De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), na psicologia existe a definição de parafilia, em que estão enquadrados o fetichismo, o voyeurismo, o exibicionismo. Quando exacerbados são classificados como transtorno psicológico, uma espécie de perversão.

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A reportagem questionou se isso é estimulado por essas plataformas de jogos, realities shows na TV, redes sociais e no streaming de aplicativos ou é o contrário. “A parafilia existe independentemente dos produtos da mídia. Pode ser exacerbada pela exposição do indivíduo a certas produções? Talvez. Todavia, a indústria do entretenimento oferece esses produtos justamente porque existe um público ávido, que procura por isso e até coisas piores entrando na deep internet. Importante assinalar é que há aí um jogo de interesses e desejos, um não existe sem o outro. O ideal seria que houvesse um espaço da crítica especializada assim como existe a crítica de cinema. Acho fundamental. Bons críticos ajudam o público a fazer uma boa escolha”, apontou. Questionada sobre qual o fator motivador para que algumas pessoas se prestem a esse exibicionismo e o que leva a essa curiosidade de acompanhar a vida de algumas pessoas, ela pensa que acompanhar a vida dos famosos é uma questão de identificação e, às vezes, de um desejo de vir a ser, um dia, uma estrela ou alguém simplesmente capaz de fazer a diferença.

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Indagada sobre o perigo da confusão que muitas bases de fãs de artistas e de pessoas populares nas redes sociais ao transformar a vida pessoal dessas celebridades em uma espécie de reality show, reduzindo tudo a uma análise maniqueísta, ela disse que a internet é uma espécie de autoestrada de mão dupla e até mesmo tripla. “Por ela trafegam pessoas de todas as índoles, de todas as classes, de todas as ideologias, de todos os níveis de educação e falta de educação. O perigo é quando esse aparente pluralismo reinante nas redes se transforma em espaço para mentes doentias estabelecerem a confusão, o discurso do ódio, a defesa do partido único. O perigo mora ao lado: o internauta capaz de perder a retenção social ao ponto de expressar sua verdadeira face de fascista.”, apontou.

Partindo do pressuposto que a tendência é de que a tecnologia passará a permear cada vez mais as vidas das pessoas, com a incorporação da internet das coisas, em que cada objeto de nosso cotidiano pode estar conectado em rede, ela diz que o esse é um caminho que não tem volta. “A tecnologia cada vez mais vai se impor nas nossas vidas e o 5G não é apenas uma questão de velocidade até 20 vezes maior da internet: vai trazer mudanças radicais. Com a chamada internet das coisas será possível realizar cirurgias à distância, reorganizar o trânsito, criar novas formas de relacionar nas áreas de educação, saúde, transporte, segurança. Em suma, vai mudar nossa forma de produzir, aprender, consumir e interagir com o mundo. Para acompanhar esse progresso, o Brasil precisa de políticas públicas inteligentes. A guerra fria digital não pode decidir o que é melhor para o nosso país.”, destacou.

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Sobre a questão da gamificação da vida (anglicismo para definir o uso de mecânicas e dinâmicas de jogos para engajar pessoas), ela reforça que o uso de jogos como recurso para incentivar crianças e adolescentes a desenvolverem a criatividade e a aprendizagem pode ser uma boa estratégia pedagógica desde que se respeite a individualidade de cada um e os materiais sejam compatíveis com a faixa etária. “Não só isso: é preciso que o estímulo esteja ancorado na qualidade estética e ética dos conteúdos disponibilizados. O nosso cérebro é dotado de uma grande plasticidade neuronal e reage bem a estímulos positivos", apontou.

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