A parceria público-privada entre a Embrapa e a empresa Total Biotecnologia/Biotrop resultou no lançamento ao mercado, em 28/07/2021, do Pastomax, um inoculante multifuncional destinado a aumentar a produção de massa verde e a qualidade das pastagens de modo sustentável. E não é pequena a área brasileira de pastagens que poderá ser beneficiada pelo novo produto: estimada em 154 milhões de hectares (Mha), a maior parte cultivada, principalmente, com espécies de braquiárias. Grande parte dessas pastagens encontram-se com algum grau de degradação e poderiam ser recuperadas com a utilização de produtos como o Pastomax, produto integrado por bactérias das espécies Azozpirillum brasilense e Pseudomonas fluorescens, mais um aditivo protetor destas bactérias; importante particularmente para proteção quando a aplicação é realizada via foliar.

Foram 11 anos de pesquisa. A Embrapa identificou os microrganismos promissores para a aplicação na pastagem e desenvolveu as tecnologias de aplicação. Inicialmente, o lançamento foi apenas para a aplicação via sementes de A. brasilense, em 2016. Mas o mercado solicitou uma solução para pastagens já estabelecidas, que veio agora com a aplicação de ambos os microrganismos, via sementes ou foliar. É muito importante considerar que o Azospirillum não consegue fornecer todo o nitrogênio que as pastagens precisam, desse modo, para maximizar o potencial do bioinsumo é necessária uma aplicação basal de cerca de 40 kg de N/ha. Isso auxiliaria em um dos grandes objetivos da pecuária brasileira, de reconstrução da fertilidade do solo.

O Pastomax não é um produto tóxico para o gado e pode ser aplicado com os animais pastando. Dada a baixa circulação de maquinário na utilização desta ferramenta, e pelo maior sequestro de carbono proporcionado pela maior produção de biomassa da pastagem, o Pastomax contribui com a produção da carne carbono neutro. Além disso, o produto dá longevidade para as pastagens pelo melhor desenvolvimento e enraizamento das gramíneas, pela fixação biológica do nitrogênio e pela mobilização de nutrientes. A utilização de Pastomax aumenta significativamente o volume radicular das forrageiras e, consequentemente, a absorção de água e nutrientes, favorecendo o crescimento das plantas.

Segundo os obtentores da tecnologia, a inoculação com as bactérias resultou em um incremento médio de 22% na produção de biomassa de forragem. Além disso, o Azospirillum possibilitou o aumento médio de 13% na concentração de nitrogenio e em 10,4% no de potássio, no tecido do vegetal. A inoculação com Pseudomonas, por sua vez, impactou no aproveitamento de K, em 11,2%, e de P, em 30,2%. Segundo a pesquisadora Mariângela Hungria, da Embrapa Soja, os benefícios da inoculação com as bactérias do Pastomax ocorrem tanto pela inoculação via sementes, quanto via foliar em pastagens já estabelecidas. Para se ter ideia do valor dessas contribuições, sugerimos considerar que, utilizado em toda a área de pastagem do país, em termos de produção de volumoso, a tecnologia pode equivaler à expansão de quase um quarto da área de pastagem (22 % de 154 Mha). Além disso, a economia de fertilizante nitrogenado, apenas com a inoculação com Azospirillum, foi equivalente a uma segunda aplicação de 40 kg/ha de nitrogênio. Ou, considerando a emissão de CO2 para a produção desse fertilizante, a contribuição equivale à mitigação de cerca 400 kg/ha de CO2-eq.

Pastomax, mais uma ferramenta tecnológica a serviço do agropecuarista.

Amélio Dall’Agnol, Pesquisador da Embrapa Soja

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