A cultura de um povo tem lugar na escola. Transmitir conhecimentos acumulados por gerações aos alunos é um trabalho de dedicação dos professores, em um compromisso continuado com a formação de cada cidadão. As festas juninas, por sua vez, avançam bem mais que mero evento festivo. Representam a culminância de estudos interdisciplinares como: a celebração à farta colheita, a relação do homem com a natureza, as referências geográficas e históricas ligadas ao tema.

As celebrações nas escolas municipais estão programadas para junho e julho. A festa julina do Centro Municipal de Educação Infantil Nissia Rocha Cabral, no conjunto Cafezal 1, zona sul de Londrina, está programada para ser realizada no dia 9 de julho. O evento integra o "Dia de Quem Acolhe", iniciativa que ocorre uma vez por ano com a participação da comunidade escolar - sendo que o possível avanço da Covid-19 pode transferir para outubro os eventos de todas as escolas do município.

Alinhadas com o encerramento do semestre, muitas escolas se utilizam desse momento para chamar a comunidade e dialogar com ela após o período de aulas com as turmas. É o que explica a Gerente de Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Londrina, Adriana Haruyoshi Biason. "Estão inseridas no calendário escolar, é um marcador temporal importante e essa será a primeira festa após o período de pandemia em que as aulas presenciais estavam suspensas", lembra.

Biason destaca que todos os componentes curriculares podem ser trabalhados a partir da festividade. " Precisamos contextualizar o tema abordado e, nesse caso, a festa junina é uma festa de tradição cultural muito forte em nosso País e está vinculada à produção rural, a festa da colheita, os pratos típicos desse momento, as danças principalmente e sua interdisciplinaridade com as Artes e e Educação Física, dois componentes muito presentes nesse momento", cita.

As músicas, o tipo de literatura, os aspectos econômicos também são tratados dentro do contexto de estudos ligados ao tema das festas juninas e, há muito tempo, segundo Biason, o planejamento integrado é uma realidade na educação municipal. "Para convergir objetivos de aprendizagem comum aos componentes curriculares como História, Geografia, Ciências, como os conteúdos de cada componente podem se articular para atingir os objetivos de aprendizagem dentro do plano de estudo e com uma perspectiva da realidade dos alunos", explica.

Em 2022, a festa que faz parte do repertório cultural brasileiro será também o instrumento de avaliação diagnóstica do segundo trimestre - o pano de fundo dos assuntos tratados nas festas juninas. "Sabemos do vínculo de origem religiosa das festas, mas dentro de nosso referencial curricular fazemos a defesa de que deve ser trabalhada, sim, em razão de ser uma manifestação popular presente e de grande dimensão e no Paraná não é diferente".

Toda a diversidade presente nas festas juninas é valorizada, segundo Biason. Assim como são respeitadas as características e preceitos religiosos que as famílias trazem do privado. Assim, o acesso ao conteúdo é dado a todos os alunos, as experiências educacionais são oportunizadas para que possam se apropriar da cultura de seu povo. "Mas há todo um cuidado para que as crianças e a indicação familiar sejam preservadas dentro de seu direito do que a religião os proíbe ou não de fazer". ratifica.

FESTA DA PARTILHA: CADA UM TRAZ UM PRATO

A Escola Municipal Carlos Dietz, na região oeste de Londrina, realizará a festa junina, que é também sinônimo de integração para as famílias que tem seus filhos lá confiados. De acordo com Vânia Isabeli Costa, diretora da unidade, é um momento aguardado para os 350 alunos matriculados - do P5 ao 5º ano do Ensino Fundamental. Cada turma, conforme o seu nível se aprendizado, já compreende o sentido social, cultural e histórico de uma tradição que alcança a todos.

Escola Municipal Carlos Dietz: danças incluem conhecimentos das aula de Arte e Educação Física
Escola Municipal Carlos Dietz: danças incluem conhecimentos das aula de Arte e Educação Física | Foto: Divulgacao

A diretora da escola revela ainda que o entusiasmo é evidente e toda a equipe pedagógica dedica-se para que a festa represente, de fato, a culminância de um aprendizado. "Todas as disciplinas se integram e o tema é contextualizado com os conteúdos que estão estudando em sala de aula". Os costumes do campo, a gratidão ao que a natureza dá, a conexão entre as zonas rural e urbana são exemplos.

Dentro da proposta pedagógica, a culinária das festas juninas é igualmente colocada em estudo. A origem dos alimentos, a forma de preparo de um prato e como as diferentes regiões do Brasil trocam receitas, representam informação dentro do ambiente escolar. "A bagagem dos alunos e das famílias também são importantes, existe troca de conhecimento e todos enriquecem", afirma Costa.

Entre os costumes da está a festa da partilha: "Cada família traz um item junino, é realizada a reunião com as crianças, os adultos em um momento de confraternização e interação após as danças. As famílias participam ativamente e nos últimos anos não fizemos por conta da pandemia", conta a diretora. Entre outros aprendizados, os alunos compreendem sobre o período de colheita dos alimentos, sua importância para a agricultura e economia", destaca Costa.

ATIVIDADE É CERCADA DE EXPECTATIVAS

Uma grande festa junina. É o que os 628 alunos da Escola Municipal Norman Prochet, localizada na região Sul de Londrina, preparam junto a todo o corpo docente da unidade. De acordo com Margarida Cândida Silva, diretora da escola, a tradição é aguardada por todos. Os dois anos de afastamento e sem a festividade hoje representam expectativa em dobro para todos. Com a venda de pratos típicos e atividades recreativas, a escola pretende arrecadar dinheiro para benfeitorias.

Escola Norman Prochet: união para fazer a festa  também passa pela cozinha
Escola Norman Prochet: união para fazer a festa também passa pela cozinha | Foto: Divulgação

O clima já é junino na escola que terá na merenda dos próximos dias canjica e pipoca, fornecidos pela Prefeitura. Os estalinhos, as bandeirinhas coloridas, os trajes caipiras e a fogueira estilizada são símbolos das festas juninas. Correio elegante, cadeia, quadrilha e uma energia contagiante também. A música típica, a maquiagem, a gastronomia e a pescaria somam-se aos atrativos. Pipoca, quentão, curau, pamonha, amendoim torrado, espetinho, cachorro quente e cocada.

É permitido se empolgar e, além de caprichar na roupa caipira, arrastar o sotaque e entrar na dança. De acordo com a diretora, as famílias se animam. "Alguns se dispõem a trabalhar nas barracas e o prestígio é grande de ficar na memória. "Nossa festa começa às 10h30 até para que as apresentações sejam realizadas de modo organizado. Os pais e responsáveis reservam o dia para se divertir, almoçam na escola junto com os filhos e também colaboram nas barracas de diversão.

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