância na realização das reações bioquímicas que permitem a fixação biológica do N2 (FBN) do ar. São requeridos em pequenas quantidades, mas são muito importantes na nutrição da soja, pois, entre outros processos, participam na redução do N2 atmosférico em nitrogênio amoniacal (NH4+), forma absorvida pelas plantas de soja, que dispensam, assim, a adubação nitrogenada mineral. O molibdênio faz parte da enzima nitrogenase, responsável pelo processo de FBN e da leghemoglobina, determinante da atividade dos nódulos, enquanto que o cobalto participa da vitamina B12, necessária à síntese de leghemoglobina

A baixa disponibilidade desses dois elementos no solo pode ocasionar deficiência de nitrogênio, o nutriente exigido em maiores quantidades pela cultura da soja, mas que pode ser obtido a custo muito baixo, quando as sementes da leguminosa são inoculadas com bactérias do gênero Bradyrhizobium, disponibilizadas via inoculantes encontrados no mercado de insumos biológicos.

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icon-aspas Via de regra, os solos brasileiros são pobres em cobalto e molibdênio, principalmente os solos ácidos explorados há muito tempo para produção agrícola

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Os dois nutrientes se complementam nesse processo, de forma que a ausência de um compromete a eficiência do outro. Eles podem ser supridos às lavouras via tratamento das sementes na semeadura ou via foliar, entre os estádios V3-V5 de desenvolvimento da planta. Ambos processos são igualmente eficientes, mas o mais comumente utilizado é o tratamento das sementes. Entretanto, se a inoculação também for realizada via sementes, pode-se deixar o cobalto e o molibdênio para serem aplicados via foliar e, assim, diminuir a probabilidade de incompatibilidade com as bactérias inoculadas. Se a inoculação for realizada via sulco de semeadura há menos riscos de a aplicação de micronutrientes e outros produtos químicos via sementes causarem problemas ao inoculante. Nesse caso, deve-se deixar a calda apenas para a aplicação do inoculante.

Via de regra, os solos brasileiros são pobres em cobalto e molibdênio, principalmente os solos ácidos explorados há muito tempo para produção agrícola, em que os teores dos nutrientes diminuem devido à exportação pelas colheitas. Embora existam resultados de pesquisa que apontem falta de resposta à suplementação desses micronutrientes em algumas condições de solos ricos em matéria orgânica e pH acima de 5,2, em outras pode haver aumento de produtividade. Por isso, recomenda-se disponibilizá-los nas lavouras de todas as regiões onde a soja é cultivada, dado o pequeno volume necessário e seu baixo custo frente aos eventuais benefícios de uma maior produtividade.

A recomendação técnica da Embrapa é de aplicação anual de 2 a 3 g/ha de cobalto e 12 a 25 g/ha de molibdênio. O mercado disponibiliza produtos comerciais geralmente com concentrações de 10:1 para molibdênio e cobalto, respectivamente.

Amélio Dall’Agnol e Marco Antonio Nogueira, pesquisadores da Embrapa Soja

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