A banda Titãs possui uma música chamada "A melhor banda de todos os tempos da última semana". O título desta reportagem parafraseia esse título. Porque o fim está próximo. De novo. Pelo menos esta é a interpretação do suposto cientista Paolo Tagaloguin, que publicou em sua conta do Twitter uma reanálise do calendário maia, que aponta o dia 21 de dezembro de 2012 como o prazo final para a existência do nosso mundo. Para Tagaloguin, a data correta prevista pelos maias não era 2012 de nosso atual calendário. "Seguindo o calendário juliano, estamos tecnicamente em 2012”, calcula Paolo em sua análise publicada no Twitter. “O número de dias perdidos em um ano em função da mudança no calendário gregoriano é de 11 dias. Logo, usando o calendário gregoriano (1752-2020) por 268 anos, temos [11 x 268] = 2.948 dias. 2.948 dias dividido por 365 (dias/ano) = 8 anos”.

Imagem ilustrativa da imagem O fim do mundo de todos os tempos da última semana
| Foto: iStock

O tablóide britânico The Sun acabou repercutindo o cálculo do cientista e a nova data para o crepúsculo de nossa existência foi divulgada: 21 de junho deste ano, domingo. A nova teoria não empolgou os apocalípticos de plantão, porque Tagaloguin considerou apenas o período em que o calendário gregoriano foi adotado pela Inglaterra. A questão é que outros países já tinham adotado esse calendário desde 1582, ou seja, 170 anos antes da adoção pela Inglaterra.

Aliás, nem mesmo aqueles que estudam o calendário maia depositam a crença de que essa nova data será a do fim do mundo, porque o dia 21 de dezembro de 2012 representa o término de um grande ciclo, que os maias chamam de katun, o que, grosso modo, seria um calendário de longa contagem, que dura cerca de 5125 anos. Os maias acreditavam que o último dia do baktun (144 mil dias ou 20 katuns ou 394,3 anos) representava o fim de um ciclo, mas não o fim dos tempos. Mas esses antigos acreditavam que no fim de cada pictun (20 baktuns ou 7885 anos) haveria a destruição do universo e sua posterior recriação, ou seja, no longínquo 12 de Outubro de 4772 da era Cristã. Por essa previsão a geração atual está a salvo.

Imagem ilustrativa da imagem O fim do mundo de todos os tempos da última semana
| Foto: iStock

Mas o que leva a humanidade a tentar determinar a data correta para o fim do mundo? Do ponto de vista astronômico, a Terra estará aqui por mais 5 bilhões de anos, até que o sol se transforme em uma gigante vermelha, quando os oceanos vão se evaporar e a vida como a conhecemos se tornará inviável no planeta. Mas há outros fatores que podem levar ao fim de nossa existência, e um deles está relacionado ao que ocorreu com os dinossauros. A teoria de que eles deixaram de existir por aqui após a colisão de um asteroide aponta que há um precedente de extinção em massa no planeta. Especula-se que bilhões de toneladas de enxofre foram lançados no ar por esse impacto e isso provocou a queda de 25 graus Celsius na temperatura por pelo menos 15 anos. Assim como a vinda de outro asteroide, outros fatores podem conduzir ao fim de nosso planeta, como o agravamento do efeito estufa e o consequente aumento do aquecimento global, a explosão de bombas atômicas, a escassez da água potável, a contaminação do ar por poluentes em níveis catastróficos, uma pandemia incurável, esgotamento dos recursos naturais, inviabilidade da produção de alimentos e o colapso dos computadores e sistemas de informação, entre outros cenários de destruição do planeta.

LEIA TAMBÉM:

- O fim do mundo como inspiração para criar a arte

- Trilha sonora para curtir o "fim dos tempos"

Imagem ilustrativa da imagem O fim do mundo de todos os tempos da última semana
| Foto: iStock

A lista de pessoas que previram o fim do mundo possui nomes bem conhecidos como o pintor Sandro Boticelli, o navegador Cristóvão Colombo, o religioso Martinho Lutero, os líderes de seitas como Jim Jones e Charles Manson, o médico francês Michel de Nostredame (Nostradamus), o linguista Charles Berlitz, o físico Isaac Newton, entre outros nomes. Estima-se que pelo menos 150 previsões feitas desde o início da era cristã apontavam que apocalipses ocorreriam em anos antes de 2020 e felizmente essas previsões não se concretizaram.

Imagem ilustrativa da imagem O fim do mundo de todos os tempos da última semana
| Foto: iStock

E porque tantas teses apocalípticas? A psicóloga Giovana Maria Mourinho Ferreira aponta que no passado, em alguns momentos da história, civilizações foram acabando. “Sob esse olhar faz sentido tentar fazer previsões, porque isso faz parte de nossa história maior. Basicamente elas estão ligadas a sentimentos de medo e ansiedade e que fazem parte do cérebro humano. Eles foram muito úteis em nosso processo evolutivo, principalmente porque eles foram adaptativos.”

Ela explica que essas previsões tentam antecipar sobre o fim da humanidade e, ao mesmo tempo, dizem muito sobre a forma em que as pessoas vivem hoje. “Estamos muito pensando no próximo passo, no que faremos daqui a alguns anos e no que acontecerá, seja uma promoção, uma melhoria da questão financeira. Esta previsão sobre o fim do mundo é como se a vida estivesse ligada a um grande evento marcante e simbólico”, destacou.

Imagem ilustrativa da imagem O fim do mundo de todos os tempos da última semana
| Foto: iStock

Ela explicou que esses movimentos de antecipação geram muito sofrimento e também provocam a desconexão com o momento presente. “Para lidar com todas as incertezas, com o medo em relação ao futuro, a gente acaba entrando no ‘piloto automático’ e deixando de vivenciar as experiências do momento presente”, apontou. “Muitas vezes é difícil, diante do contexto que a gente está, mas a vida está no aqui e agora. Está no hoje. A gente se esquece de se apegar nisso. A vida tem que ter o foco no presente, sem tanta cobrança”, orienta.