Os Jogos Paralímpicos estão chegando ao fim neste domingo, dia 05 de setembro. Conheça as curiosidades e as maiores conquistas brasileiras na história das paralimpíadas.

Imagem ilustrativa da imagem Almanaque M@is – Paralimpíadas de Tóquio 2020
| Foto: Wander Roberto/CPB

ELIZABETH RODRIGUES GOMES - Atletismo - Arremesso de Disco

Paralimpíadas ou Paraolimpíadas?

Desde 2011 a forma correta de se referir aos jogos é Paralimpíadas. Após os Jogos Panamericanos de Guadalajara, no México, em 2011, o CPI (Comitê Paralímpico Internacional) determinou que todos os comitês nacionais padronizassem o termo "Paralimpíada" e, por consequência, "Jogos Paralímpicos" e "atletas paralímpicos". A mudança aconteceu para padronizar a grafia dos países que falam português, já que em inglês o termo é "Paralympics", e nunca foi usado de outra forma. Neste ano os Jogos aconteceram do dia 24 de agosto até amanhã, dia 05 de setembro.

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| Foto: Wander Roberto/CPB

LESSANDRO RODRIGO DA SILVA - Atletismo - Arremesso de Peso

Início das Paralimpíadas

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Tudo começou na Segunda Guerra Mundial com um médico neurologista refugiado da Alemanha nazista. Ludwig Guttmann era judeu, fugiu da opressão nazista e imigrou para o Reino Unido em 1939. Lá, ele trabalhou em uma enfermaria militar inglesa para ferimentos na cabeça e revolucionou o modo como os feridos eram tratados: primeiro, ele implementou o procedimento de virar os pacientes a cada duas horas para que eles não tivessem mais lesões por pressão; depois, ele introduziu a atividade física para a reabilitação dos pacientes. Essa última medida foi fundamental para que a ideia dos Jogos Paralímpicos pudesse surgir, mais tarde. Em 1948, Guttmann organizou a primeira competição para homens e mulheres com algum tipo de lesão, os Jogos Stoke Mandeville, que foi planejada para coincidir com a abertura dos Jogos Olímpicos de 1948 em Londres. A partir daí, os Jogos de Guttmann foram se popularizando, com proporções internacionais, até que, em 1960, os jogos para atletas com deficiência aconteceram junto da Olimpíada de Roma.

Como é a classificação

A classificação foi a maneira encontrada para verificar se o atleta está elegível para competir (já que nem todas as deficiências são contempladas nas Paralimpíadas) e agrupar os atletas de acordo com sua deficiência e o grau de comprometimento. Eles são avaliados e colocados em classes, que são os grupos que o atleta se encaixa de acordo com sua limitação. As classes são identificadas por letras e números, as letras são para identificar a modalidade ou a deficiência. Enquanto o número mostra o grau de comprometimento do atleta, quanto menor o número maior o grau de comprometimento.

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| Foto: Fabio Chey/CPB

Jogo de vôlei masculino entre Brasil x Alemanha nos Jogos Paralímpicos de Tóquio

A classificação leva em conta a modalidade e as particularidades dela, por isso um atleta pode ser elegível para um esporte e para outro não. Como existem deficiências de natureza progressiva é comum que os atletas passem pelo processo de classificação várias vezes em suas carreiras para manter as classes justas. Isso pode acarretar na reclassificação ou torna-los inelegíveis, contudo, é importante ressaltar que os atletas não perdem suas medalhas caso isso aconteça. Não é como uma situação de dopping.

Estreias em Tóquio

Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio estrearam duas novas modalidades, o parabadminton e parataekwondo, eles estão substituindo o futebol de 7 e a vela. No parataekwondo os atletas utilizam coletes azuis e vermelhos com sensores que medem a potência do chute depois do contato com a meia do oponente que também tem sensores. Já o parabadminton é a versão adaptada do badminton, e tivemos representação paranaense nesta modalidade, o curitibano de 21 anos, Vitor Gonçalves Tavares. Este ano o Brasil teve a quinta maior delegação das Paralimpíadas. Foram 259 competidores, contando com atletas-guia, calheiros, goleiros e timoneiros, de 22 estados mais o Distrito Federal. Se incluirmos a comissão técnica, médica e administrativa o total é de 435 pessoas. Os atletas estavam competindo em 20 das 22 modalidades olímpicas. Foi com essa grande delegação que o brasil estreou sua 100ª medalha nos Jogos, um motivo de alegria e orgulho para todos brasileiros.

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| Foto: Takuma Matsushita/CPB

VITOR GONÇALVES TAVARE durante Treino de parabadminton em Hamamatsu, cidade-sede da delegação Brasileira para aclimatação antes dos Jogos Paralímpicos de Toquio

Capacitismo não, né?

Capacitismo é quando se acredita que o PcD (pessoa com deficiência) está impedido realizar tarefas cotidianas, trabalhar, ser um atleta, etc. Isto vai contra os princípios de equidade e inclusão que tanto preza a comunidade PcD e acaba levando a discriminação e a exclusão dessas pessoas. Também é capacitismo quando coloca uma pessoa com deficiência como inferior ou indo ao outro extremo de defini-la como herói. Essas duas definições não levam em conta as qualidades e competências de cada um. Durante as Paralimpíadas é comum lermos ou escutarmos frases capacitistas como: esses atletas são campeões só por estarem ali, eu com dois braços e duas pernas não faço isso, não sei como eles competem, e eu reclamando da minha vida, são exemplos de superação. Para não usar mais essas frases o primeiro passo é entender que os competidores dos Jogos Paralímpicos são atletas de alto nível, treinaram muito, se dedicaram e estão atras do pódio sim, exatamente como os atletas nas Olimpíadas.

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| Foto: Ale Cabral/CPB

Gabriel Geraldo Araujo - ouro nos 200m livre S2 - Finais da Natação

Inclusão até nas roupas

Pela primeira vez nos jogos, a seleção brasileira paralímpica teve seu uniforme totalmente projetado de acordo com as demandas dos atletas. Visando maior conforto e acessibilidade, os uniformes desse ano foram projetados pelo CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), que levou em conta as deficiências físicas e/ou motoras de cada atleta.

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| Foto: Miriam Jeske/CPB

MARIANA RIBEIRO- Bronze na final dos 100m Livre S8 da Natação no Tokyo Aquatics Centre

Os novos designs contaram com zíper ergonômico, para possibilitar o manuseio por atletas com limitação motora nas mãos, calças com abertura lateral para facilitar a passagem de próteses, tops com alças retas para tornar mais acessível o uso por deficientes visuais e leggings com barras diferenciadas para dar mais segurança na prática de modalidades como atletismo, canoagem e remo. Além disso, todos os uniformes da linha passeio estavam etiquetados em braille, para que as pessoas cegas ou de baixa visão pudessem identificar as cores.

Brasil, uma potência Paralímpica

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| Foto: Miriam Jeske/CPB

Claudiney Batista dos Santos - Lançamento de Disco F56 no Tokyo Olympic Stadium

Desde as paralimpíadas de 2008 o Brasil vem figurando entre os 10 primeiros do quadro de medalhas, e isso se dá pelo investimento, mas também, infelizmente, por uma questão de falta de inclusão social. O fato do Brasil ser um país com poucas oportunidades para pessoas com deficiência acaba influenciando na formação de atletas, que optam pelo caminho do esporte para serem incluídos na sociedade. Outro fator é a Lei Piva, que distribui uma parte do dinheiro das Loterias Federais até o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), tornando uma das principais fontes de renda da entidade. Além disso, o Brasil possui um dos melhores Centros de Treinamento do mundo, com 95 mil metros quadrados, localizado em São Paulo e maior legado esportivo da Rio 2016.

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| Foto: Miriam Jeske/CPB

MARIA CAROLINA SANTIAGO - Ouro na final dos 100m Livre da Natação no Tokyo Aquatics Centre

Cruzadinha Paralímpica

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Respostas:

1. Gabriel Araújo

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*Supervisionado pela editora Patricia Maria Alves

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