Sentimentos universais traduzidos em livro

Colocar para fora um sentimento nem sempre é tarefa simples. Não raro, as percepções se misturam a acontecimentos e compreendê-los é fundamental para seguir adiante. A mudança na rotina pode causar estranhamentos e a pandemia, seguida do isolamento, trouxe à tona sentimentos universais em culturas e todo o mundo.

O isolamento foi o ponto de partida para o livro "Variados Sentimentos de uma alma em isolamento", do autor londrinense Eduardo Baccarin-Costa, a ser lançado na próxima quarta-feira (26) no auditório do Sesc da Rua Fernando de Noronha, a partir das 19 horas. "Chegou uma hora que pensei: não é possível que a sociedade não vai tirar desse momento um tempo de poesia e de recolhimento espiritual", reflete o autor.

Nesse movimento de introspeção, Baccarin compreendeu que era fundamental a volta para o íntimo e uma busca de autoconhecimento de maneira transparente.

Ao recordar o seu próprio despertar, expõe: "Era surreal ver casamentos acabarem porque pessoas foram obrigadas a conviver com seus cônjuges na pandemia. Era inacreditável ver pessoas em casa e não procurarem desesperadamente se aquietar e ouvir a voz de Deus. Tudo isso foi gerando variados sentimentos em mim que acabaram desembocando nesse livro", explica.

Este é o nono livro de Baccarin e o quinto de poemas produzidos durante a epidemia.

Em sete seções divididas nos sentimentos de amor, paixão, saudade, solidão, angústia, ira e fé), os 14 poemas traduzem as mais variadas reações e as pessoas certamente irão se reconhecer. Ao abordar sentimentos universais, o escritor abre um diálogo plural. "Quem, durante esse período (que infelizmente não acabou) não sentiu saudade, amor, ira, angústia, Solidão, paixão? Quem, de alguma forma maneira, não exercitou a fé? Por isso, penso que a obra é universal e o leitor irá, de alguma maneira, se identificar com eles.

SENTIMENTOS GUARDADOS EM LIVRO

Baccarin reconhece que nem sempre é possível interpretar ou expressar os próprios sentimentos, expô-los e ficar bem. "Deveria ser assim, mas infelizmente não é. Crescemos numa sociedade que nos ensina a reprimir todos os nossos sentimentos. Muitos dos valores que adquirimos mostram que é mais importante sublimar sensações do que verbalizá-las ou realizá-las. Por exemplo, quantos de nós crescemos com o conceito de que Homem não chora? Quantos de nós crescemos com o conceito de um Deus que é muito mais castigador do que pai amoroso? Quantos de nós crescemos com o conceito de que arte e cultura são coisas caras e desnecessárias para o país?", questiona.

Em atividade plena na pandemia, o poeta explica que está em ritmo alucinado há cinco anos. "Diariamente publico pelo menos dois poemas no Instagram e Facebook, pois a poesia salta na minha mente e coração logo ao amanhecer. Partilhar um pouco dos versos para que as pessoas se sintam um pouco mais acolhidas e amadas, mesmo em tempo em que a morte é constante, ameaçadora e muito próxima", diz.

A obra que tem na capa um coração é assinada pela artista Raíssa Bessa. "O coração me ganhou na primeira olhada. Se você perceber bem, das coronárias saem variadas reações dele, assim como o livro. Achei que traduzia bem a proposta e fechamos a ideia. Parece que ficou bom. não é?", sorri o autor.

Para 2022, Baccarin-Costa programa o também o lançamento de "O homem no tempo", vencedor do V Concurso da Leia Livros e o texto da peça teatral, homônima do romance "Liberdade Condicional", segundo colocado no Prêmio Uirapuru em 2021.

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Um poeta na pandemia

Serviço:

SERVIÇO

Lançamento/ livro " VARIADOS SENTIMENTOS DE UMA ALMA EM ISOLAMENTO"

Autor: Eduardo Baccarin-Costa

Editora Leia Livros

Quando: quarta-feira (26)

Quanto: 40 reais

Onde: no auditório do Sesc - Rua Fernando de Noronha, 264

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