Dois de setembro de 2018 o Museu Nacional foi destruído por um incêndio de grandes proporções. No dia 29 de julho, a Cinemateca Brasileira, em São Paulo, foi consumida pelas chamas. Sem esquecer que em Londrina também já houve a destruição de um patrimônio pelo fogo. Em 2012, os londrinenses viram o Teatro Ouro Verde ser queimado e uma espera de mais de cinco anos até ser restaurado. Mesmo com as reparações, bens materiais históricos e irreparáveis foram perdidos em todos esses desastres. O descaso de governos e a falta de recursos são a fagulha que colocam em risco a memória brasileira. “Falta recurso e investimento, o poder público, especificamente o de agora, não se importa com a cultura”, elucida Edméia Aparecida Ribeiro, professora do departamento de história da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e há dois anos diretora do Museu Histórico de Londrina.

Folha de Londrina

“O maior medo de um gestor de museu é pegar fogo”, conta a professora que desde que assumiu a direção do museu esse fantasma a assombra.

O museu é um órgão suplementar da Universidade que nasceu de dentro do departamento de história da UEL, e é ele próprio carregado de história da cidade. “Os governantes não entendem esse espaço como um espaço importante, pois isso não traz votos e dinheiro”, desabafa Ribeiro.

Ela explica que não tem para onde correr além de fazer reformas elétricas. Ela esclarece que existe o risco do Museu Histórico de Londrina pegar fogo, já que o prédio é de 1950 e nunca teve sua fiação trocada. Contudo eles já possuem recursos financeiros para fazer a reforma elétrica assim que possível. Enquanto isso não acontece, Ribeiro assegura que tomam todos os cuidados possíveis, não usam adaptadores nas tomadas, como os Ts ou benjamins, e não colocam novos aparelhos de ar-condicionado onde a fiação ainda está antiga.

Fachada Histórico Nacional após incêndio que completou três
Fachada Histórico Nacional após incêndio que completou três | Foto: Cristiano Mascaro/Folhapress

UMA PREOCUPAÇÃO DE TODOS

Espaços de memória são patrimônio da população no geral, proporcionam, entre educação, cultura, salvaguardar memórias da comunidade. Museus são “instrumentos do conhecimento, são espaços de ensino, pesquisa, exposições e ações culturais”, afirma a diretora do Museu Histórico de Londrina para quem, quando os espaços de memória são levados pelas chamas não são somente os trabalhadores do local que perdem, é a humanidade.

Museus são uma forma de recordar para não repetir, recordar para aprender com o passado e criar um presente e um futuro melhor. “A representação da nossa história, a história do encontro entre europeus e indígenas, como pode um lugar como esse ser levado por falta de investimento”, expressa Ribeiro indignada

Como um órgão complementar da universidade, o Museu Histórico de Londrina ainda tem o papel de aproximar a comunidade acadêmica do povo, além de conectar as gerações. Ribeiro dá o exemplo de um avô que leva seu neto para ver uma exposição e lá o idoso se vê representado, assim o momento de aprendizado também se torna de conexão.

VIRTUAL

Um grande desafio, segundo Ribeiro, é adaptar os museus para a era digital. Com a pandemia essa necessidade se acelerou. Ela explica que já que as pessoas não podem ir até os museus a intenção é levar os museus até a população. Através de publicações em diversas redes sociais, cartões postais dos acervos e exposições virtuais, por exemplo. Mas salienta que os espaços físicos guardam sua importância nesse processo de conectar a cultura e a história com a comunidade, além de pesquisar e ensinar gerações.

MUSEU HISTÓRICO DE LONDRINA

O Museu Histórico de Londrina ainda está fechado para o público externo por conta da pandemia, contudo estão cada vez mais ativos em suas redes sociais e de forma online. Para acompanhar siga @museuhistoricodelondrina no Instagram, curta o Museu Histórico de Londrina no Facebook e acompanhe o canal no Youtube e o site www.uel.br/museu/.

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